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28 de nov. de 2011

Mar de lama

Um país de mentira

Blog do Noblat

(...)

O mecânico Irmar Silva Batista, filiado ao PT há 20 anos, tentou criar o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios no Estado de São Paulo.

Em 2008, ele bateu à porta do Ministério do Trabalho para tratar do assunto com o então secretário de Relações do Trabalho, o ex-deputado Luiz Antonio de Medeiros.

O ministro já era Carlos Lupi, presidente do PDT. Medeiros encaminhou Irmar a Eudes Carneiro, assessor de Lupi.

Eudes trancou-se com Irmar em uma sala. Primeiro, pediu-lhe que desligasse o telefone celular. Em seguida cobrou R$ 1 milhão para liberar o registro do sindicato.

Irmar denunciou o caso a parlamentares do PT – entre eles, o senador Eduardo Suplicy.

Sem sucesso. Então escreveu uma carta a Lula. Sem resposta.

Um mês depois da posse de Dilma, Irmar enviou-lhe uma carta por e-mail contando em detalhes tudo o que se passara. Mandou cópia para Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência.

No dia 9 de março último, o Palácio do Planalto confirmou o recebimento da carta.

Na semana passada, a assessoria de imprensa da presidência informou que nenhuma providência a respeito pode ser tomada porque o trecho da carta que narrava a patifaria acabara cortado da mensagem. (...)

Íntegra aqui.

26 de nov. de 2011

O Incitatus brasileiro

"Não dá para aceitar que a imprensa fique derrubando ministro de 15 em 15 dias."

Deputado Federal Paulo Pereira da Silva, vulgo Paulinho da Força.

24 de nov. de 2011

A Santa Seita

* Muito bem, pessoal; quem vai pagar a conta?
(clicar na imagem para ver o sorriso do vosso Delúbio)

Reinaldo Azevedo levantou a galera

ferrorama
Este será um texto difícil, leitores! Avançarei por um trilho que sempre evitei porque tenho tal horror à demagogia que o risco remoto de que nela pudesse resvalar sempre me impediu de continuar. Mas chega a hora, como disse o poeta, em que os bares se fecham. E então restamos com nossas verdades. E elas precisam ser não exatamente anunciadas, mas enunciadas. Chegou a hora de vocês saberem um pouco mais deste escriba. Mas vamos devagar nesta longa viagem noite adentro.

Enganam-se aqueles que supõem que tenho debatido, nestes dias, a formação de chapas para disputar o DCE da USP, da Unirio ou da UFPR. A questão, entendo, é bem mais ampla: trato aqui de regras de civilidade, da democracia e do estado de direito. Espanta-me que seja justamente nas universidades — em particular nas públicas — que direitos essenciais garantidos pela Constituição sejam aviltados; direitos que custaram os esforços de gerações de brasileiros. Modestamente, fiz parte dessa trajetória e corri riscos, desde bem menino, por isso. Constato, não surpreso, mas nem por isso menos indignado, que a defesa da lei no Brasil pode ser, sim, uma atitude perigosa, daí que eu tenha sido obrigado a tomar medidas para a minha proteção. Nem por isso vou desistir. Releiam o título deste post. Eu vou chegar lá.

Ontem, enquanto alguns leitores de Vladimir Safatle, o professor pró-invasão, liam a sua corajosa fuga do debate (ver post abaixo), um panfleto era distribuído na USP, com tiragem anunciada de 3 mil exemplares. Ataca-me com impressionante violência. Mais do que isso: incita o ódio, a agressão. Acusa-me, em última instância, de interferir numa questão que seus autores parecem considerar privada. Isto mesmo: eles privatizaram a Universidade de São Paulo e rejeitam por princípio a crítica. O curioso é que, em sua não-resposta, Safatle me acusava — este rapaz precisa tomar cuidado com seu eventual lado mitômano — de promover a violência retórica. Escreveu em sua “não-resposta” que ele pertence àquela categoria de pessoas que “nunca responderão a situações nas quais a palavra escrita resvala para o pugilato, nas quais ela flerta com as cenas da mais tosca briga de rua com seus palavrões e suas acusações ‘ad hominen‘. Seria, simplesmente, ignorar a força seletiva do estilo.” Bem, noto à margem que o latim de Safatle não é melhor do que seu português, sua filosofia, seus argumentos e seu talento de polemista. O certo é “ad hominem”, com “m”. A alternativa é não recorrer ao latim.

