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24 de jun. de 2011

Mas que coisa !!!

A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma idéia. Coisas do português.

A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?".

Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado.

Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio.

"E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (“Riacho Doce”, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco “Segura a Coisa” tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o “Segura a Coisinha”.

Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista:

Oswald de Andrade escreveu a crônica “O Coisa” em 1943. “A Coisa” é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu “A Força das Coisas”, e Michel Foucault, “As Palavras e as Coisas”.

Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".

Devido lugar

"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)".

A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas. Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim! Coisa de cinema! “A Coisa” virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no

programa “Casseta e Planeta, Urgente!”, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".

Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB.

No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: “Disparada”, de Geraldo Vandré ("Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar"), e “A Banda”, de Chico Buarque ("Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor"), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som

Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".

Cheio das coisas

As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas. Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são tantas coisinhas miúdas"). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade ("ô coisinha tão bonitinha do pai"). “Todas as Coisas e Eu” é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa... Já qualquer coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música “Qualquer Coisa”, de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não me toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa:

"Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Coisa à toa

Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa à toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema “Eu, Etiqueta”, Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".

Se as pessoas foram feitas para serem amadas e as coisas, para serem usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em “Canteiros”, baseado no poema “Marcha”, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarás a Deus sobre todas as coisas".

ENTENDEU O ESPÍRITO DA COISA?

22 de jun. de 2011

O Çumo Çacerdote da Çeita


HERANÇA MALDITA É A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA IMPUNIDADE DOS BANDIDOS DE ESTIMAÇÃO

por Augusto Nunes

Se conseguisse envergonhar-se com alguma coisa, o ex-presidente Lula estaria pedindo perdão aos brasileiros em geral, por ter imposto a Dilma Rousseff a nomeação de Antonio Palocci, e aos paulistas em particular, por ter imposto ao PT a candidatura de Aloízio Mercadante ao governo estadual. Se não achasse que ética é coisa de otário, trataria de concentrar-se nas palestras encomendadas por empreiteiros amigos para livrar-se de explicar o inexplicável, como o milagre da multiplicação do patrimônio de Palocci e a comprovação do envolvimento de Mercadante nas bandalheiras dos aloprados. Se não fosse portador da síndrome de Deus, saberia que ninguém tem poderes para revogar os fatos e decretar a inexistência do escândalo do mensalão.

Como Lula é o que é, aproveitou a reunião do PT paulista, neste 17 de junho, para tratar de todos esses temas no mesmo palavrório. Com o desembaraço dos condenados à impunidade perpétua e o cinismo de quem não tem compromisso com a verdade, o sumo-sacerdote da seita serviu a salada mista no Sermão aos Companheiros Pecadores, clímax da missa negra em Sumaré. Sem união, ensinou o mestre a seus discípulos, nenhum bando sobrevive sem perdas. Palocci, nessa linha de raciocínio, perdeu o empregão na Casa Civil não pelo que fez, mas pelo que o rebanho governista deixou de fazer. Foi despejado não por excesso de culpa, mas por falta de braços solidários.

Para demonstrar a tese, evocou o escândalo do mensalão, sem mencionar a expressão proibida. “Eu sei, o Zé Dirceu sabe, o João Paulo sabe, o Ricardo Berzoini sabe, que um dos nossos problemas em 2005 era a desconfiança entre nós, dentro da nossa bancada”, disse o mestre a seus discípulos. “A crise de 2005 começou com uma acusação no Correio, de R$ 3 mil, o cara envolvido era do PTB, quem presidia o Correio era o PMDB e eles transformaram a CPI dos Correios, para apurar isso, numa CPI contra o PT, contra o Zé Dirceu e contra outros companheiros. Por quê? Porque a gente tava desunido”.

A sinopse esperta exige o preenchimento dos muitos buracos com informações essenciais. Foi Lula quem entregou o controle dos Correios ao condomínio formado pelo PMDB e pelo PTB. O funcionário filmado embolsando propinas era apadrinhado pelo deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, que merecera do amigo Lula “um cheque em branco”. O desconfiado da história foi Jefferson, que resolveu afundar atirando ao descobrir que o Planalto não o livraria do naufrágio. Ao contar o que sabia, desmatou a trilha que levaria ao pântano do mensalão. Ali chapinhava José Dirceu, chefe do que o procurador-geral da República qualificou de “organização criminosa sofisticada” formada por dezenas de meliantes.

Tais erros não podem repetir-se, advertiu o pregador. É preciso preservar a coesão do PT e da base alugada, contemplando com cuidados especiais os parceiros do PMDB. Para abafar focos de descontentamento, a receita é singela: “A gente se reúne, tranca a porta e se atraca lá dentro”, prescreveu. Encerrada a briga de foice, unifica-se o discurso em favor dos delinquentes em perigo.

“Eu tô de saco cheio de ver companheiro acusado, humilhado, e depois não se provar nada”, caprichou na indignação de araque o padroeiro dos gatunos federais. Aos olhos dos brasileiros honestos, figuras como o mensaleiro José Dirceu, a quadrilheira Erenice Guerra ou o estuprador de sigilo bancário Antonio Palocci têm de prestar contas à Justiça. Para Lula, todos só prestaram relevantes serviços à pátria. A lealdade ao chefe purifica.

