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Israel, por Caroline Glick


Abaixo, breve apresentação de Caroline Glick e, por enquanto, dois de seus textos: "Israel e o Eixo do Mal" e "O aliado excepcional da América".

Caroline Glick nasceu nos EUA e emigrou para Israel em 1992. Como capitã do exército israelense, ela fez parte da equipe de negociações com os palestinos de 1994 a 1996. Mais tarde, serviu como conselheira-assistente de política externa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (durante seu primeiro mandato, de 1997 a 1998). A seguir, fez mestrado na Universidade Harvard. Após retornar a Israel, foi comentarista diplomática e editora de suplementos sobre questões estratégicas no jornal Makor Rishon. Desde 2002, é vice-editora e colunista do jornal The Jerusalem Post. Seus artigos têm sido reproduzidos em muitas outras publicações e suas opiniões são amplamente respeitadas. Seu site é www.carolineglick.com


A Coréia do Norte fica a meio mundo de distância de Israel. Mesmo assim, o teste nuclear que ela realizou no dia 25 de maio de 2009 colocou os responsáveis pela defesa de Israel em alerta máximo, enquanto seus oponentes iranianos ficaram sorridentes como o gato de Cheshire (personagem de Alice no País das Maravilhas). Entender por que isso acontece é a chave para se compreender o perigo representado por aquilo que alguém chamou, certa vez, de maneira pouco polida, de Eixo do Mal.
Há menos de dois anos atrás, no dia 6 de setembro de 2007, a Força Aérea Israelense (FAI) destruiu uma usina de produção de plutônio construída pela Coréia do Norte em Kibar, na Síria. A instalação destruída era praticamente um clone da usina de produção de plutônio Yongbyon na Coréia do Norte. Em março de 2008, o diário suíço Neue Zuercher Zeitung informou que o desertor iraniano Ali Reza Asghari, que serviu como general na Guarda Revolucionária do Irã e como vice-ministro da Defesa antes de sua fuga para os Estados Unidos, em março de 2007, revelou que o Irã pagou pela usina nortecoreana. Teerã via a instalação na Síria como uma extensão de seu próprio programa nuclear. De acordo com estimativas israelenses, o Irã gastou entre 1 e 2 bilhões de dólares no projeto.
Pode-se pressupor que funcionários iranianos estavam na Coréia do Norte durante o teste. Nos últimos anos, participantes do programa nuclear iraniano estiveram presentes em todos os testes mais importantes da Coréia do Norte, inclusive na explosão de sua primeira bomba nuclear e no lançamento do míssil balístico intercontinental em 2006.
Além do mais, é provável que a Coréia do Norte tenha realizado algum nível de coordenação com o Irã no que se refere à escolha do tempo mais adequado para seus testes da bomba nuclear e dos mísseis balísticos. É difícil imaginar que seja uma mera coincidência que as ações da Coréia do Norte acontecessem exatamente uma semana após o Irã ter testado seu míssil de combustível sólido Sejil-2, com um alcance de 2 mil quilômetros.
Independentemente de sua proximidade cronológica, a razão principal por que faz sentido pressupor que o Irã e a Coréia do Norte combinaram seus testes é que a Coréia do Norte tem tido um papel central no programa de mísseis do Irã. Embora observadores ocidentais afirmem que o Sejil-2 do Irã tenha base em tecnologia chinesa transferida ao Irã através do Paquistão, o fato é que o Irã deve grande parte de sua capacidade em mísseis balísticos à Coréia do Norte. O míssil Shihab-3, por exemplo, que forma a espinha dorsal da estratégia do Irã, que ameaça Israel e seus vizinhos árabes, é simplesmente uma adaptação iraniana da tecnologia do míssil Nodong da Coréia do Norte. Desde pelo menos o início dos anos 1990, a Coréia do Norte tem prazerosamente proliferado aquela tecnologia entre quem quisesse. Como o Irã, a Síria deve grande parte de seu robusto arsenal de mísseis à proliferação nortecoreana.
Em resposta ao teste nuclear da Coréia do Norte, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse: "O comportamento da Coréia do Norte aumenta as tensões e enfraquece a estabilidade no Nordeste asiático''.