Não, eu não desferi um só palavrão contra este rapaz. Em compensação, aqueles aos quais ele dá suporte — costuma ministrar “aulas” em áreas públicas ocupadas, como já fez em Salvador! — percorrem todo o vocabulário da desqualificação para me atacar, com impressionante vulgaridade e boçalidade. Em suma: acusam-me de promover aquilo que eles próprios promovem. Quando um delinqüente intelectual divulga um panfleto asqueroso, que faz a apologia da pancadaria e da tortura, em vez de pedirem cadeia para o autor, preferem jogá-lo nas costas de seus adversários. É uma gente, parece, para a qual o crime sempre é útil, os próprios ou os alheios.

Ataques e povo consumidor
Nos ataques que prosperam na rede, as Mafaldinhas e os remelentos mimados me acusam, ora vejam!, de ser um representante da “classe dominante” — ou de estar a serviço dela — e fechar os olhos e tapar os ouvidos ao sofrimento do povo, de que eles seriam os procuradores. Se o povo os ignora e, na verdade, repudia a sua pauta, então é porque está ainda esmagado pela opressão do capital e pelas artimanhas da ideologia dominante, que lhe incute uma falsa consciência que o impede de ter clareza de seu papel revolucionário. É aí que entra, então, o partido — o deles — com o seu papel de vanguarda e de organizador da luta. Escrevo isso e dou um meio-suspiro. Imaginem vocês se Marx estabeleceria esse encadeamento se os “revolucionários” em questão fossem estudantes universitários…

O que essa gente sabe “do povo”, Deus Meu? No máximo, tem notícia dele por intermédio de suas respectivas empregadas, certamente mais “reacionárias” do que eles próprios. Esses radicais, que hoje se querem à esquerda do PT — os petistas assistem aos absurdos da USP pensando apenas em como tirar proveito eleitoral do episódio —, explicam por que foi um operário meio ignorantão, Luiz Inácio Lula da Silva, a empurrá-los para a absoluta indigência intelectual e para o flerte com o banditismo.

Se Lula e seu PT têm promovido o que considero um contínuo rebaixamento institucional do Brasil por conta do aparelhamento do estado e de sua vocação para se estabelecer como partido único, o que certa esquerda considera “progressista”, é fato que o sucesso do Apedeuta, desde quando era sindicalista, se deve justamente a aspectos de sua pregação que esses radicalóides consideram “conservadores”, até mesmo reacionários. Desde quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Lula prega a uma platéia de consumidores, não de revolucionários. As três campanhas eleitorais vencidas pelo PT exercitaram, todos sabemos, à farta a lógica do “nós” contra “eles” — aquela bobajada tipicamente esquerdista —, mas sempre ancoradas na democratização das conquistas do capitalismo. Há, sim, uma vasta literatura de esquerda que provaria que Lula é um grande “reacionário”.

O ponto, meus caros, é que o povo vive o, como chamarei?, “malaise” da carência, enquanto esses esquerdistas enfatuados conhecem o “malaise” da abastança. PCO, LER-QI, PSOL e assemelhados oferecem “consciência revolucionária” aos pobres, e estes querem é geladeira nova. Os extremistas do sucrilho e do toddynho lhes propõem utopias, e eles estão de olho no computador. Os delirantes, em suma, lhes acenam com o socialismo, e eles só esperam que o capitalismo também lhes sorria. Foi Lula quem conduziu esses delinqüentes intelectuais para o hospício da política. Em certa medida, ninguém foi, segundo a ótica deles, mais contra-revolucionário do que o ex-presidente — o que não quer dizer que ele seja um democrata convicto. Eu não considero.