“Os adversários não brincam em serviço”, fantasiou. “Toda vez que o PT se fortalece, eles saem achincalhando o partido”. É por isso que Mercadante está na berlinda: segundo Lula, os inimigos miram não no comandante de milícias alopradas, mas no futuro prefeito da capital. “Nunca antes na história deste país tivemos condições tão favoráveis para ganhar as eleições no Estado”, festejou no fim do sermão.

Se há pouco mais de seis meses o PT foi novamente surrado nas urnas paulistas, o que ampara o otimismo do palanque ambulante? Nada. É só mais um blefe. O PSDB costuma embarcar em todos. Não conseguiu sequer deixar claro que o Brasil Maravilha esculpido em milhares de falatórios só existe na imaginação dos arquitetos malandros e na papelada registrada em cartório.

Cumpre à oposição mostrar que o homem que brinca de xerife é o vilão do faroeste de quinta categoria. Os brasileiros precisam aprender que o câncer que corrói o organismo político nacional não é a corrupção simplesmente ─ essa existe em qualquer paragem. É a certeza de que não haverá sanções legais. Ao longo de oito anos, enquanto cuidava de promover a ignorância à categoria das virtudes, Lula institucionalizou a impunidade dos corruptos e acelerou a decomposição moral do país.

O Brasil deste começo de século lembra um grande clube dos cafajestes sustentado por milhões de eleitores para os quais a vida consiste em não morrer de fome. Essa sim é a herança maldita.

21 de jun. de 2011

Este post é para esta menina

Menina de 8 anos é detida com colete-bomba no Paquistão

Insurgentes teriam sequestrado criança para explodir em uma barreira policial

"Eles me disseram para apertar o botão quando estivesse perto dos policiais", declarou a menina a respeito de seus sequestradores

"Eles me disseram para apertar o botão quando estivesse perto dos policiais", declarou a menina a respeito de seus sequestradores (Ahsanullah Shakir / AFP)

A polícia paquistanesa informou, na noite desta segunda-feira, ter detido uma menina de oito anos que levava oito quilos de explosivos em um colete-bomba. De acordo com as autoridades, ela deveria cometer um atentado suicida contra uma barreira policial, em um distrito do noroeste do país, conhecido pela atuação de radicais islâmicos.

9 de jun. de 2011

Regressar para casa

João Pereira Coutinho

NÃO SE iluda, leitor: tudo aquilo que você pensa saber sobre Portugal e os portugueses está errado.

Verdade que são os próprios lusos a cultivar a imagem enganadora: um povo triste, melancólico, com pouca “autoestima”. Cantam o fado, não matam o touro, esperam por el-rei d. Sebastião, perdido nas batalhas de África – e suspiram pela grandeza do Império passado.

Basta visitar uma livraria de Lisboa para encontrar a indústria profícua da lamentação nacional. José Gil, filósofo, escreveu em 2004 “Portugal, Hoje – O Medo de Existir”.

Dizia Gil que os portugueses não afirmam nada, não se afirmam em nada; não “inscrevem” na existência pessoal ou coletiva nenhum gesto ou acontecimento que transforme as suas pobres vidas. Esse “nevoeiro” ontológico, essa “doença”, seria herança da ditadura de Salazar.

O livro virou best-seller. Nenhum espanto. Os portugueses gostam de consumir o culto da sua própria infelicidade. Às vezes penso que as livrarias portuguesas deveriam ter uma seção de “Autoflagelação”, tal como os brasileiros têm prateleiras de “Autoajuda”.

Há quem veja nisso falta de autoestima. Eu vejo o contrário: excesso de autoestima, narcisismo infantil, negação terminal da realidade.

Quando um português chora a sua sorte, ele não espera apenas compaixão; espera, como os órfãos de Charles Dickens, que alguém tenha pena dele e o adote.

O problema não é psicológico; muito menos um produto do salazarismo. O problema é estruturalmente histórico e resume-se numa frase: a história de Portugal é uma história de adoções contínuas.

Não poderia ser de outra forma: com um território pequeno e periférico e um solo pouco promissor para a sua própria subsistência, a história portuguesa fez-se para fora. Em busca de salvações instantâneas.

África, Índia, Brasil: é possível escrever páginas notáveis sobre os descobrimentos. O heroísmo dos portugueses e o sacrifício celebrado por Camões ou Fernando Pessoa merecem admiração poética.

Mas essas páginas não devem esconder a fome e a pobreza que as precipitaram.

E não devem esconder que por cada navio de ouro e especiarias que chegava do Atlântico ou do Índico havia um reino que se despovoava; uma indústria que não se desenvolvia; uma agricultura rudimentar; e uma máquina do Estado gigantesca e perdulária que, ao contrário dos países do Norte, foi devorando os recursos dessas aventuras marítimas – e esmagando as expressões de independência e livre iniciativa fora da alçada do Estado.

Os vícios dos portugueses não são um produto do salazarismo; desde logo porque o salazarismo apenas prolongou, com os recursos típicos de uma ditadura, uma tradição patrimonialista que é indissociável da identidade do país.

É por isso que o português se confronta hoje com um dos momentos mais dramáticos da sua história. E dramático pela originalidade da situação: não existe mais África; não existe mais Índia; não existe mais Brasil. Não existem, no fundo, os balões de oxigênio que insuflaram vida nos pulmões dos lusitanos.

E se é verdade que a União Europeia foi o último balão de oxigênio, não é menos verdade que ele dá sinais de esgotamento.

Culpa de quem? Se ouvirmos os sábios habituais da tristeza lusitana, a culpa é da Alemanha e dos países ricos da União, que deixaram de ser “solidários” com os países pobres da periferia.

