_________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________

30 de mai. de 2011

A última tentação de Palocci

GUILHERME FIUZA, Revista ÉPOCA

Finalmente a verdade veio à tona. Foram cinco meses de doce hipnose. Muita gente que detesta Lula e não vota no PT nem amarrado declarou-se entusiasmado com Dilma Rousseff. Por que, afinal? Porque ela é mulher. Porque ela fala pouco. Porque ela não faz bravatas. O Brasil avalia presidentes como se avaliasse ator de novela: “está muito bem no papel”, “acertou no figurino”, “não me incomoda na hora do jantar”. Só uma pessoa poderia cortar esse estranho devaneio coletivo: Lula.

E ele o fez com uma única frase, sincera e definitiva: “Se tirarem o Palocci, o governo dela (Dilma) vai se arrastar até o final”.

Não deixa de ser um grande alívio. Já estava ficando aflitiva a catalepsia geral. Até o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – uma espécie de recreio dos governantes, onde notáveis se reúnem para fazer nada em grande estilo – vinha sendo exaltado como ponto positivo da administração Dilma. O próximo passo seria a indicação do Ministério da Pesca ao Nobel da Paz. O país deve ser grato a Lula pelo esclarecimento providencial: sem Palocci, o governo Dilma não anda – se arrasta. Com todo respeito à laranjada de mitos feministas e esquerdistas que o sustenta.

Lula disse isso a senadores do PT, na já famosa reunião SOS Palocci. Sua intenção era nobre: lembrar aos distraídos que o ministro-chefe da Casa Civil não é importante para o governo – ele é o governo. O ex-presidente sabe bem do que está falando. Em 2002, quando foi eleito sucessor de Fernando Henrique, Lula tinha nas mãos nada mais que as bandeirolas xiitas do PT e uma alegoria de marketing chamada Fome Zero. O único de seu time que compreendia a diferença entre bater panela e governar era Antonio Palocci.

Quem mais naquela turma entenderia que o Banco Central não era exatamente um lobo mau a ser abatido com slogans populistas? Quem entenderia que responsabilidade fiscal não era palavrão da direita? Quem mais entenderia, política e tecnicamente, o que eram metas de inflação e superavit primário? Ninguém mais – tanto que a assembleia petista bombardeia esses conceitos até hoje. Acreditam que eles foram a “concessão neoliberal de Lula”, e nem de longe desconfiam que aí estava a galinha dos ovos de ouro, que os alimentou fartamente de votos.

Palocci foi um excelente ministro da Fazenda, e Lula teve seu momento de estadista ao lhe dar poder. Mas Palocci caiu, e Lula teve de inventar Dilma para suceder-lhe. Sabendo da aventura em que estava se metendo, o ex-presidente fez o óbvio: escalou Palocci para governar Dilma, na campanha e na Presidência. Tinha plena consciência de que sua sucessora, que mal consegue completar um raciocínio em público, não teria estatura para construir uma liderança de fato.

É o que se viu nesses cinco meses. A inflação soltando suas labaredas, Dilma e Mantega dando ordens-unidas que o mercado ignora, e Palocci segurando as pontas sozinho do combate à gastança pública – e sendo, naturalmente, sabotado pelo PT por causa disso. Mas permaneceu forte, porque o mundo político respeita quem sabe o que faz. Só quem não respeita Palocci é ele mesmo.

Um dos políticos mais promissores do país, capaz de se reerguer depois de cair em desgraça por causa de uma casa de tolerância, o médico de Ribeirão Preto calibrou mal suas ambições pessoais. Fraquejou no lema que parece religioso na escola petista: usar o Estado para arrecadação privada. Palocci não resistiu à tentação de converter sua influência política em cachê. Mesmo no comando da campanha vitoriosa de Dilma, com seu futuro atrelado ao futuro do país, achou que era hora de faturar uns milhões por fora. Ou, no caso, por dentro.

A notícia é muito pior para o país do que para o governo. Este, como disse Lula, vai só se arrastar. O outro talvez ande para trás.

Do "Sanatório Geral" de Augusto Nunes...