Embora [a afirmação de Obama] seja verdadeira, os laços íntimos da Coréia do Norte com o Irã e a Síria mostram que o programa nuclear nortecoreano, com suas ogivas, mísseis e componentes tecnológicos, não é uma ameaça distante, limitada em alcance à longínqua Ásia Oriental. É um programa multilateral, compartilhado em vários níveis com o Irã e a Síria. Conseqüentemente, coloca em perigo não apenas países como o Japão e a Coréia do Sul, mas todas as nações cujos territórios e interesses estão ao alcance dos mísseis iranianos e sírios.
Mais que seu impacto sobre a capacidade tecnológica e de equipamentos do Irã, o programa nuclear da Coréia do Norte tem influenciado singularmente a estratégia política iraniana para o avanço diplomático de seu programa nuclear. A Coréia do Norte tem sido pioneira na utilização de uma mistura de agressão diplomática e pseudo-acomodação para, alternativamente, intimidar e persuadir seus inimigos a não reagirem contra seu programa nuclear. O Irã tem seguido assiduamente o modelo de Pyongyang. Além disso, o Irã tem usado a resposta internacional - e especialmente a americana - a várias provocações nortecoreanas ao longo dos anos, para determinar como se posicionar a qualquer momento a fim de fazer avançar seu programa nuclear.
Por exemplo, quando os Estados Unidos reagiram ao teste do míssil balístico intercontinental e ao teste nuclear da Coréia do Norte em 2006 através do restabelecimento de conversações com seis países na esperança de apaziguar Pyongyang, o Irã aprendeu que, ao demonstrar interesse em envolver os Estados Unidos em seu programa de enriquecimento de urânio, poderia ganhar um tempo valioso. Assim como a Coréia do Norte foi capaz de dissipar a determinação de Washington em agir contra ela enquanto ganhava tempo para fazer avançar ainda mais seu programa através das conversações com os seis países, também o Irã, ao aparentemente concordar com um molde para discutir seu programa de enriquecimento de urânio, tem sido capaz de manter os Estados Unidos e a Europa à distância nesses últimos anos.
A resposta impotente da administração Obama ao teste do míssil balístico intercontinental de Pyongyang e sua reação semelhantemente gaguejante ao teste nuclear da Coréia do Norte mostraram a Teerã que já não precisa nem fingir interesse em negociar aspectos de seu programa nuclear com Washington ou com seus parceiros europeus. Enquanto o aparente interesse em alcançar certa acomodação com Washington fazia sentido durante o tempo em que Bush era presidente, quando gaviões e pombas competiam pela atenção do presidente, hoje, com a administração de Obama formada apenas por pombas, o Irã, assim como a Coréia do Norte, entende que não tem nada a ganhar por fingir-se preocupado com a concordância de Washington.
Esse ponto foi esclarecido nitidamente tanto pela resposta verbal imediata do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao teste nuclear nortecoreano, quanto pelo envio provocador de navios iranianos ao Golfo de Aden no mesmo dia. Como disse Ahmadinejad, na opinião do regime iraniano, "a questão nuclear do Irã acabou''.
Não há motivos para se falar mais nada. Assim como Obama tornou claro que não tem intenção de fazer coisa alguma em resposta ao teste nuclear da Coréia do Norte, o Irã também acredita que o presidente não fará nada para impedir seu programa nuclear.
É claro que não é simplesmente a política do governo americano com relação à Coréia do Norte que está sinalizando ao Irã que ele não tem motivos para ficar preocupado com a possibilidade dos Estados Unidos desafiarem suas aspirações nucleares. A política geral dos Estados Unidos para o Oriente Médio, que condiciona a ação americana contra o programa de armas nucleares do Irã à implementação anterior de um acordo de paz impossível de ser realizado entre Israel e os palestinos, torna óbvio para Teerã que os Estados Unidos não tomarão providência alguma para impedir o Irã de seguir os passos da Coréia do Norte para se tornar uma potência nuclear.
Obama, durante sua entrevista à imprensa com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, disse que os Estados Unidos irão reavaliar seu compromisso de apaziguar o Irã ao final de 2009. Logo a seguir foi noticiado que Obama instruiu o Departamento de Defesa a montar um plano para atacar o Irã. Além disso, o chefe do Estado-Maior Conjunto, almirante Michael Mullen, fez recentemente várias declarações avisando sobre o perigo que um Irã com armas nucleares será para a segurança global - e, por extensão, à segurança nacional dos Estados Unidos.
