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29 de set. de 2012

Corrosivo


PT defende a democracia em videoteipe

por Guilherme Fiúza

O julgamento do mensalão está pondo a democracia em risco, porque está todo mundo vendo. O alerta do secretário de comunicação do PT, André Vargas, deputado pelo Paraná, é preocupante. Ele denuncia as transmissões ao vivo do Supremo Tribunal Federal como um perigo para as instituições, as pessoas e os partidos. De fato, esse negócio de ficar mostrando as coisas como elas são, na hora em que acontecem, ainda vai dar problema.
Tudo era muito melhor antes de Roberto Jefferson abrir a janela e deixar a luz entrar. Na penumbra, sem ninguém de fora ver nada, a democracia estava bem mais protegida. Os negócios patrióticos que corriam de lá para cá pelo valerioduto teriam prosperado, e certamente haveriam pulado da casa dos milhões para a dos bilhões. No que a TV mostrou e a imprensa publicou, aquele promissor projeto nacional escorreu pelo ralo. Um prejuízo incalculável.
André Vargas diz que o julgamento no STF virou “quase um Big Brother da Justiça”. Com a habilidade de comunicador que fatalmente tem um secretário de comunicação, ele está indicando que o que se passa na corte suprema do país é uma palhaçada. Sua imagem nos permite imaginar que, a qualquer momento, os juízes vão tirar suas capas e mergulhar de sunga na piscina, exibindo seus músculos, seus planos para a festinha de logo mais e suas intrigas para jogar o colega ao lado no paredão.
É uma sólida argumentação. Realmente, fora do circo, as palhaçadas só deveriam ocorrer entre quatro paredes. Sem transmissão ao vivo. A palhaçada da cúpula do PT com Marcos Valério, por exemplo, transferindo dinheiro do Estado para o partido, não tinha nada que vir a público. Era um assunto privado deles, ninguém tinha nada com isso. E o fato de a operação envolver dinheiro do povo não tinha o menor problema. Eles tinham sido eleitos por esse povo para fazer o que sabiam fazer. Estavam, portanto, cumprindo seu compromisso democrático. Tanto que depois disso foram eleitos novamente duas vezes para dirigir o país. Cada povo tem os palhaços que merece.
Só não fica bem, como alertou André Vargas, botar essas coisas na televisão. Se a família está jantando, por exemplo, a comida pode não cair bem. É um risco para a democracia e para o estômago dos brasileiros. Para que viver perigosamente?
Democratas deste Brasil grande, interrompam imediatamente a transmissão das sessões do Supremo. Detenham enquanto é tempo esse atentado às instituições e às pessoas de bem. Não é preciso tanta pressa para saber o que se passa no tribunal. Vamos deixar as coisas se acalmarem, a febre baixar e o povo se distrair com outra coisa. Papai Noel não demora, depois tem o Carnaval e aí começa a contagem regressiva para a Copa do Mundo no Brasil. Ninguém vai querer que este país sedie o maior evento do mundo com sua democracia em risco. Desliguem as câmeras no STF já!
Outro brasileiro que subiu o tom em defesa da democracia foi o senador Jorge Vianna, do PT do Acre. Jorge Vianna era um político moderado, equilibrado, conhecido pela sensatez. Mas tudo tem limite. Depois que o nome de Luiz Inácio da Silva começou a circular no Supremo, e que supostas declarações de Marcos Valério colocaram o ex-presidente no topo da palhaçada, o senador mansinho virou bicho. Assim como seu colega André Vargas, botou o dedo na ferida: isso é um golpe da elite preconceituosa.
Para os não-iniciados, é bom esclarecer: “elite”, no dicionário do PT, é um termo figurativo muito importante para os ladrões do bem, que os mantém na condição de milionários oprimidos. Eles têm o poder, mas “elite” são os outros.
É um conceito que funciona bem há bastante tempo, e em time que está ganhando não se mexe. A outra palavra-chave desse dicionário é “preconceito”. Luiz Inácio da Silva é o filho do Brasil, vítima da elite. Se você tiver preconceito contra a montagem de um governo quadrilheiro, esqueça. Você estará sempre sendo discriminatório contra o pobre homem bom. Não importa quantos valeriodutos atravessem a biografia dele.
Como já decretara o nosso Delúbio, o mensalão é um golpe da direita contra o governo popular. O que Jorge Vianna, André Vargas e grande elenco petista estão dizendo é: pelo amor de Deus, continuem acreditando nisso, senão estamos fritos.