É uma tese apropriada para crianças, não para adultos.

Um povo adulto deveria saber que esse último balão de oxigênio se esgotou da mesma forma que se esgotaram todos os outros: pelo desperdício dos recursos que chegaram de Bruxelas; pelas dívidas ruinosas que a entrada no euro permitiu; pelo não investimento no desenvolvimento e na competitividade da economia interna. “Déjà-vu”.

E agora, quem nos adota?

Essa pergunta daria um bom fado. E é provável que, nos próximos meses, ou anos, com um país em recessão, desemprego recorde, conflitualidade social nas ruas e uma eventual expulsão do euro, se multiplique o número de livros em melancólica masturbação.

Não tenciono lê-los. Prefiro acreditar, nas horas de otimismo, que existem vantagens na crise corrente: um povo que viveu sempre do exterior está hoje condenado a regressar para casa. Não é grave.

Regressar para casa talvez seja a única forma de, por uma vez na vida, simplesmente arrumá-la.

INDIGNADOS DE TODA A EUROPA, UNI-VOS!


Luís Dolhnikoff

1. A nova união européia

Um espectro ronda a Europa: o espectro dos “indignados”. Esse espectro talvez assuste, mas quiçá não devesse, entre outras coisas porque dele está a nascer uma nova união européia, enquanto a já velha UE original ameaça definhar. A nova união é a desse mesmo espectro: a união européia dos “indignados”, ou a união dos “indignados” europeus.

Tudo começou em 12 março, quando a “geração à rasca” (abandonada, frustrada, ao-deus-dará), a dos atuais jovens portugueses, saiu às ruas de Lisboa e do Porto para exigir... não se sabe bem o quê. E aqui o espectro que ora ronda a Europa assume afinal ares trágicos, mais especialmente, hamletianos.

Em 15 de maio, em todo caso, foi a vez dos Indignados, com maiúscula, nome da atual juventude espanhola, que ocupou a Porta do Sol em Madri e a praça Catalunha em Barcelona, para exigir...

Então os Aganaktimeni, que vêm a ser os mesmos Indignados, agora em versão grega, no dia 25 de maio, ocuparam a praça Syntagma em Atenas, para exigir... Se não sabem bem o que, ao menos já sabem que querem fazê-lo unidos:

O grego Aryiris Panagopoulos desembarcou anteontem na Espanha com um objetivo: combinar com os colegas espanhóis um "protestaço" simultâneo para hoje nas emblemáticas praças do Sol, de Madri, e Syntagma (da Constituição), de Atenas (Carolina Vila-Nova, “‘As pessoas estão fartas, é isso’, diz manifestante”, Folha de S. Paulo, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0506201112.htm).

2. Da indignação

A indignação é uma atitude moral, uma reação da dignidade perante a indignidade, ou da virtude ante o vício, enfim, do certo frente o errado. Em si, por ser moral, ou seja, não pragmática, não leva a resultados políticos. A indignação só pode fazê-lo ao deixar de ser indignação para se tornar outra coisa, não fim, mas origem, causa de um efeito outro, fonte de energia moral para uma ação positivamente política, lançada contra a própria causa original da indignação. Sem isso, a indignação política não é indignação política, pois incapaz de intervenção política. É, de fato, tão somente indignação. Pode levar pessoas às praças, mas não pode levar as praças e suas pessoas para próximo o bastante do poder.

Essa foi a fonte do fracasso da “revolução” de 1968, que afinal se limitou a uma “revolução cultural”, na verdade, uma reforma comportamental facilmente absorvida e servida pelo sempre proteico sistema capitalista. Hoje todos usam jeans e camisetas e ouvem rock’n roll (ou hip hop) e fazem sexo à vontade, nem por isso o mundo deixou de ser, bem, indignante.

Esse é o motivo de a sociedade brasileira jamais conseguir reformas fundamentais. Assim, quando em meio à maré de violência crônica há uma onda especialmente sangrenta, a população, indignada, sempre pede por “paz”, mas jamais exige segurança. Fora uma situação franca de guerra, o que não é apesar de tudo, o caso, a paz é um conceito algo abstrato, um tanto existencial, enquanto a segurança pública é um objeto jurídico e um objetivo político. Mas a impotência histórica da pseudocidadania brasileira é incapaz de perceber isso, e de se mover por isso.

Essa é a razão de os movimentos populares da “primavera árabe”, aos quais estão sendo comparados os dos “indignados” europeus, terem dado e não dado certo. As populações árabes têm um primeiro objetivo político claro, o fim da respectiva ditadura. Ao mesmo tempo, ao contrário do que afirmam os crédulos, não há clareza alguma quanto ao objetivo reformista de em seguida construir, no lugar da ditadura derrubada pela praça, uma democracia moderna. Há questões tribais, há a presença tóxica do islã na mentalidade geral, nos hábitos sociais e nas referências legais, há o sectarismo sunita-xiita, há a falta absoluta e absolutamente antidemocrática de cidadania feminina, há um analfabetismo e um atraso generalizados etc. A “primavera árabe” pode caminhar mais rápido do que se imagina para um outono precoce, se não for afinal para um longo e cinzento inverno.