Maleiro sem rumo

“O pior que pode acontecer agora é o governo parar”.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e carregador de malas de Lula e Dilma Rousseff, discordando de todos os brasileiros sensatos, para os quais o pior que pode acontecer é o governo continuar assim.

MATARAM A IDEOLOGIA PARA VIVER NO GOVERNO!


“Com o tempo e a vertigem da impunidade, o grupo dirigente construiu uma máquina de arrecadação de recursos, através de operações financeiras não contabilizadas, que transformaram o governo numa árvore de decisões de corrupção sistêmica.”

Waldo Luís Viana*

O governo atual virou uma árvore imensa cujos frutos tornaram-se azedos e amargos, em virtude da presença parasitária das plutocracias e oligarquias que formam uma rede invencível e pós-moderna, alimentada através da seiva de corrupção que corre dentro dele.

Criando gosto pela vitória fácil no terreno eleitoral, que gera frutos através do abuso do poder econômico, externalização de capitais e caixas 2 e 3, recolhidos às escuras através de apanhadores escolhidos e adestrados – os atuais dirigentes aburguesaram-se completamente, tornando-se arremedo, caricatura e metamorfose ambulante do próprio passado.

Hoje, aboletados nas boquinhas estatais ou em mandatos, tencionam enriquecer rapidamente para enfrentar as próximas eleições e não têm a menor vergonha de desdizer tudo o que disseram por anos seguidos.

É claro que ainda recorrem a Gramsci, do mesmo modo como os decrépitos dirigentes da ex-burocracia soviética se referiam a Marx, Lênin e Stálin para apoiar seus decadentes projetos ditatoriais. Quando a União Soviética implodiu, nos anos 1990, apanharam os capitais acumulados fraudulentamente no exterior e voltaram para a “nova” pátria para abocanhar o velho poder através de máfias capitalistas instantaneamente constituídas.

No Brasil, da segunda década do século XXI, a esquerda carcomida e sem ideologia virou “socialista de mercado”, isto é, apoia um vale-tudo para manter o poder a qualquer preço, privatizando o Estado através de um projeto que aceita desde os coronéis da direita oligárquica e seus agentes até banqueiros de esquerda. Aliás, a revolução socialista nacional (ou nacional-socialista) com certeza será instaurada, sem dúvida, com o dinheiro de nossos maiores bancos e estatais...

Até mesmo o tal Gramsci, tão acalentado como ideólogo do nosso bordelzinho pós-moderno, foi ultrapassado pelo realismo eleitoral, que precisa arrebanhar as fatias fisiológicas dos partidos, montando uma coalizão sem rosto, mantida a custa da distribuição de cargos em todos os escalões e de um ministério medíocre e completamente invertebrado.

A putaria na mídia e o futebol empolgante completam o quadro, encantando o povão narcotizado, que não tem qualquer meio de protestar diante da cruel realidade em que vive e da qual nem suspeita, porque o pão e circo viraram política de Estado. É a alienação marxista às avessas, dialeticamente aplicada para fazer calar qualquer movimento ou processo social reivindicatório.

As Forças Armadas, tornadas esquadrões empobrecidos, técnicos e despolitizados, assistem a tudo impassíveis, tropas de mobilização da ONU, tapa-buracos de pontes e distribuidoras de mantimentos para desabrigados de tragédias naturais. Serviçais do poder civil e das autoridades partidárias, nada mais representam a não ser exemplos antigos de obediência e disciplina, valores nostálgicos que nada valem hoje em dia.

Não existem mais greves porque os sindicatos e órgãos de representação dos estudantes estão amordaçados pelo suborno governamental e os empregados privados nada podem reivindicar, porque o fantasma do desemprego é permanente e por demais palpável para ser desafiado. Greve no Brasil só de funcionários públicos, com salários e empregos garantidos...

Nosso judiciário também continua o mesmo: agilíssimo contra os pobres e lento e soberbo a favor dos ricos. Os maiores escritórios de advocacia encarregam-se de liderar a distribuição de renda, conseguindo tomar dos ricos o dinheiro necessário para que estes continuem em liberdade, gozando da impunidade e dos nobres institutos de julgamento por tribunais superiores.