Seja feita a vossa vontade


José Dirceu em discurso no julgamento do impeachment de Fernando Collor de Mello:

"O que necessitamos (...) é de uma profunda reforma institucional que elimine da legislação eleitoral partidária as raízes e as causas da corrupção eleitoral, que elimine da legislação penal e tributária brasileira a base para os crimes eleitorais, para a corrupção e, principalmente, para a impunidade." 

Steve Howe - The Clap

23 de set. de 2012

Entrevista com Ferreira Gullar

MacDonald em São Petersburgo (antiga Leningrado)

O senhor já disse que “se bacharelou em subversão” em Moscou e escreveu um poema em que a moça era “quase tão bonita quanto a revolução cubana”. Como se deu sua desilusão com a utopia comunista?
Não houve nenhum fato determinado. Nenhuma decepção específica. Foi uma questão de reflexão, de experiência de vida. de as coisas irem acontecendo, não só comigo, mas no contexto internacional. É fato que as coisas mudaram. O socialismo fracassou. Quando o Muro de Berlim caiu, minha visão já era bastante crítica. A derrocada do socialismo não se deu ao cabo de alguma grande guerra. O fracasso do sistema foi interno. Voltei a Moscou há alguns anos. O túmulo do Lênin está ali na Praça Vermelha, mas, pelo resto da cidade, só se veem anúncios da Coca-Cola. Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário. Se o socialismo entrou em colapso quando ainda tinha a União Soviética como segunda força econômica e militar do mundo, não vai ser agora que esse sistema vai vencer.
Por que o capitalismo venceu?
O capitalismo do século XIX era realmente uma coisa abominável, com um nível de exploração inaceitável. As pessoas com espírito de solidariedade e com sentimento de justiça se revoltaram contra aquilo. O Manifesto Comunista, de Marx, em 1848, e o movimento que se seguiu tiveram um papel importante para mudar a sociedade. A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produz a riqueza é o trabalhador,e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas. A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista. (…) O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível. A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento.
O senhor se considera um direitista?
Eu, de direita? Era só o que faltava. A questão é muito clara. Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é. Pensar isso a meu respeito não é honesto. Porque o que estou dizendo é que o socialismo acabou, estabeleceu ditaduras, não criou democracia em lugar algum e matou gente em quantidade. Isso tudo é verdade. Não estou inventando.
E Cuba?
Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo.


17 de set. de 2012

Drenar o brejo


(...) corrupção é, antes de mais nada, uma questão de qualidade da tecnologia institucional que se usa. Tecnologia institucional funciona quando parte do pressuposto de que a humanidade é intrinsecamente corrupta e de que é esse seu pendor natural que é preciso cercear com métodos e organização especificamente desenhados para serem aplicados sobre a parcela dela a quem caberá temporariamente  operar a coisa pública.

O resto é consequência.

Dado o arsenal de que se dispõe nessa área na prateleira internacional das experiências concretas, o grau de ineficiência institucional brasileiro é deliberado. É plantado e mantido assim pelos políticos para facilitar a roubalheira.

O que falta é alguém com disposição e peito para mostrar didaticamente que o mau funcionamento dos nossos serviços públicos é consequência direta da corrupção, que pode ser drasticamente reduzida se mudarmos o nosso equipamento institucional para controlar e não para incentivar a corrupção.

É preciso drenar o brejo.

E isso se faz com o fim da estabilidade no emprego do funcionário público, dos fóruns especiais, o fim do poder de delegar poder (mais eleição e menos nomeação de funcionários), a redução do espaço da política partidária aos âmbitos estadual e federal, o controle do judiciário, prisão mais dura pro ladrão de povos que pro ladrão de galinhas e o mais que o resto do mundo já faz.
(...)

Íntegra aqui.