Superficialmente, tudo isso parece indicar que o governo Obama pode estar disposto a realmente fazer algo para impedir o Irã de se tornar uma potência nuclear. Infelizmente, porém, devido ao prazo que Obama estabeleceu, fica claro que, antes que ele esteja pronto para levantar um dedo contra o Irã, a "mullahcracia'' já terá se tornado uma potência nuclear.
Israel avalia que o Irã terá quantidade suficiente de urânio enriquecido para fazer uma bomba nuclear antes do final do ano. Os Estados Unidos crêem que isso poderia demorar até a metade de 2010. Em sua entrevista à imprensa, Obama disse que, se as negociações estiverem fadadas ao fracasso, o próximo passo dos Estados Unidos será expandir as sanções internacionais contra o Irã. Com isso, pode-se pressupor também que Obama permitirá que essa política se mantenha por pelo menos seis meses antes que esteja disposto a reconsiderá-la. A essa altura, com toda probabilidade, o Irã já estará de posse de um arsenal nuclear.
Além do prazo dado por Obama, duas outras manifestações tornaram aparente que, independentemente do que o Irã fizer, o governo Obama não revisará sua política no Oriente Médio: a ênfase é o enfraquecimento de Israel e não o impedimento do Irã adquirir armas nucleares. Primeiro, o jornal israelense Yediot Aharonot informou que, em uma palestra recente em Washington, o general americano Keith Dayton, responsável pelo treinamento de forças militares palestinas na Jordânia, indicou que, se Israel não entregar a Judéia e Samaria dentro de dois anos, as forças palestinas, que ele e outros oficiais americanos estão treinando atualmente a um custo de mais de 300 milhões de dólares, poderiam começar a matar israelenses.
Admitindo a veracidade do relato do Yediot Aharonot, ainda mais perturbadora que a certeza de Dayton de que em breve essas forças treinadas pelos Estados Unidos poderiam começar a matar israelenses, é sua aparente serenidade em face das conhecidas conseqüências de seus atos. A perspectiva de as forças militares palestinas assassinarem judeus não faz com que Dayton repense se é sábio o compromisso dos americanos formarem e treinarem um exército palestino.
A afirmação de Dayton revelou o fato perturbador de que, embora o governo americano esteja completamente consciente dos custos de sua abordagem do conflito palestino com Israel, ainda não está disposto a reconsiderá-la. O secretário da Defesa, Robert Gates, acabou de estender o tempo de serviço de Dayton por mais dois anos, e acrescentou-lhe a responsabilidade de servir como assessor de George Mitchell, o mediador do governo Obama no Oriente Médio.
QUATRO DIAS depois que as observações de Dayton foram publicadas, funcionários de alto nível americanos e israelenses se encontraram em Londres. O propósito anunciado desse encontro foi discutir como Israel vai atender à exigência do governo americano de proibir todo tipo de construção nos assentamentos israelenses na Judéia e Samaria.
O mais notável sobre o encontro foi o momento da sua realização. Ao fazerem a reunião um dia depois que a Coréia do Norte testou sua bomba e que o Irã anunciou sua rejeição da oferta dos Estados Unidos de negociarem a respeito de seu programa nuclear, o governo americano demonstrou que, independentemente do que o Irã faça, o compromisso de Washington de exercer pressão sobre Israel não está sujeito a mudanças.
Tudo isso, logicamente, é música aos ouvidos dos mullahs. Com a impotência da América contra os aliados do Irã - os nortecoreanos - e o inabalável compromisso americano de manter as pressões sobre Israel, os iranianos sabem que não têm motivos para se preocupar com o Tio Sam.
Quanto a Israel, é positivo que as Forças de Defesa de Israel tenham realizado o maior exercício de defesa civil na história do país. A partir do teste nuclear da Coréia do Norte, da audaciosa belicosidade do Irã e da traição da América, fica claro que o governo israelense não pode fazer coisa alguma para impactar as políticas de Washington com relação ao Irã. Nenhuma destruição de assentamentos judaicos convencerá Obama a agir contra o Irã.
Hoje Israel está sozinho contra os mullahs e sua bomba. E isso, assim como a decisão dos Estados Unidos de abandonarem sua oposição ao Eixo do Mal, não está sujeito a mudanças.