Nesse quadro burlesco, o partido majoritário recria-se a cada dia, no tsunami da corrupção. Um escândalo sucederá outro e – podem crer, assustados leitores – nada, absolutamente, irá acontecer. O apanhado aqui, com a mão na botija, poderá até ser demitido, mas será rapidamente substituído por outro do mesmo jaez, para cumprir a mesma função. E a caudal de submissão ao dinheiro ficou tão poderosa que carrega os órgãos públicos de roldão: nada consegue suportar a majestade da concupiscência e luxúria no país. E o povão no fundo aprendeu a adorar os corruptos, considerando o mote: “quanto mais ladrão mais querido”, como já disse até, com espírito de síntese, uma experiente deputada carioca...

Vejam o que ocorre com as obras da futura Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016! É muito simples: o governo deixará tudo para a última hora para gerar a urgência e o cancelamento das licitações previstas na arrombada lei nº 8.666, com o necessário superfaturamento das obras. Entrarão em ação as manjadas empreiteiras e a teia vasta de favorecimentos que garantirão, em seguida, o pagamento das propinas para a farra eleitoral dos “socialistas de mercado” que queiram se eleger logo depois. Todo o processo naturalmente consagrado pelas leis e resoluções da ingênua Justiça eleitoral e pelo voto eletrônico sem recibo dos eleitores.

Assim, vemos no Brasil a legítima morte de toda e qualquer ideologia. Qualquer corpo de valores teve mesmo que morrer para que seja mantido a qualquer custo o governo que conhecemos. E vale o escrito, onde “está tudo dominado”, num funil restrito e dividido entre os que estão roubando e os que querem roubar. E nós, pobre povo, somos o resto, sem diferença...

Como Deus é brasileiro, nunca neste país haverá juízo final, apenas um dilúvio fecal. É isso aí...

___

*Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e adora ficção científica.

Teresópolis, 29 de maio de 2011.

29 de mai. de 2011

BRASIL ACÉFALO

por Aileda de Mattos Oliveira

O brasileiro satisfaz o seu velho e insuportável complexo de inferioridade, copiando o figurino político de países evoluídos, sem atentar que o modelo é grande demais para a sua pequenez cultural. Ouve falar na desenvoltura da ministra alemã, viu consolidado o regime chileno quando dirigido por mãos femininas, e acredita na caricatura de presidente como a da Argentina. Por isso, elegeu uma mulher, dura e sem ternura, que por força dos compromissos de campanha, não pode ter a independência desejada. Optou pelo modelo argentino, típico do tango passional. Marido e mulher, parceiros, sentados no mesmo trono, um pouquinho cada um, tendo o Estado à sua disposição. A Senhora Rousseff foi a primeira mulher eleita ao mais alto cargo da república brasileira. E daí? Vergonha para as mulheres, por lhe faltar o essencial, a competência administrativa. Vexame para as mulheres, por não ter postura de mandatária do país. Hoje, sentam-se no trono republicano o “ex- que não quer sair” e a desajustada Rousseff. Pelo que se percebe, através das notícias veiculadas, a anarquia no centro político do país mantém o Brasil prensado no modelo de governança de rifa entre amigos. A impressão que se tem é que o “país de todos”, não é de ninguém, está acéfalo, sem governo, sem leme, sem rumo, à deriva. Chega de dizer que a economia, copiada do mercenário anterior, vai bem. O país vai mal, porque as suas instituições básicas estão doentes, inoculadas que foram pelo gérmen corruptor petista. Brasília parou, porque um indivíduo pertencente à malta resolve enriquecer sem trabalhar e, por ser um escolhido dos deuses, nada deve em termos de explicações à justiça. Justiça? Mas que justiça? Alguém viu a justiça por ai? O novo rico, que aumentou em vinte vezes o seu patrimônio com os três pedidos ao gênio da lâmpada, assemelha-se, numa formatação tecnologicamente mais desenvolvida, ao Paulo César Faria, da triste Época Collor. Esta representou a irresponsabilidade da juventude collorida, já que o homem estaria melhor nas publicidades de cigarro, bebidas e carros. A Senhora Rousseff não tem estilo nem estampa para propagandas; arrasaria com o capital das empresas como faz com o país, ao liberar aos parceiros o direito de não dar satisfação pública do dinheiro acumulado. Não adianta, o estigma de povo sem cultura, de governos espertos, entreguistas, corruptos, está arraigado na latinidade sul-americana. No horizonte político brasileiro não se percebe a presença da Senhora Rousseff. Os acontecimentos indicam que seus “muitos amigos” vão, aos poucos, tirá-la do caminho por não saber manobrar o leme quando a maré ameaçar a doce vida dos peixes grandes. Este Gigante precisa agir, o mais rápido possível, antes que a barbárie política acabe com ele, mas é ostensiva a sua preferência em manter-se ausente do cenário das disputas por dinheiro e mais dinheiro, que a impunidade respalda. Se o Gigante não tem vontade, impossível se torna agir contra a iniquidade.