12 de set. de 2012

10 de set. de 2012

Yes

The Ancient (Giants under the Sun) - parte 2

Ritual (Nous sommes du Soleil) - excerto


8 de set. de 2012

Das origens do totalitarismo


Decreto Imperial de Teodosio (317 - 395 d.C.)

Todos os povos sobre os quais exercemos regência bondosa e moderada devem [...] converter-se à religião comunicada aos romanos pelo divino apóstolo Pedro [...]. Apenas aqueles que obedecem a esta lei poderão [...] chamar-se cristãos católicos. Os demais, que declaramos verdadeiramente tolos e loucos, carregarão a vergonha de uma seita herética. Tampouco poderão ser chamados igrejas seus locais de reunião. Por fim, que os persiga primeiramente o castigo divino, porém depois também a nossa justiça punitiva.

7 de set. de 2012

4 de set. de 2012

Brilhante!

Veja se você reconhece os protagonistas...


Data venia…



Chico do PT
RICARDO NOBLAT
É com gosto de jiló no céu da boca, de mandioca-roxa e de beringela crua que passo a contar a história nada edificante de um prefeito do PT cassado pela Justiça Eleitoral do seu Estado.
E de dois ministros do Supremo Tribunal Federal que por omissão, palavras e obras contribuíram até aqui para que o prefeito permanecesse no cargo, dando-se até ao luxo de concorrer a novo mandato em outubro próximo.
O prefeito atende pelo nome de Francisco Antônio de Souza Filho, o Chico do PT. E a cidade que ele governa se chama Esperantina.
Com menos de 40 mil habitantes, ela existe há 90 anos e fica no norte do Piauí, a 174 quilômetros de Teresina. Seu orçamento anual é de quase R$ 56 milhões, sendo que R$ 36,5 milhões são repassados pelo governo federal.
Quando o atual senador Wellington Dias (PT) se reelegeu governador do Piauí em 2006, Chico foi nomeado Secretário de Articulação e Gestão.
De longe era o secretário mais poderoso. Ambicionava governar Esperantina a partir de 2008. E para facilitar sua eleição, arrancou de Dias dinheiro e obras para a cidade.
Esperantina ganhou pontes, poços artesianos e ruas asfaltadas.
Os programas de assistência social do governo estadual foram ampliados ali para atender ao maior número possível de pessoas ─ de preferência eleitores.
Chico derrotou meia dúzia de adversários ─ entre eles o prefeito da época, candidato à reeleição.
A porta do inferno se abriu para Chico assim que ele tomou posse.
O Ministério Público Eleitoral pediu sua cassação por “abuso do poder político” e de “prática de conduta vedada”. As obras feitas às pressas na cidade configuraram “abuso de poder político”. E o fato de Chico ter alardeado que era o pai das obras, “prática de conduta vedada”.
No dia 28 de fevereiro de 2011, por quatro votos contra três, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Piauí cassou os diplomas de Chico e do seu vice.
Afastado do cargo de imediato, Chico entrou com ação cautelar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pediu a concessão de liminar para reocupar o cargo enquanto recorresse da decisão do TRE.
A liminar foi concedida pela ministra Nancy Andrighi no dia 30 de junho daquele ano. Quase seis meses depois, o TSE começou a julgar o recurso especial impetrado por Chico contra a decisão do TRE.
Nancy “proveu” o recurso. Em linguagem de leigo, acatou-o. Um a zero para Chico. O ministro Gilson Dipp, não. Um a um. O ministro Marcelo Ribeiro pediu vista do processo.
Em 28 de fevereiro deste ano, ao devolver o processo, Marcelo acatou o recurso. Os ministros Carmem Lúcia e Arnaldo Versiani, não.
Placar no fim da sessão daquele dia: três votos contra a pretensão de Chico de reaver o mandato cassado um ano antes pelo TRE do Piauí; dois votos a favor.
Aí foi a vez do ministro Marco Aurélio Mello pedir vista do processo.
São sete os ministros titulares do TSE. Com quatro votos se decide qualquer parada.
Um mês depois, Marco Aurélio devolveu o processo e “desproveu” (rejeitou) o recurso, cassando Chico.
O voto que faltava ser dado não faria a menor diferença. O placar final seria 5 x 2 ou 4 x 3.
O dono do voto que faltava, ministro Ricardo Lewandowski, era o então presidente do TSE.
O que ele fez?
Pediu vista do processo no dia em que Marco Aurélio o devolveu ─ 29 de março.
No dia 18 de abril esgotou-se o mandato de Lewandowski à frente do TSE. Ele passou o cargo para a ministra Carmem Lúcia. E foi embora sem votar o recurso de Chico. O julgamento ficou inconcluso.
Reunido no dia oito de maio, o TSE despachou o recurso para o ministro que ocuparia a vaga de Lewandowski.
Quem mesmo?
José Antonio Dias Toffoli, ministro substituto no TSE, que costumava votar na ausência de algum titular.
Toffoli estava familiarizado com os assuntos tratados ali. O recurso de Chico lhe foi entregue no dia 11 de maio. E esquecido por Toffoli até hoje no fundo de alguma gaveta.
É o que os advogados chamam, por gozação, de “embargo de gaveta”.
Enquanto isso…
Enquanto isso Chico lidera as pesquisas de intenção de voto para prefeito. Garante a seus eleitores que vencerá a batalha no TSE.
Só haveria uma chance de isso acontecer: se algum ministro que rejeitou o recurso mudasse de lado – difícil. E se Toffoli acatasse o recurso? Bem…