Publicado na revista "Notícias de Israel" - http://www.Beth-Shalom.com.br
Original: http://www.carolineglick.com/e/2009/05/israel-and-the-axis-of-eil-2.php




Recentemente tem havido muita conversa sobre a perspectiva da Síria parar de apoiar o eixo iraniano e transformar-se magicamente em uma aliada do Ocidente. Embora as demonstrações diárias de lealdade do presidente vitalício da Síria, Bashar Assad, a seus amigos assassinos tenha exposto essa conversa como sendo nada mais que fantasia, ela continua a dominar o discurso internacional a respeito da Síria.
Nesse meio tempo, a verdadeira transformação em andamento na Síria, de um Estado que estava funcionando, apesar de precariamente, a uma terra improdutiva e empobrecida, tem sido ignorada.
Hoje, o país enfrenta a maior catástrofe econômica de sua história. A crise está causando uma deficiência grave de nutrição e o deslocamento de centenas de milhares de sírios. Essas pessoas, em torno de 250 mil, em sua maioria de agricultores curdos, vêm sendo expulsas de suas fazendas nesses últimos dois anos porque o deserto avançou sobre essas terras.
Hoje, cidades feitas de barracos vêm se espalhando em volta das grandes cidades, como Damasco. Elas estão repletas de refugiados internos que foram desalojados de onde viviam. Através de uma combinação cataclísmica de políticas agrícolas irracionais, promovida pela dinastia ba'athista de Assad durante os últimos 45 anos, que vêm erodindo o solo, e da perfuração não-autorizada de cerca de 420 mil poços que fizeram secar os aquíferos subterrâneos, o regime político da Síria tem feito tudo que está ao seu alcance para desertificar o país. Os efeitos dessas políticas dementes têm sido exacerbados nos anos recentes pelo desvio que a Turquia fez da principal fonte de água da Síria, o rio Eufrates, por meio da construção de represas rio acima, além dos dois anos da seca que vêm castigando a região. Hoje, grande parte das terras anteriormente férteis da Síria tornou-se improdutiva. Antigos agricultores agora são trabalhadores diaristas desamparados, com poucas perspectivas de recuperação econômica.
Imagine se, em momentos de perigo para seu país, em vez de se apegar à sua aliança com o Irã, o Hezb'allah (Partido de Alá), a Al-Qaeda e o Hamas, Assad se voltasse para Israel para ajudá-lo a sair dessa crise?
Israel é um líder mundial em dessalinização e reciclagem de água. A maior usina de dessalinização e reciclagem de água do mundo está localizada em Ashkelon. A tecnologia israelense e seus engenheiros poderiam ajudar a Síria a reconstruir seu suprimento de água.
Israel também poderia ajudar a Síria a usar mais prudentemente todo tipo de água que ela ainda possua ou que seja capaz de produzir através da dessalinização e da reciclagem por meio da irrigação por gotejamento, que foi inventada em Israel. Hoje Israel supre 50% do mercado internacional de irrigação por gotejamento. Em lugares como a Síria e o Sul do Iraque, que estão agora secando por causa das represas turcas, a irrigação é rudimentar, geralmente envolvendo nada mais que encher caminhões-pipas por meio do bombeamento de água do Eufrates, levando essa água aos campos que, na maioria dos casos, ficam a menos de um quilômetro de distância.
Além disso, há ainda as reservas de petróleo da Síria que estão definhando. Sem dúvida, os engenheiros e os especialistas em sismologia israelenses seriam capazes de aumentar a eficiência e a produtividade dos poços de petróleo existentes, aumentando, assim, o rendimento dos mesmos. Certamente não está além do âmbito das possibilidades que os cientistas e engenheiros israelenses poderiam até mesmo descobrir reservas de petróleo novas e ainda intocadas.
Mas, logicamente, a Síria não está interessada na ajuda de Israel. A Síria quer ter seu inimigo e também destruí-lo. Como Assad tem deixado claro repetidas vezes, o que ele quer é receber as Colinas de Golan -- e, por meio delas, o suprimento de água potável de Israel -- em troca de nada. Ele quer que Israel entregue as Colinas de Golan, mais um tanto de terra que a Síria ocupou ilegalmente de 1948 a 1967, em troca de um pedaço de papel sem significado.
Nessa demanda, Assad é apoiado por ninguém menos que o primeiro-ministro da Turquia, Recip Erdogan, cujo país está secando as águas da Síria. Afinal, Erdogan foi o mediador das conversações que objetivavam convencer o então primeiro-ministro Ehud Olmert a desistir das Colinas de Golan. Hoje, é Erdogan que está encorajando o governo Obama a pressionar Israel a entregar sua água à Síria.