27 de mai. de 2011

Mais uma baita explicação

Como a esquerda errou com o Islam

por Daniel Greenfield
Original: How the Left Went Wrong with Islam
Tradução: DEXTRA

O que torna a sub-reptícia correção política a respeito do Islam tão espantosa é a sua novidade. Não faz tanto tempo assim que tanto a Direita quanto a esquerda concordavam ambas que, como religião e movimento político, ele era perigosamente atrasado e violento.

De Winston Churchill ("A religião maometana aumenta, ao invés de reduzir, a fúria da intolerância") a Karl Marx, ("O Islamismo condena a nação dos infiéis, estabelecendo uma permanente hostilidade entre os muçulmanos e os infiéis"), proeminentes figuras na Direita e na esquerda possuiam uma compreensão realista do Islam. Elas o desprezavam como sendo violento, bárbaro, ignorante e perigoso. A Direita via o Islam como uma ameaça à hegemonia cristã ocidental. A esquerda o via como um movimento reacionário de fanáticos supersticiosos. Elas podiam louvar os generais ou cientistas árabes, mas não o próprio credo.

Onde, então, foi parar aquele consenso perdido sobre o Islam? Pode-se encontrar uma resposta na União Soviética.

Ao contrário da Europa Ocidental, o Império Russo tinha uma grande população muçulmana. Enquanto os socialistas ocidentais visavam uma população majoritariamente cristã, tomar o Império Russo era praticamente impossível sem fazer uma aliança com os muçulmanos orientais. Esta diferença moldaria a atitude socialista em relação ao Islam.

Embora os comunistas desdenhassem o Cristianismo e o Judaísmo como sendo superstições atrasadas, eles tiveram uma atitude diferente em relação ao Islam. Lênin prometeu aos muçulmanos que suas mesquitas seriam protegidas pela revolução e enfatizou uma atitude de sensibilidade cultural que respeitava as tradições muçulmanas. As ativistas comunistas usavam véus ou cobriam o cabelo para trabalhar com as populações locais. O mais chocante é que enquanto os comunistas desmantelavam a Igreja Ortodoxa e as sinagogas judaicas, tribunais da lei islâmica da Xaria estavam sendo administradas sob um Comissariado Soviético de Justiça.

Um dos efeitos mais notáveis da aliança foi a tentativa comunista de encontrar um terreno em comum, articulando sua doutrina em termos islâmicos. Os comunistas faziam campanha contra a religião como sendo uma superstição, mas isto era traduzido como Khurafat, uma campanha para limpar as formas heréticas de magia. A diferença era substancial e fundamental. Enquanto os comunistas no resto da União Soviética punham a religião fora da lei, os comunistas muçulmanos extirpavam heresias sob a autoridade da revolução. A URSS tinha se tornado a implementadora do Islam.