O Alfaiate


3 de set. de 2012

Julgamento do Mensalão: "nuncaantesnahistóriadessepaís" tantos deveram tanto a tão poucos

(incorporando o espírito de Churchill)

(incorporando o espírito de porco)

E um texto de Reinaldo Azevedo:

A oposição está em greve no Brasil há sete anos! Ela, sim, tem potencial para levar o país à breca!

Nenhuma greve faz tão mal ao Brasil como a greve da oposição. Esta, sim, compromete o nosso futuro e pode pôr em risco as instituições à medida que o país se torna refém de uma única força política, que, sem freios e sem limites, decide submeter as leis à sua vontade e não mais sua vontade às leis. A greve da oposição foi decretada no dia em que o publicitário Duda Mendonça declarou que o PT pagou parte da campanha presidencial de 2002 em moeda estrangeira, no exterior, já no curso do primeiro mandato de Lula, com dinheiro ilegal. Ali, naquele ponto, deveria ter-se iniciado um movimento para denunciar o presidente por crime de responsabilidade. Mais: segundo a lei eleitoral, um candidato é o responsável último pelas finanças de sua campanha. Tomou-se, no entanto, a decisão de deixar Lula encerrar seu mandato tranquilamente — alguém teria recorrido à metáfora “sangrar no poder”… Deu no que deu. Os leitores deste blog que migraram do extinto site “Primeira Leitura” (e da revista) sabem o que escrevi à época: “A oposição está cometendo suicídio”. O resto é história. E, como se nota com o julgamento do mensalão, a greve continua.

O Supremo Tribunal Federal está dizendo com todas as letras o que foi aquele imbróglio a que se chamou “mensalão” — e o nome poderia ser qualquer outro; isso é irrelevante. Ainda que todos os réus, doravante, fossem considerados inocentes — o que é improvável —, o mensalão (ou “roubalheira”, se alguns preferirem) já está comprovado de maneira acachapante. ESSA É A REALIDADE JURÍDICA, do mundo das leis. MAS É PRECISO QUE O EPISÓDIO SE TORNE TAMBÉM UMA REALIDADE POLÍTICA. Para tanto, alguém precisa se apossar dessa narrativa. OU POR OUTRA: FORÇAS POLÍTICAS TÊM DE FAZER DA VERDADE DOS AUTOS, DA VERDADE DOS FATOS, UMA VERDADE ATIVA, COM FACE POLÍTICA. Mas quê… Ninguém se oferece!

Ora, se inexistem forças políticas relevantes que deem o devido tratamento à verdade que vai se tornando clara no tribunal, há o risco, por incrível que pareça, de a farsa petista deitar sua sombra sobre os fatos.
(...)
Íntegra aqui