O caso do “indignados” quase unidos da Europa é ainda pior. Pois se 1968 afinal resultou em mudanças comportamentais reais, apesar de jamais ameaçar o status quo político-econômico, se a demanda concreta por segurança em vez do desejo abstrato por paz é uma possibilidade afinal negada aos brasileiros por sua própria ignorância e inépcia políticas, e se a “primavera árabe” ainda não se despetalou de vez, com a atual juventude quase unida e muito indignada do Velho Continente nada parece poder resultar de sua justa indignação, pois ela não passa e talvez não possa passar de indignação. A “geração à rasca” ficaria assim também à rasca de uma ação política minimamente consequente.

3. Os “indignados”

Eles também se chamam, na Espanha, “nini”: “Ni estudia, ni trabaja”. Não estudam, porque já estudaram: em termos históricos, trata-se da geração mais bem preparada na maioria dos países europeus. Nem por isso trabalham, porque não há trabalho: em Portugal, o desemprego atinge 28% dos indivíduos entre 15 e 25 anos; na Espanha, inacreditáveis 45%; na Grécia, 35%. Quase a metade num caso, um terço nos demais. E aqueles que porventura, ou por desventura, ainda têm trabalho, normalmente não trabalham bem, pois estão ou em estágios precários, ou em setores de serviço como o turismo, apesar de formados em profissões muito distintas, em mais de um sentido.

Daí as reivindicações dos “indignados”: reformas políticas (a despeito de ninguém saber exatamente quais), mais assistência social, mais trabalhos mais dignos, menos precários e de maiores salários.

Tudo muito bem. Tudo muito certo. Tudo muito digno. Mas apesar disso completamente incerto, e mais do que isso, improvável, e no limite, impossível.

São vários os motivos, e vão dos estruturais, como o envelhecimento da população – com sua pressão sobre os benefícios sociais – e a competição dos emergentes, aos conjunturais, como a crise de 2008-2009 e as dívidas dos países europeus do sul. Provavelmente não há, então, como aumentar a assistência social, mas fortíssimas pressões para contê-la ainda mais. Trabalhos menos precários e salários menos precarizantes, por outro lado, no sistema capitalista, passam pela regulação política do mercado, sim, mas igualmente pela geração de riqueza pelo mesmo mercado. A riqueza europeia não é pouca, de fato. Mas até por isso, também não é pouca a dívida de vários países. Pode-se, politicamente, questioná-la. Mas não se pode, economicamente, não-equacioná-la.

Trata-se de um dilema afinal advindo da vitória histórica do reformismo europeu, ao lado da derrota histórica da Revolução mundial.

4. A grande confusão contemporânea

Com o fracasso da última, a alternativa de poder ao capitalismo deixou de existir no horizonte do futuro histórico concebível. Com o sucesso do primeiro, o capitalismo dickensiano do laissez-faire seculodezonovista, com seus salários de fome, suas crianças servilizadas, suas jornadas de 12 horas diárias, suas semanas de setes dias e sua total ausência de direitos trabalhistas deixou de existir para dar lugar ao Estado de bem-estar, em que o capital é obrigado a reconhecer direitos fundamentais do trabalho, o qual, a partir daí, passa a lutar diretamente também por uma maior participação na própria riqueza gerada. O que por sua vez aumenta o nível básico de demanda da economia, e portanto o da oferta, e por fim o tamanho do mercado interno, e assim também da riqueza geral do país, num círculo materialmente virtuoso.

Tudo isso é história em terras européias ocidentais. A juventude européia atual não vive como a juventude européia do tempo de Dickens. Nem do tempo de Marx, não por acaso o mesmo: pois o capitalismo dickensiano era a própria razão de ser do marxismo. Porém sua reforma vingou, enquanto a Revolução feneceu. E, acrescente-se, cada uma por mérito e demérito próprios (o fenecimento histórico da Revolução não se deu pela vitalidade histórica das reformas).

A discussão parece girar aqui em círculos, assim como as multidões nas praças européias. A indignação da juventude européia se dá, em suma, fundamentalmente por falta de trabalho e falta de salários. Parece a mesma coisa, mas não é. A falta de salários dignos leva ao empobrecimento material, a falta de trabalhos dignos leva ao empobrecimento existencial. A atual juventude européia então se indigna por muito boas razões. Mas não sabe se a causa e/ou a solução é política, econômica ou político-econômica.

Talvez seja a última, mas há a possibilidade de ser, apesar disso, fundamentalmente a segunda, incluindo a existência da moeda única européia... Em parte talvez seja por haver Estado de menos, como no caso da pouca regulamentação do mercado internacional de capitais, fonte da crise de derivativos de 2008. Mas em parte talvez seja por haver Estado demais, como em qualquer comparação entre o pujante capitalismo europeu e o sempre mais pujante capitalismo norte-americano...

Ninguém sabe ao certo. É afinal por não se saber, e talvez por não se poder saber nada ao certo que os jovens europeus se indignam, e se indignam apenas. Se não re-propõem a Revolução, tampouco demandam por reformas substanciais e consubstanciáveis, como as famosas manifestações do fim do século 19 pela jornada de oito horas. Pode-se cortar a jornada de trabalho por decreto. Mas não se pode, pelas leis próprias da economia de mercado, aumentar por decreto os salários, ainda que se possa estabelecer por decreto um salário mínimo, não por acaso uma conquista pós-dickensiana básica. Mas não se trata agora de salário mínimo, mas de salários dignos. Porém o Estado só parece poder criá-los em situações de enfraquecimento extremo do mercado, como no New Deal rooseveltiano pós Grande Depressão. Mas neste caso, a “dignidade” dos trabalhos e dos salários estatais é relativa à indignidade extrema da miséria generalizada. Nada disso contempla a atual situação européia.