Desconhecem o povo
Esses extremistas de terceiro grau, sejam alunos, professores ou funcionários, não sabem o que é o povo, quem é o povo, o que quer o povo — e o resultado que logram nas urnas deixa isso muito claro. E então virá a pergunta fatal: “E você, Reinaldo, conhece?” Pois é, conheço, sim! SEM ME CONSIDERAR SEU REPRESENTANTE PORQUE NÃO FUI ELEITO POR NINGUÉM, DEIXO CLARO! E agora começa o caminho um tanto pedregoso, que sempre evitei, porque tenho verdadeiro asco de certas parvoíces sociologizantes. Mais do que isso: a cada vez que vi Lula tentando justificar algumas de suas escolhas equivocadas por causa de sua infância pobrezinha, meu estômago deu alguns corcovos. O Lula que mobilizou os consumidores, se querem saber, merece o meu respeito. O Lula que tenta fazer da pobreza uma cultura merece o meu solene desprezo.

Vamos lá, Reinaldão, coragem! Sabem os meus familiares, sabem os meus amigos próximos, alguns deles jornalistas (sim, os tenho, e queridos!), que fui muito pobre, muito mesmo! E nunca dei uma de coitadinho porque não pode haver poder mais discricionário e asqueroso do que o das vítimas — de quaisquer vítimas — se transformado em categoria de pensamento. A pobreza não existe nem para culpar nem para enobrecer ninguém. Vamos lá ao título. Não! Os meus heróis não morreram de overdose porque isso é luxo que não se consente a determinadas faixas de renda. Essa “overdose” sempre supõe que o tal “herói” foi uma espécie de paladino da luta contra a opressão. Qual opressão? Qualquer uma que possa servir de pretexto para enfiar o pé na jaca.

Se meus heróis não morreram de overdose, tive, isto sim, amigos de infância e pais de amigos que se meteram com a bandidagem e o narcotráfico e que hoje estão mortos. Morreram de “overbalas”. Meu pai trocava molas de caminhão; minha mãe chegou a trabalhar como doméstica. Não me orgulho da profissão que tiveram. Orgulho-me das pessoas que eram — minha mãe, felizmente, viva, forte e ainda mais cheia de opiniões do que eu, hehe. Orgulho-me de seu caráter. Orgulho-me de seu senso de honra. Morei em dois cômodos de madeira até os 5 anos; depois, em dois cômodos de alvenaria até os 15. No fundo do terreno, corria um rio fétido. Nas chuvas, a água invadia a casa. O que isso me ensinou? Digo daqui a pouco. E talvez surpreenda muita gente!

Eu era livre para escolher
Tive todas as oportunidades de delinqüir, às quais alguns sucumbiram, numa periferia aonde o asfalto chegou tardiamente, para ter um “Kichute” novo (ainda existe?), uma calça “Lee Americana”, como chamávamos à época, uma “vitrola” para os bailinhos — faziam-se “bailinhos” então. E sempre disse “não!” E fiquei sem o Kichute, a Lee Americana e a vitrola. Eu tenho uma novidade para esses delinqüentes encapuzados e seus professores picaretas: OS POBRES TAMBÉM FAZEM ESCOLHAS MORAIS. Não são umas bestas à espera da iluminação que vocês possam proporcionar. Aliás, eles as fazem mais freqüentemente do que os abastados porque, de fato, suas carências são maiores e maiores as chances de tentação de encontrar um caminho mais curto para obter o desejado.

Disse “não” muitas vezes — e não vai nisso heroísmo nenhum! Não fui o único. Sempre que leio textos de supostos especialistas a demonstrar como os pobres da periferia são vítimas passivas das circunstâncias, sou tentado a pegar um chicote. Porque essa gente não sabe O que nem DO que está falando.