A tradução das idéias socialistas nos termos muçulmanos criou a ilusão de um terreno em comum. Ambos os lados ouviam o que queriam ouvir. Mas as idéias comunistas e muçulmanas de revolução eram dramaticamente diferentes. Enquanto Moscou falava de igualdade das mulheres, os comunistas muçulmanos enchiam seus yurts sujos de esposas-crianças. Quando os líderes soviéticos foram perceber o que estava acontecendo eles já tinham uma guerra civil nas mãos. Os comunistas venceram no curto prazo, mas somente ao custo de aceitar práticas muçulmanas como a poligamia. E os muçulmanos podem ter vencido a guerra de longo prazo.

A estranha fusão entre o Islam e comunismo não durou muito, mas teve um impacto duradouro sobre a visão da esquerda a respeito do Islam. Ela transformou o Islam, aos olhos de muitos socialistas ocidentais, em um movimento progressista. A legitimidade temporária outorgada aos jihadistas pan-islâmicos e os boletins trombeteando a natureza progressista do Corão e o brilho de Maomé vindo da pátria do socialismo alterou a visão de muitos socialistas e os ensinou a ver os muçulmanos como aliados. Pode até ter dado a alguns deles a idéia de que introduzir grandes populações muçulmanas na Europa seria a chave para uma revolução bem-sucedida.

Slogans como "Vida longa à União Soviética, vida longa à Xaria", ecoam hoje entre a esquerda. A atitude soviética de ver o Islam como uma forma imatura de socialismo informa a maior parte da cobertura a respeito da Irmandade Muçulmana. Também foi assim no caso do aiatolá Khomeini, durante a revolução iraniana.

As "Teses sobre a Questão Ocidental" do Quarto Congresso da Internacional Comunista trataram o Islam como parte da "grande diversidade dos movimentos revolucionários nacionais contra o imperialismo." Mas diversidade não queria dizer igualdade. Diversidade, nestas teses, significava atraso. O Islam era Comunismo para selvagens. O Corão era Das Kapital para gente primitiva. "À medida em que os movimentos de libertação crescerem e amadurecerem", diziam estas teses, "os slogans político-religiosos do pan-islamismo serão substituídos por demandas políticas."

O Islam era um estágio intermediário no caminho para o comunismo. No final, sua bagem política iria cair e ele se tornaria um movimento plenamente político e anti-imperialista. Estas mesmas idéias são amplamente compartilhadas pela esquerda hoje. É assim que eles conseguem justificar sua aliança com a Irmandade Muçulmana. Como os jihadistas, a Irmandade Muçulmana é de esquerda, só que ainda não sabe. Os muçulmanos pensam que Moisés e Jesus eram muçulmanos, mas não sabiam. A esquerda acredita que Maomé era um progressista, mas não sabia.

As Teses distinguiam entre as classe dirigentes muçulmas e todas as outras. "Somente entre povos como os nômades e os semi-nômades, onde o sistema feudal-patriarcal ainda não se desintegrou ao ponto em que a aristocracia nativa está completamente dissociada das massas, é que os representantes da eleite podem se apresentar como líderes ativos na luta contra a opressão imperialista (Mesopotâmia, Marrocos, Mongólia)". Dois dos três exemplos listados eram muçulmanos. Esta explicação convoluta lhes permitiu incluir os líderes muçulmanos e manter o governo tribal e islâmico como estando integrado com as massas. Uma explicação genuína para a manutenção dos mini-califados que os pan-islamistas queriam.

Embora os comunistas dos anos 20 ainda distinguissem seu credo como sendo superior e o Islam como sendo inferior, estas distinções foram erodidas entre a esquerda pós-moderna, ao ponto de deixarem de existir. Todos os movimentos revolucionários são tratados como iguais, desde que sejam apontados contra o imperialismo ocidental. Os islamistas são apenas parte daquela "grande diversidade". Sua abordagem da justiça social é um aspecto de sua cultura. Sua perversidade embasa a aliança vermelha e verde.

Em 1920, o Congresso do Povo de Baku conclamou a uma "guerra santa", uma "ghazavat" contra a Grã-Bretanha. "Os povos do Oriente, unidos com o proletariado do Ocidente sob a bandeira da Internacional Comunista... convocam nossos povos a uma guerra santa."