O que pedem os “indignados” europeus é, apesar de tudo, bastante claro. Mas completamente obscuro, por outro lado, é o que eles podem. E não por ignorância política, como as “massas” que seriam guiadas pela “vanguarda” iluminada da Revolução rumo ao Futuro. Mas pela pura e simples inexistência de qualquer projeto político, diga-se, político-econômico, reformista minimamente consistente, uma das marcas principais, aliás, da grande confusão contemporânea.

SINDICATO DE LADRÕES

por Luís Dolhnikoff


1. Ficha criminal

Antonio Palocci emergiu como figura política nacional no rastro de um assassinato: tornou-se o coordenador da campanha de Lula de 2002 em função da morte a tiros do primeiro candidato ao posto, o prefeito de Santo André, Celso Daniel. Tratou-se, além disso, de um assassinato político, de uma “queima de arquivos” ligada a um esquema de propinas, superfaturamento e “caixa 2”. Antonio Palocci, em suma, tornou-se uma figura política nacional em função de um esquema de propinas e de um assassinato político envolvendo diretamente o PT – e a própria campanha presidencial de Lula, na figura de Celso Daniel.

Paralela e independentemente, Antonio Palocci teve seu próprio nome envolvido em outro esquema semelhante, o da “máfia do lixo” da prefeitura da Ribeirão Preto, da qual fora titular. Apesar de tudo (ou por tudo), foi em seguida alçado a ministro da Fazendo de Lula, apenas para ser derrubado pelo escândalo da quebra criminosa do sigilo bancário da um caseiro. Motivo (da quebra criminosa do sigilo): o pobre caseiro testemunhara que o ministro era habitué de certo endereço mal afamado de Brasília, conhecido como “casa do lobby”. Antonio Palocci afinal afundaria em um mais do que merecido – apesar de tardio – ostracismo.

Pois toda sua história política, direta ou indiretamente, está assim, de alguma forma, ligada a crimes, que vão do “caixa 2” ao superfaturamento, de esquemas de propinas ao assassinato político, passando pela quebra criminosa de sigilos bancários (a Caixa Econômica Federal há poucos dias confirmou que a quebra do sigilo do caseiro de fato se originou no gabinete do então ministro da Fazenda Antonio Palocci, o que passou despercebido em meio ao ruído do mais novo escândalo político-financeiro envolvendo seu nome). Que tal personagem tenha retornado à política nacional mais uma vez, e mais uma vez pelas mãos amorais de Lula, para ser o coordenador da campanha e depois ministro-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, entre outras coisas desfaz a máscara da grande “diferença” entre Dilma e Lula, entre criatura e criador, revelando a mesma feia face da promiscuidade com a bandalheira e a bandidagem políticas. A única diferença é mesmo de estilo (da maquiagem política).

Dilma ou não é santa ou é autista. Não há terceira via possível.

Face à desfaçatez faceira de Antonio Palocci, que pretende agora, ao mesmo tempo, poder enriquecer de modo muito mais do que suspeito e manter o sorriso “cordial” e o poder federal, o que importa é aproveitar as novas velhas circunstâncias para tentar lançar alguma luz sobre a nefasta e nefanda força política que tomou conta do país nos últimos anos, o lulo-petismo, cuja síndica atual se chama Dilma Rousseff, e cujos capangas de ocasião atendem pelo nome grupal de PMDB.

2. Análise do DNA

Nesse quadro histórico geral de crimes factuais, é consistente a recorrência do verdadeiro crime ideológico de atacar a liberdade de imprensa, ainda que apenas verbalmente. Foi portanto o que fez nesta semana, no contexto do “caso Palocci 2.0”, o ministro Padilha, ao afirmar que o maior partido de oposição no Brasil é a “grande imprensa”, repetindo assim a letra e o espírito do chefe, Lula da Silva. A razão é conhecida: “gente de esquerda” considera-se certa a priori, nos dois sentidos, no de ter razão e no de ter certezas. Portanto, quando a imprensa discorda da “esquerda”, está errada, e no limite é, em si, um erro. Daí a esquerda, sem aspas, a que antigamente pretendia trocar o capitalismo pela ditadura do proletariado, ter sempre desprezado a imprensa livre, pois tal liberdade era apenas a “liberdade burguesa”. Daí a “grande imprensa” do lulo-petismo não passar de uma atualização pouco imaginativa da velha “imprensa burguesa” da esquerda de antanho. Cabe, todavia, a pergunta: se a “grande imprensa” não tem quaisquer méritos próprios, não passando de um “partido de oposição” (ao lulo-petismo) mal disfarçado, deveria o Brasil trocá-la por uma imprensa nanica, ao estilo de uma pequena república de banana (em vez de uma à altura de uma grande república de bananas, como o Brasil)? Ou, então, ao velho estilo estalinista, por uma imprensa apequenada (pelo medo, pelas vendas e pela venda)?

O PT nasceu ligado aos sindicatos dos trabalhadores para logo se tornar um “sindicato de ladrões”. “Caso Celso Daniel”, “máfia do lixo” de Ribeirão Preto, mensalão e mensaleiros, , “casa do lobby” de Brasília, quebra de sigilos de caseiros, “aloprados” e dossiês, Erenices e Delúbios, caixas 2, 3, 4, empresários “amigos do Lula”, empresários “clientes” de Palocci, a lista é interminável, e demonstra, para quem não tem vocação para a cegueira voluntária, que cada caso isolado não é um caso isolado, mas mais uma manifestação de um mesmo e único fenômeno. Resta acrescentar que Lula é, inquestionavelmente, o grande líder de tais sindicalistas.