Não, eu não acho que essa minha origem me qualifique para isso ou para aquilo. Não me liguei a grupos socialistas porque quisesse subir na vida (claro!) ou porque achasse que o estado tinha a obrigação de me dar moradia ou o que fosse. A minha questão, desde sempre, tinha a ver com a democracia. Achava, e ainda acho, inaceitável que um governo possa decidir o que devemos pensar, o que devemos dizer, o que devemos calar. Nem governos nem milícias comuno-fascistas da USP ou de qualquer outro lugar.

A propósito da ignorância dos extremistas. Lembro-me, eu tinha 15 anos, de uma “aula” com um “intelequitual” da Convergência Socialista (que está na pré-história do PSTU) a esculhambar o então apenas “sindicalista” Lula, em começo de carreira, porque este seria um “reformista”, empenhado “apenas” em conquistar salários melhores, o que, entendi, era ruim para a libertação dos trabalhadores. O que aquela gente sabia do povo, Deus Meu? Nada! O que sabe ainda hoje? Nada!

Todos os dias, recebo centenas de comentários mais ou menos assim: “Você, que nunca andou de ônibus…”; “Você, que nunca andou de trem…”; “Você, que nasceu em berço de ouro…” Costumo ignorar porque tenho outra novidade para os delinqüentes encapuzados: a abastança pode ser tão opressora quanto a carência! Os que não sabem o que fazer dos benefícios que herdaram podem ter um destino tão ou mais duro do que os que não sabem o que fazer das carências que herdaram. O ponto, desde sempre, não é o que fizeram de você, mas o que você vai fazer do que fizeram de você, compreenderam?

Ignorância com efeitos trágicos
Essa ignorância do que são e do que querem os pobres tem efeito terrível na vida dos próprios pobres. A cada vez que vejo ONGs nas favelas do Rio ou na periferia de São Paulo ensinando criança pobre a batucar, a fazer rap, a fazer funk (lá vem chiadeira…), vem-me de novo a vontade de pegar o chicote. Por que pobre tem de batucar? Aos 14 anos, eu já tinha lido toda a poesia de Cecília Meireles e boa parte do que sei de Drummond, por exemplo. Ali, na cozinha de casa. Não porque eu fosse um gênio, o que não sou, mas porque há pobres que se interessam por literatura e não estão dispostos a representar o papel de pobres para satisfazer os anseios dos remelentos e das Mafaldinhas revolucionárias. E não estão dispostos pela simples e óbvia razão de que… JÁ SÃO POBRES. NÃO PRECISAM REPRESENTAR!

Eu conheço o povo, aqueles alunos e professores remelentos não conhecem. Para a chateação e a fúria deles todos, conheço também os textos que lhes servem de referência, com a ligeira diferença de que os li. Safatle, aquele rapaz do cinturão do agronegócio, a esta altura, deve estar radiante: “Eu sabia! Esse Reinaldo é um pobre que se tornou reacionário para subir na vida; um arrivista!” E se sentirá, então, pacificado. Ele, das classes abastadas, se regozijará com a generosidade de sua entrega à causa popular, mesmo vindo das camadas superiores. Já eu, vejam que desastre!, em vez de estar na rua, carregando bandeira; em vez de estar empenhado na libertação da minha classe; em vez de estar exercendo o papel que me foi reservado pelo marxismo sem imaginação dessa canalha, eu, olhem que coisa!, estou aqui a dizer para Safatle que sua citação de um texto de referência é descabida. Corrijo também o seu português. Corrijo, para arremate dos males, o seu latim. Pobre reacionário é mesmo uma merda, né, Safatle? É só ler alguma coisinha, já sai corrigindo os ricos progressistas…