Invocando tanto "a bandeira verde do Profeta" quanto "a bandeira vermelha da Internacional Comunista", nesta "primeira guerra santa de verdade" com a sanção dos ulemás (clérigos islâmicos), a aliança vermelha e verde foi constuída sobre uma falha geológica. Era uma falha geológica sobre a qual Marx poderia tê-los alertado, se eles tivessem estado dispostos a ouvir.

Karl Marx havia observado que "O Corão e a legislação muçulmana que dele emanam reduzem a geografia e a etnografia dos vários povos à distinção simples e conveniente entre duas nações e dois países, o dos fiéis e o dos infiéis" e acrescentou: "O infiel é o inimigo."

Os comunistas, como seus homólogos modernos, não entenderam esta distinção simples e conveniente. Eles achavam que podiam misturar a bandeira vermelha e a verde. Os exércitos muçulmanos lutariam em guerras santas para eles e o secularismo soviético no final substituiria o Islam. Sua incapacidade em entender o que é o Islam; sua opinião de que eles poderiam se aliar e ficar do mesmo lado que os exércitos dos fiéis; de que eles podiam conclamar uma Guerra Santa "contra a Grã-Bretanha imperialista" e fazê-la "queimar com um fogo inapagável" e ainda assim não se queimarem; tudo isto foi repetido não só pela esquerda, mas pelos Estados Unidos e pela Europa.

A União Soviética tentou transformar a identidade muçulmana em uma identidade comunista. E este esforço facrassou feio. Os comunistas continuaram sendo infiéis. Agora estamos tentando transformar a identidade muçulmana em uma identidade democrática e também estamos fracassando miseravelmente. A identidade muçulmana não vai se ampliar para nos incluir. Do mesmo modo que não se ampliou para incluir os comunistas. Nossos esforços para secularizar a identidade muçulmana e torná-la algo mais amplo nunca vão alcançar além de um pequeno número de pessoas que concordam conosco.

O Islam não é uma identidade em desenvolvimento, mas uma identidade divisora. Uma idantidade que define a si mesma em contraste com o infiel. E ela precisa de que o infiel ofereça este contraste. "Os navios corsários dos estados berberes", escreveu Marx, "eram a esquadra sagrada do Islam." Não por causa de alguma função religiosa que os corsários estivessem realizando, mas tão somente pelo simples fato de que estavam combatendo os infiéis. O contraste é a essência do Islam. Só mantendo distinções entre si e o infiel é que o muçulmano sabe quem ele é.

Bertrand Russell identificou o fanatismo político como a identidade comum tanto dos muçulmanos quanto dos comunistas, escrevendo que "o maometismo e o bolshevismo são práticos, sociais, não-espirituais, preocupados em ganhar o império deste mundo." A obssesão em ganhar o "império deste mundo" levou a esquerda a uma aliança com os islamistas. A irracionalidade mútua de ambos os lados (movimentos caracterizados ambos pela incapacidade de tirarem lições seus próprios fracassos), os levou adiante em suas pretensões descaradas de império. A única coisa com que eles concordam é em sua oposição ao atual sistema. Mas sua nova ghazadat não terminará em um mundo melhor, mas na infelicidade e na derrota de todos.

Baita explicação


O "processo de paz" como uma representação simbólica do bem e do mal


por Lawrence Auster
Original: The "peace process" as a symbolic representation of good and evil
Tradução: DEXTRA


Por que Obama exige que Israel abra mão de um território essencial para sua segurança, que o país possui e desenvolve há 44 anos, mas não exige que o Hamas elimine de sua Carta o chamado à destruição de Israel?