3. O principal suspeito

Fundindo o “criminalismo” atávico da política brasileira ao estalinismo congênito da “esquerda”, o lulo-petismo pode afinal ser descrito como um monstro faminto de duas cabeças perniciosas, que veio para devorar devagar a raquítica e anêmica democracia brasileira mal restaurada a partir de 1985.

1 de jun. de 2011

Acha que já viu tudo?

Não conheço Maricá, nem o autor desta mensagem.
Mas o que ele (ou ela) conta que está acontecendo por lá é algo espantoso, surreal.
Há um delírio tomando conta do país, que está sendo exemplificado em Maricá com quase todas as letras (pois ainda há mais, no alfabeto completo).
A parte inicial da notícia é o lamento. Mais adiante, em vermelho, a explicação.
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MARICÁ (RJ) está abandonada




“Venha conhecer Maricá , antes que a cidade acabe!” – esse era o refrão que fazíamos até pouco tempo. Mas, a situação piorou nesses últimos 2 anos. E por isso, não podemos mais usar esse slogan.
No máximo, meu caro turista, poderemos dizer a você: Venha ver o que sobrou de Maricá! A fotografia acima não foi tirada no Iraque. Foi tirada de dentro de um carro. Ao fundo – não parece – é a pista por onde os automóveis, as bicicletas, os pedestres deveriam passar. Aproveite para reparar na fiação dos postes que já envergam, por causa do impacto no solo. Quando um morador lhe disse que certa rua “fechou”, ele está querendo dizer que o mato e o lixo tomaram conta da rua. Este é apenas um pedaço da cidade de Maricá que bem representa o restante do Município. Culpa das chuvas de verão? Culpa de São Pedro? Culpa do turista que não tem mais o que fazer e vem reclamar dessas coisas? Não, responsabilidade do Poder Público Municipal. Cadê a Prefeitura? Cadê o retorno do IPTU, ISS, ITBI e das taxas, que são bem caros?
Se fossem somente essas crateras o problema de Maricá, você, turista, poderia ficar despreocupado. Que é que tem uns buraquinhos e uma suspensão de carro arrasada? Faz parte de sua aventura – assim devem pensar alguns secretários municipais. Mas, acredite, isso é o de menos.
Maricá não possui segurança pública. Não faz tempo, pegaram o chefe do tráfico da Rocinha dentro de um condomínio no Itaocaia Valley. Ele descansava durante o dia e à noite seguia para o seu ofício, no RJ. Bandidos não são bobos. A polícia aperta na cidade do Rio, eles fogem para o interior. Essa é a grande solução que os poderes públicos do estado do Rio estão encontrando pra dar segurança à cidade maravilhosa: expulsar os bandidos de lá. Se vão se esconder nas cidades interioranas, o problema é dessas cidades... E aqui terão um campo muito fértil para atuar: muitas crianças, jovens, pouca oferta de emprego e diversão e lazer, poder público omisso, muitos dólares circulando por causa do COMPERJ, dos resorts estrangeiros, do CT do Vasco, etc. Já levaram 2 vezes o caixa eletrônico do posto-BB da Prefeitura, e ano passado assaltaram o caixa, à mão armada, diante de centenas de funcionários e contribuintes! A prefeitura só quer saber de contratar empresas de fora e encher o cofre. O estado que cuide da segurança pública.
Quem vive há décadas em Maricá nunca pôde imaginar que a cidade chegaria ao ponto a que chegou. Quando que iríamos pensar em ver crianças pedindo esmola na rua ou cheirando crack? Quando iríamos pensar em sofrer saidinhas de banco ou sequestros relâmpagos? No Rio e em São Gonçalo, sim, mas não em Maricá!! Quem imaginaria engarrafamentos de trânsito aqui? Quem pensaria em ver um dia mendigos e camelôs infestando as calçadas diante de pequenos e médios empresários garroteados com impostos?
Você, turista, veja com os próprios olhos, para não achar que aqui fazemos propaganda política ou ideológica ou contra o governo. O prefeito que aí está foi eleito com expressiva maioria, nós demos um voto a ele. Mas, fomos traídos. Em suas justificações, Quaquá diz que precisou de 2 anos para arrumar a casa! E diz agora que foi abandonado pelo Governador Sérgio Cabral. Ou seja: até agora o governo só fez foi arrumar a casa!
Porém, Maricá é uma cidade extensa. O prefeito tem que ser o síndico da cidade inteira e não somente da “casa”. Mas, afinal, o que Quaquá quer dizer com arrumar a casa?