Por que isso tudo?
Por que isso tudo? Para tentar ganhar algumas credenciais junto à escumalha moral que anda me satanizando por aí? Eu quero mais é que essa gente se dane. Mas não venha, como se dizia na minha vila, “botar panca” (sim, o certo é “banca”) pra cima de mim, tentando me dar aula do que é povo, do que é pobreza, do que é carência. Eu lhes ensino, seus delinqüentes, como transformar dois ovos e um tomate numa refeição para quatro pessoas, com o acréscimo de farinha de rosca numa omelete sem queijo e sem presunto. A boa notícia para nós é que era gostoso. Fiz Dona Reinalda preparar o prato dia desses. Ficou bom, mas não era a mesma coisa, porque, para citar um trecho que decorei de “No Caminho de Swann, de Proust (só trechinhos, viu? Não quero passar falsas impressões, hehe), “tentamos achar nas coisas, que, por isso, nos são preciosas, o reflexo que nossa alma projetou sobre elas, e desiludimo-nos ao verificar que as coisas parecem desprovidas, na natureza, do encanto que deviam, em nosso pensamento, à vizinhança de certas idéias”. No caso, a omelete de farinha de rosca estava ali, mas as circunstâncias eram outras, como a água do rio que não passa duas vezes pelo mesmo lugar.

A minha história não me faz nem mais nem menos qualificado para coisa nenhuma! Também a pobreza pregressa não é categoria de pensamento. Eu espero que aqueles vagabundos que ficam demonizando meu nome por aí me desprezem ainda mais por isso. Têm a chance de descobrir que as nossas diferenças não estão apenas nas escolhas, mas também nas origens. A pobreza não me ensinou nada de especial. Cabe a cada um de nós o esforço ao menos de tomar a rédea do nosso destino, feito muito mais de opções do que freqüentemente supomos. Mas isso não é uma particularidade da pobreza. Também os ricos, reitero, podem ser oprimidos pela riqueza. “Mas qual opressão é melhor?”, pode perguntar um cínico.

Olhem aqui, minhas caras, meus caros, é claro que governos e políticas públicas têm de se ocupar da melhoria das condições de vida do povo. Com uma escola melhor, uma saúde melhor, uma segurança melhor, aumentam as chances de felicidade. Negá-lo seria uma estupidez. Chances de felicidade, no entanto, não são felicidade garantida. Na pobreza ou na abastança, o que quer que nos faça infelizes sempre está dentro de nós. E não há revolução que dê jeito.

Ah, sim: algum anseio insatisfeito da pobreza ainda me assalta hoje, já que “o menino é o pai do homem”, como escreveu Wordsworth, frase depois retomada por Machado de Assis em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”?

Um ferrorama lindão, gigantesco, cheio de traquitanas. No mais, nada faltou, nada excedeu. Cada vida existe na sua exata medida.

Beijo do Tio Rei.

Por Reinaldo Azevedo

19 de nov. de 2011

Variação climática

O tema é da Hora... ou nem tanto, pois na verdade é da Era.
Nada como compulsar os dados científicos para limitar as manipulações.
Abaixo, um gráfico que demonstra a correlação entre a atividade solar e o clima da Terra:


Já digo a fonte, onde ele está bem mais nítido (ou clique na imagem para ampliar) e faz parte de uma explicação vasta e detalhada. Nos eixos verticais está registrada a insolação, em watts/metro quadrado, no verão e na latitude 65° Norte; o eixo horizontal é a linha do tempo, abrangendo desde 250.000 anos atrás até 50.000 anos à frente. A Era atual, o Holoceno, está na linha vertical do ano zero.

Coloquei no gráfico umas setas apontando para as duas últimas Eras Glaciais, que correspondem a momentos de insolação mínima. É bem verdade que entre essas duas há outro ponto de mínimo na curva, aproximadamente há 115.000 anos, mas todo o período entre as duas últimas glaciações recebe o nome genérico de Interglacial Eemiense: esse nome vem do vale do Rio Eem, na Holanda, onde foram encontrados sedimentos daquela época contendo fósseis de fauna temperada e pólen de árvores frondosas. No capítulo 6, e o nome do livro é Historia del clima de la Tierra, estão as hipóteses, nenhuma conclusiva, para a explicação dessa discrepância.