Além de exigir que Israel lhe dê as Colinas de Golan, Assad está feliz em se associar com Mahmoud Ahmadinejad (Irã), Hassan Nasrallah (Hezb'allah), Khaled Mashaal (Hamas) e vários líderes da Al-Qaeda, que se movimentam livremente em seu território. Estar ao lado desses assassinos dá a ele a oportunidade de sentir-se como um homem de verdade -- um mestre do universo que pode matar israelenses, iraquianos e americanos, além de aterrorizar os libaneses, mantendo-os em situação de sujeição.
Quanto a seus problemas em casa, Assad aprisiona qualquer engenheiro sírio que tenha a temeridade de afirmar que, ao exportar algodão, a Síria está exportando água. Assad não tem medo que seu regime entre em colapso debaixo do peso de cinco décadas da imbecilidade econômica do partido Ba'ath. Ele está confiando nos Estados Unidos e na Europa para livrá-lo das conseqüências de sua própria incompetência por meio do assistencialismo econômico, por fechar os olhos diante da sua continuada exploração econômica do Líbano e, talvez, por coagir Israel a entregar as Colinas de Golan.
O mesmo, sem dúvida, pode ser dito dos palestinos. Na verdade, o caso dos palestinos é ainda mais extraordinário. De 1967 até 1987 -- quando, através de seu levante violento ("intifada''), eles decidiram romper relações econômicas com Israel -- o crescimento econômico palestino em Gaza, na Judéia e em Samaria aumentou com números de dois dígitos a cada ano. De fato, enquanto ligada à de Israel, a economia palestina era a quarta de crescimento mais rápido no mundo. Mas, desde 1994, quando a Organização Para a Libertação da Palestina (OLP) assumiu o poder, embora os palestinos tenham se tornado os maiores receptores per capita de ajuda estrangeira na história, a economia palestina tem se contraído em uma base per capita.
O único caminho seguro para o crescimento e a prosperidade é o de os palestinos reintegrarem sua economia à de Israel. Mas, para fazerem isso, eles devem primeiro pôr um fim ao seu envolvimento com o terrorismo e abrir sua economia às forças do mercado livre e à transparência, bem como ao estado de direito e à proteção aos direitos de propriedade, que formam os fundamentos dessas forças. Entretanto, a própria noção de fazerem isso é considerada tão radical que até mesmo o primeiro-ministro palestino, Salaam Fayad, que é supostamente moderado, a favor da paz e receptivo ao mercado livre, rejeitou peremptoriamente o plano econômico de paz apresentado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Afinal, como podem os palestinos aceitar as forças do mercado livre quando isso significa que -- horror dos horrores -- os judeus poderão comprar e vender terras e outros bens?
Os palestinos e os sírios não estão sós. Do Egito à Arábia Saudita, ao Paquistão e à Indonésia, o mundo árabe e muçulmano tem preferido a pobreza e o retrocesso econômico à prosperidade que viria a partir de seu engajamento com Israel. Eles preferem sua constante rejeição a Israel, o ódio aos judeus e a estagnação econômica envolvida em tudo isso, do que a prosperidade, a liberdade política e a estabilidade que viriam a partir da aceitação de Israel.
Como afirma George Gilder, o guru americano da economia e da tecnologia, em seu novo livro The Israel Test [O Teste de Israel]: "O teste de uma cultura é o que ela realiza em favor do avanço da causa humana -- o que ela gera e não o que ela reivindica''.
O livro de Gilder é uma contribuição única e necessária ao atual debate internacional sobre o Oriente Médio. Em vez de se concentrar somente nas reivindicações que os árabes fazem a Israel, como é comum à maioria dos autores, Gilder volta sua atenção ao que as nações da região geram. Especificamente, ele mostra que apenas Israel gera riquezas através da criatividade e da inovação, e que hoje Israel está contribuindo mais para a causa humana por meio de seus avanços científicos, tecnológicos e financeiros do que qualquer outro país do mundo, com exceção dos Estados Unidos
The Israel Test descreve com detalhes extremamente interessantes tanto as pesadas contribuições dos judeus da Diáspora às vitórias dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial e na Guerra Fria, quanto nas revoluções científicas do século XX que lançaram as bases para a era do computador, como também as pesadas contribuições dos judeus israelenses à revolução digital que define e dá forma a nossas realidades econômicas atuais.