A resposta se encontra no "roteiro" do esquerdismo moderno, no qual todos os fenômenos da sociedade esquerdista são automaticamente encaixados. Como já expliquei antes, o roteiro esquerdista tem três personagens: (1) o esquerdista, que representa o princípio da bondade, definida como compaixão para com e inclusão dos não-brancos/não-ocidentais e outras vítimas; (2) o não-esquerdista, que representa o princípio do mal, definido como ganância, discriminação e intolerância para com não-brancos/não-ocidentais e outras vítimas; e (3) o não-branco/não-ocidental ou outra vítima, que não é ele mesmo um ator moral, nem mesmo um ser humano totalmente formado, porque sua função no roteiro não é fazer nada, mas sim ser o recipiente passivo ou da bondade do esquerdista ou da maldade do não-esquerdista. Se o não-branco/não-ocidental fosse um ator moral, então suas próprias ações, inclusive suas más ações, teriam que ser julgadas. Mas julgá-lo negativamente seria discriminá-lo, o que viola o próprio significado e propósito do esquerdismo -- a eliminação de toda a discriminação contra não-brancos-não-ocidentais como as vítimas históricas da maldade não-esquerdista. Portanto, o não-branco/não-ocidental não pode ser visto como um ator moral -- como um ser humano que age e é responsável por suas ações.

No "processo de paz", Obama é o esquerdista que busca uma política de generosidade e compaixão em relação ao não-branco/não-ocidental, i.e., os palestinos. Netanyahu é o não-esquerdista (não que ele necessariamente seja um não-esquerdista na realidade, mas ele recebe este papel no roteiro), que rejeita qualquer ato de generosidade, qualquer "concessão", para com os palestinos. Por fim, há os próprios palestinos, as vítimas não-ocidentais das quais nada se espera, nem mesmo que eliminem o chamado em sua Carta à destruição de Israel. Sua única função é revelar, pelas ações de outros em relação a eles, a bondade ou o mal destes outros. Obama busca dar aos palestinos seu próprio estado, então Obama é generoso, inclusivo e bom. Netanyahu se recusa a dar aos palestinos seu próprio estado, então Netanyahu é ganancioso, excludente e mal.

Este é o significado inteiro do "processo de paz" e a razão pela qual ele continua para sempre, muito embora ele não se aproxime do sucesso e, por sua própria natureza (dadas as reais intenções assassinas dos palestinos para com Israel), ele não possa se aproximar do sucesso. O retrato feito pela mídia esquerdista da questão israelense-palestina é uma representação simbólica da visão esquerdista do mundo e da virtude moral dos esquerdistas. Através da constante repetição desta representação simbólica, a sociedade esquerdista -- quer dizer, o domínio esquerdista sobre a sociedade -- é continuamente re-legitimado, revitalizado e renovado.

15 de mai. de 2011

Foram eleitos para isso?

Da Coluna de Dora Kramer, neste domingo, intitulada "Supremacia":

O governo já conseguiu fazer com que o valor do salário mínimo seja estabelecido anualmente por decreto, pondo fim ao debate de todos os anos no Congresso. Agora, na proposta do novo Código Florestal, quer estabelecer que as permissões de plantio em área de preservação permanente nas margens dos rios sejam também decididas por decreto. Para as obras necessárias à realização da Copa o Mundo de 2014, tenta aprovar uma legislação específica para fugir dos rigores da Lei de Licitações, alegando urgência depois de ter tido quatro anos desde a indicação do Brasil para dar início aos trabalhos pelo processo normal. O controle dito “social” dos meios de comunicação só poderá ser considerado fora da agenda, como prometeu a presidente Dilma Rousseff, depois de divulgado o texto do projeto de regulação em exame no Ministério das Comunicações.

Já cooptou os movimentos sociais, desmontou a autonomia das agências reguladoras, manda na maioria dos partidos (cuidadosamente desmoralizados), influencia na redistribuição de forças dissidentes do campo adversário, estimula as lideranças que lhe parecem mais convenientes na oposição, trabalha para adaptar a reforma política aos seus interesses (por que Lula cuidaria pessoalmente do assunto?) e por aí vão os exemplos. São fatos, não visões de fantasmas ao meio-dia.

O governo caminha, devagar e no uso dos instrumentos disponíveis na democracia, para conquistar o controle das instituições construindo uma hegemonia política, social, legislativa, cultural e mais o que puder açambarcar até consolidar-se na posição de suprema instância de decisão. Faz isso nas barbas de uma sociedade inerte e de uma oposição cúmplice que parecem ter dificuldades para decodificar sinais e ligar os pontos. O avanço do Executivo sobre as instituições é esperto, pois não se dá a partir de um projeto explícita e assumidamente autoritário: acontece de maneira sub-reptícia, por meio de movimentos isolados que, no entanto, têm sempre como pano de fundo o objetivo da dominação, da prevalência absoluta de uma força política sobre as demais.