É um ato falho, conforme ensina Freud. Na verdade, sua grande realização em 2 anos serviu para uma turma se arrumar na “casa”. Quaquá resolveu importar quadros do funcionalismo de outras prefeituras petistas. Dê uma olhada com mais atenção no JOM, e perceba o festival de nomeações e contratações – os chamados cargos comissionados. Foram criadas 26 secretarias e 98 subsecretarias! Niterói tem 500 mil habitantes e possui 24 secretarias; Nova Iguaçu, com 900 mil residentes, não tem metade dos comissionados de Maricá, com 117 mil habitantes. A coisa é tão descarada, que Quaquá criou a Subsecretaria de Relações Exteriores para nomear Wellington Ribeiro, que já esteve na Nicarágua pra dar uma força aos “companheiros” revolucionários sandinistas. Criou também, dentro da Secretaria de Esportes três subsecretarias: Subsecretaria Municipal de Fomento da Prática Esportiva; Subsecretaria Municipal de Fomento ao Desporto; Subsecretaria Municipal de Fomento da Melhoria da Qualidade da Saúde Através do Esporte. Existe alguma diferença entre essas subsecretarias? Claro que não. Foram criadas para acomodarem amigos. Ele criou também a Subsecretaria Municipal de Apoio aos Condomínios do Gabinete do Vice-Prefeito. “Apoio aos condomínios”? E por que não se criar uma “subsecretaria de apoio às casas de vila”? Ou quem sabe “subsecretaria de apoio aos prédios”? Não para por aí. Existe a Subsecretaria Municipal de Informações Estratégicas e Apoio Logístico e a Subsecretaria Municipal de Monitoramento de Projetos e Planejamento Estratégico. Para que servem essas nomenclaturas tão pomposas? Até parece que se trata de uma cidade grande e populosa. Para que servem as Subsecretaria Municipal Executiva de Reestruturação da Máquina Administrativa e a Subsecretaria Municipal de Avaliação e Mudanças da Máquina Administrativa? Trata-se de temas iguais que caberiam em uma só subsecretaria, a bem da economia do Erário. Se você não acredita, então vá até o site da Prefeitura.
A prefeitura de Maricá, na pessoa de seu prefeito e de sua secretária de fazenda, respondem a dezenas de processos. Os motivos são vários. Desde Improbidade Administrativa, que rende 5 CPIs ao prefeito, até processos abertos no Ministério Público e na Polícia Federal. Há farta documentação e provas de que houve superfaturamento pela Secretaria de Obras. Foi feito um cálculo: se tudo o que foi comprado chegasse de fato à Maricá, o trânsito pararia, de tantos caminhões enfileirados na rodovia! Quando estourou esse escândalo, foram verificar in loco a empresa fornecedora e encontraram um “armarinho”, uma lojinha que só servia para constar no endereço, em Niterói!
A secretária de fazenda veio de Manaus. Saiu de lá sendo processada pelo vereador Marcelo Ramos. Tenho certeza de que os eleitores desse destemido vereador estão satisfeitos com ele, lá em Manaus. Ele não teve medo de entrar com uma Ação Popular contra ela. Funcionários da prefeitura denunciaram e ele percebeu os esquemas que iam sendo montados. Ah! Como ia ser bom se tivéssemos aqui em Maricá Vereadores que fizessem juz a seus salários, apenas fazendo o que deviam: fiscalizar as contas do governo! Maria Helena é fiscal de rendas de Niterói e já passou por várias prefeituras, sempre como “secretária de fazenda”. Aqui em Maricá ela é “interina” em mais 4 secretarias importantes. Em Nova Iguaçu, “trabalhou” com Lindbergh Farias. Lá ela fez passar a Resolução Nº 004/2006, onde coloca Flávio Consoline para fazer parte de comissão que aprovaria empresa de software de uma empresa da família – a DSF. Ela é sócia-proprietária de uma Consultoria – a CTM, que faz consultas no ramo tributário. Flávio está a frente da Informática e continua participando dessas “comissões para software” aqui em Maricá. Há diversos processos questionando a lisura das licitações milionárias. Principalmente com Peça Oil Distribuidora, DBseller, Engebio, Fortstone, etc.
Há várias coisas “curiosas” acontecendo na Administração Pública de Maricá. Por exemplo: a prefeitura assinou com EASY CAR - que curiosamente é de “Brasília’ – contrato de aluguel de 6 carros por 580 mil reais, pelo prazo de 1 mês! Tem também a empresa LUXOR, que está fazendo reparos no prédio da prefeitura, que assinou convênio com o BNDES, pra subsidiar com 10 milhões de reais. LUXOR consta como prestadora de serviço na prefeitura petista de CAMPINAS / SP, neste Caso Palocci II.
Aqui a imprensa oficial é o jornal JOM, que só aparece quando e para quem quer, com prazos de até 1 mês de atraso. Fica impossível se controlarem socialmente os gastos do governo municipal. Transparência zero. É por isso que há diversos processos no MP e praticamente toda semana chega uma ordem judicial à nossa prefeitura. Vexame.
O governo municipal não pensa num projeto de médio e longo prazos. O negócio dele é vender rapidamente um bom pedaço de Maricá para algum grupo multinacional. Vai maquiar a cidade com alguns empregos temporários, o que atrairá migrantes em busca de trabalho. Vai acontecer o mesmo o que se deu em tantas outras cidades que cresceram articificialmente, apenas sob o ritmo da ganância de políticos e grupos econômicos sem escrúpulos. Veremos nascerem favelas. Tráfico de drogas, saidinha de banco, seqüestros relâmpagos, assaltos e estupros, já estão presentes aqui – como nunca estiveram – mas, daqui por diante vão aumentar em escala surpreendente.