Mas, antes que Gilder comece a descrever essas excelentes contribuições dos judeus à economia global e ao bem-estar geral dos povos ao redor do mundo, ele afirma que o futuro do mundo será determinado pelo tratamento que for dado a Israel. Ele declara o seguinte: "A questão central na política internacional, que divide o mundo em dois exércitos rixosos, é o minúsculo Estado de Israel''.
De acordo com seu ponto de vista, "Israel define uma linha de demarcação'' entre aqueles que passam e aqueles que são reprovados naquilo que ele denomina de "o teste de Israel''.
Gilder apresenta o teste a seus leitores fazendo-lhes algumas perguntas: "Qual é a sua atitude com relação ao povo que excede você na criação de riquezas ou em outras realizações? Você deseja possuir a excelência desse outro povo, ou fica enraivecido contra ele? Você admira e celebra realizações excepcionais ou as contesta e busca derrubá-las?''
Segundo o que ele afirma, o futuro da civilização será determinado pela maneira que as nações do mundo -- e especialmente pela maneira que o povo americano -- responderem a essas perguntas.
O livro de Gilder é valioso por si só. Eu pessoalmente aprendi uma enorme quantidade de coisas sobre o papel pioneiro de Israel na economia da informação. E, mais que isso, ele fornece uma refutação impressionante aos argumentos centrais de outro livro de grande impacto que foi escrito sobre Israel e os árabes nos Estados Unidos em anos recentes.
O livro The Israel Lobby [O Lobby de Israel], de Steve Walt e John Mearsheimer, apresenta duas argumentações centrais. Primeiro, os autores argumentam que Israel tem pouco valor como aliado para os Estados Unidos. Segundo, eles afirmam que, dada a falta de importância de Israel para os Estados Unidos, a única explicação razoável sobre os motivos pelos quais os americanos apóiam extraordinariamente Israel é que eles têm sido manipulados através de uma conspiração de organizações judaicas e dos meios de comunicação controlados pelos judeus, além das instituições financeiras de propriedade dos judeus. De acordo com o ponto de vista deles, as forças abomináveis controladas pelos judeus têm enganado o povo americano, levando-o a crer que Israel é importante para ele e é até mesmo uma nação vinculada aos Estados Unidos.
Gilder derruba surpreendentemente esses dois argumentos sem sequer se referir diretamente a eles, ou mencionar as singulares contribuições de Israel aos feitos militares e de inteligência americanos  Em vez disso, ele demonstra que Israel é uma força motriz indispensável à economia dos Estados Unidos, que, por sua vez, é a principal promotora do poder americano em termos globais. Grande parte dos feitos econômicos do Vale do Silício está baseada em tecnologias produzidas em Israel. Tudo, desde o microchip até o telefone celular, ou foi produzido em Israel ou por israelenses no Vale do Silício.
É a própria admiração de Gilder às realizações excepcionais de Israel que acaba com a segunda argumentação de Walt e Mearsheimer. Há algo distintamente americano em seu entusiasmo pela capacidade inovadora de Israel. Desde os tempos mais remotos da América, o caráter americano tem sido imbuído de admiração pelas realizações. Como nação, os americanos sempre passaram no teste de Israel proposto por Gilder.
Considerados em conjunto com os outros motivos para os americanos apoiarem Israel -- particularmente a afinidade com o povo da Bíblia -- o livro de Gilder mostra que o povo americano e o povo israelense são, de fato, amigos e aliados naturais, unidos por seu excepcionalismo, que os motiva a se empenharem pela excelência e pelo progresso em benefício de toda a humanidade.
Recentemente os americanos recordaram o oitavo aniversário dos ataques de 11 de setembro. Até a presente data, aqueles ataques foram a maior confrontação entre o excepcionalismo americano e o nihilismo islâmico. Neste momento, o livro de Gilder serve como um lembrete a respeito do que faz com que valha a pena defender a todo custo os Estados Unidos e seu aliado excepcional, Israel. O Teste de Israel também nos ensina que, contanto que mantenhamos a fé em nós mesmos, não estaremos sozinhos em nossa luta contra o barbarismo e o ódio, e, inevitavelmente sairemos como vencedores dessa amarga luta.

(publicado na revista Notícias de Israel 10/2009 - www.Beth-Shalom.com.br)