A aparência é democrática, mas a intenção é francamente impositiva, considerando-se que não se vê um só gesto plural, que aceite o contraditório como algo natural. Só o pensamento alinhado ao governismo é tido como democrático e a divergência, tachada de antipatriótica, “perdedora”, indigna de atenção. O raciocínio segundo o qual quem ganhou as eleições é quem tem razão está disseminado em todos os setores: na política, no mundo dos negócios, na sociedade e, um pouco menos, também na imprensa.

A discussão e as tentativas de votação do novo Código Florestal encerram demonstrações de sobra a respeito do acima exposto: o governo não tem maioria para aprovar o ponto que para ele é crucial – o poder de mando discricionário sobre as áreas de proteção – e, no lugar de compor, procura impor. É a lógica de sua atuação.Não há crise na base. O que existe são interesses conflitantes que permeiam todas as bancadas no tema específico do uso produtivo da terra e da preservação ambiental. O impasse se dá justamente porque o governo não administra divergências. Simplesmente quer vê-las extintas.

3 de mai. de 2011

Curso Rápido de Gramática

Filho da puta é adjunto adnominal , quando a frase for: ''Conheci um político filho da puta".

Se a frase for: "O político é um filho da puta", daí, é predicativo .

Agora, se a frase for: "Esse filho da puta é um político", é sujeito .

Porém, se o cara aponta uma arma para a testa do político e diz: "Agora nega o roubo, filho da puta!" - daí é vocativo .

Finalmente, se a frase for: "O ex-ministro, José Dirceu, aquele filho da puta, desviou o dinheiro para o mensalão" daí, é apôsto .

Que língua a nossa, não?!

COMPLETANDO: Se estiver escrito: "Saiu da presidência em janeiro." O filho da puta é sujeito oculto .

por Saramar

1 de mai. de 2011

A Internet nunca substituirá o jornal

O jornal impresso, como sempre o conhecemos, realmente não poderá ser substituído pela internet.
A seguir alguns dos importantes usos do jornal:

Uso doméstico:
Amadurecer banana, abacate...
Recolher lixo.
Limpar vidros.
Dobradinho, serve para nivelar os pés da mesa.
Embrulhar louças na mudança.
Recolher a sujeira do cachorro.
Forrar a gaiola do passarinho.
Cobrir os móveis e o piso antes de pintar a casa.
Evitar que entre água por baixo da porta.
Proteger o piso da garagem quando o carro está vazando óleo.
Matar moscas, baratas e demais insetos.
Em época de crise econômica, usá-lo como papel higiênico, mesmo que seja um pouco duro, liso e não higiênico. Mas é quebra-galho. Aliás, é só para isso que a grande massa de brasileiros iletrados o usa.

Uso educativo:
Bater no focinho do cachorro quando faz xixi dentro de casa.
Fazer barquinhos de papel.
Arrancar um pedacinho em branco para anotar número de telefone.

Usos comerciais:
Alargar o sapato.
Rechear bolsas para conservar a forma.
Embrulhar peixes.
Embrulhar pregos na loja de produtos para construção.
Fazer um chapeuzinho para o pintor ou para o pedreiro.
Cortar moldes para o alfaiate ou para a costureira.
Embrulhar quadros.
Embrulhar flores.

Uso festivo:
Acender a churrasqueira.
Rechear a caixa de presente-surpresa.

Outros Usos:
Para os sequestradores usarem suas letras nas cartas.
Fazer bolinhas para jogar nos companheiros de classe.
Fazer proteção na cabeça para não estragar a chapinha quando estiver garoando.
Nos filmes, para os bandidos esconderem o revólver.
Para esconder-se atrás dele quando não quiser que te vejam.

Ah!!!!!! E por último: para ler as notícias.
Poderia me dizer se você consegue fazer tudo isso com o computador?