O (des)governo municipal quer mostrar rapidamente ao estado e ao Brasil que é “moderno”: “Vejam, nós temos Cidade Inteligente, nós temos firmas que agilizam serviços”. Factóides. Criação de simulacros. Nunca os serviços públicos estiveram tão morosos como hoje. Uma urbanização e uma modernização feitas às pressas vai deixar a cidade cheia de gargalos e distensões técnicas. Além do mais, isso não é sinônimo de qualidade de vida. Tentou criar revistinhas e jornaizinhos para pôr sua cara e fazer campanha com dinheiro público e se deu mal, o MP chegou em cima. Está proibido por despacho de Procurador. Colocou umas torres em 11 pontos na cidade (quem serão os felizardos moradores que moram perto desses pontos?) e espalhou que era Internet “Gratuita”. Gratuita uma ova, sr. prefeito – essa Internet que o sr. chama de “gratuita” é subsidiada com o nosso suado dinheiro do IPTU, ISS, ITBI e taxas. Nem relógio trabalha de graça...
A saúde pública em Maricá é caso de polícia – todos sabem. Vidas estão morrendo nos leitos. Médicos são acossados, sem material e condições de trabalho. A dengue se espalha. Quaquá soltou o boato de que construiria um hospital de referência em Maricá!! Não há continuidade do serviço público. Não há planejamento estratégico de longo alcance! Apenas factóides para garantirem as eleições no ano que vem. Como, sr. prefeito, o senhor vai fazer o que não fez até agora, em um ano e meio? Vamos dar outro voto de confiança? Só se fôssemos otários ou masoquistas, sr. prefeito. Não é à toa que corre pela cidade o grande jargão sobre o senhor: esse prefeito, pra ficar “ruim”, tem que melhorar muito!
Mas, não podemos confundir o “governo de Maricá” com Maricá inteira. A cidade, graças a Deus, não graças ao governo, é muito maior que essas políticas de rapinagem que estão fazendo aqui. Suas belezas são superiores a essa feiúra de narizes empinados que sobem as escadarias do prédio da prefeitura, saboreando alguns meses de poder, como fossem verdadeiras majestades. Maricá sobreviverá a essa nuvem negra – negra como o petróleo do COMPERJ – que paira sobre ela, que veio soprada de outros rincões.
Em Maricá também temos pessoas de coragem, que são verdadeiros heróis. Sem recursos financeiros ou políticos, utilizam-se de uma arma, que é das mais fortes – a Verdade. Com seus mouses conseguem denunciar as falcatruas do município, mostrando que o Rei está nu. Não têm medo de retaliações, num município sem segurança, em que já houve vários atentados a pessoas públicas e várias ameaças de morte. Inclusive, por telefone. São as nossas minorias abraâmicas. São nosso Rei Davi, que girando uma pequena pedra, alcança e derruba o gigante do poder público e econômico. Parabéns a Ricardo Vieira, pela sua coragem e determinação de salvar a cidade, botando a boca no trombone. Bem escreveu um internauta: o Território Livre é o nosso Wikileaks. Parabéns a Tiago Rangel, que hoje paga o preço de viver ocultado em razão de ter denunciado tudo ao MP! Parabéns a todos os que se empenham em mostrar a Verdade! Deus sempre os proteja e os ilumine!
Meus pêsames a quem, podendo, não moveu uma palha para desbaratar a quadrilhagem que busca a todo custo se instalar em Maricá. Pêsames àqueles que – tendo a função social de investigar e denunciar – apenas fizeram jogo de cena.
Se você também ama esta cidade, tome uma iniciativa. Não peço que se filie a partido algum, você é livre para escolher em quem votar. Apenas se posicione quanto ao descaso do desgoverno de Maricá, nesse momento tão crucial. Vamos usar as redes sociais – que são as ferramentas de hoje em dia. São nossas armas pacíficas, para que mais gente saiba o que acontece aqui, nessa linda cidade cercada de verdes morros, lagoas e praias de águas límpidas que infelizmente sofre invasão de abutres, ratos, raposas e camaleões que são muito mais nocivos que o pobre caracol africano e o pernilongo. Para que outros saibam que aqui existe um povo e trabalhadores competentes para assumirem o destino de sua cidade. Saibam vocês que isso o que aí está não nos representa. Aqui o povo não governa. Quem governa Maricá são forasteiros apenas interessados em fazerem pé-de-meia e trampolim para candidaturas políticas. O que essas pessoas entendem de Maricá, para oferecer o que a cidade precisa realmente? Podem entender de fazer licitações em tempo record, mas de Maricá nada sabem, pois caíram aqui de paraquedas sobre nossas cabeças. Divulgue esse e-mail. Seja um Ciberativista. Denuncie para os Blogs, para amigos e parentes. VAMOS SALVAR MARICÁ! Se não acredita no que foi dito, verifique abaixo. Ou converse com alguém mais antigo na cidade. Fique à vontade.
http://www.marica.com.br/2011/mail/0605maricabrasilia.htm
http://www.marica.com.br/territoriolivre.htm
http://www.elizeupires.com/2011/05/marica-sa.html
http://www.elizeupires.com/2011/05/mp-aumenta-colecao-de-inqueritos-do.html
http://madrid.indymedia.org/node/14671
http://www.marica.com.br/2011/mail/0804mh.htm
http://www.portaldoholanda.com/noticia/3711-maria-helena-acusada-de-direcionar-licitacao.html
http://www.marica.com.br/2011/docs/1504carguinho.htm
http://www.maricaemfoco.com.br/online/index.html
http://tavares-falatudo.blogspot.com/2011/05/tentaculos-dos-ptralhas-marica.html
http://www.youtube.com/watch?v=p4anN6DEgfs