A obra tem toda a aridez a que tem direito um livro científico dirigido a um público de cientistas: não se trata de um trabalho de divulgação. Mas traz informações que mexem com a imaginação, ilustradas com fatos e paisagens do planeta que é a nossa casa... Narra desde o tempo em que a rápida rotação da Terra fazia dias e noites mais curtos, e sua superfície algo entre o sólido e o viscoso, borbulhante e incandescente, crivada de crateras e chaminés vulcânicas emanando substâncias voláteis. A primeira atmosfera, que seria de hidrogênio, escapou para o espaço exterior, por ser muito leve. Fala também dos impactos dos meteoritos, que não consumidos pelo atrito com uma atmosfera vaporizavam mares inteiros; e do calor próprio gerado pela radioatividade dos elementos presentes no manto terrestre que emergiam para a crosta. Um contexto geral parecido com o estrago que o PT faz no Brasil.

Mas eu queria comentar o gráfico... porque vi ali, logo após a linha do Holoceno, um acréscimo da insolação, que vai atingir o seu máximo dentro de dez mil anos. Por esse critério, pois, estamos mesmo numa fase de aquecimento global crescente, e o conhecimento disto, inversamente, pode ajudar a esfriar a histeria coletiva que me desalenta quando afirma que pum de vaca é um problema.

Depoimento útil para a Comissão da Meia-Verdade

Comentado no blog de Mírian Macedo:

Celia disse...

Uma colega minha da FADUSP, que era da esquerda, foi a minha casa em 1974, tinha nas mãos uma caixa de boneca daquelas grandes da Estrela. Ela me olhou suplicante e pôs a caixa em minhas mãos. Dentro havia panfletos, jornais e revistas subversivos. Disse-me que seu marido tinha sido detido e que se esta caixa fosse achada em sua casa, a situação dele se agravaria. Pediu-me para escondê-la em minha casa. Fiquei apreensiva mas pensei em ajudá-la porém, estranhei quando me perguntou:
-"Onde você vai colocar estes papéis"? Indiquei-lhe um armário-cristaleira, que era embutido na parede da sala de jantar do apartamento de meus pais (naquela época residíamos na Avenida Paulista). Eu estranhei a pergunta, pois se eu estava aceitando aquela caixa comprometedora, por que deveria contar-lhe sobre o local do esconderijo?
Senti que era uma cilada. Faltei às aulas daquela noite e fui com minha mãe até um supermercado próximo de nossa casa (onde hoje está o Extra Brigadeiro), que ficava aberto até as 23 horas e deixamos a caixa no setor de pacotes e bolsas (que havia antigamente), pegamos a senha e voltamos para casa.
No dia seguinte, logo cedo apareceram em nosso apartamento o zelador e 3 homens, que se identificaram como encanadores. Disse-me o zelador que havia um vazamento no ponto onde estava o tal armário embutido da sala (sic!) sobre o apartamento imediatamente abaixo do nosso. Este armário tinha um fundo falso. O zelador abriu diretamente o referido fundo falso.....mas estava vazio. Ele chegou a bater na madeira que revestia a parede e não encontrou coisa alguma. Interessante é que no local não havia canos.
Portanto, ela tinha preparado uma cilada para mim. Soube mais tarde que a sujeitinha pretendia que eu fosse presa para que depois o grupelho esquerdista "me salvasse" e o preço seria meu "refúgio" no Araguaia. Fizeram isto com muitos trouxas que cairam nas ciladas esquerdistas indo engrossar as fileiras terroristas que atuavam na região norte ou centro-oeste do país.
Li há pouco tempo que pegavam as carteiras de identidade de inocentes úteis e nas operações subversivas jogavam estas carteiras no chão. Daí avisavam estes bobos de que seriam procurados e detidos. Mas apresentavam a rota de fuga: ARAGUAIA! Muitos foram parar lá por causa da má-fé destes comunistóides e morreram por falta de ambientação à rude floresta tropical, antes mesmo de receberem um tiro das forças governamentais. Desapareceram naquelas matas e são tidos como vítimas da DITADURA (SIC!). Na verdade são vítimas da ditadura esquerdista.
Outras pessoas foram vítimas do patrulhamento ideológico. Ai daqueles que se opunham às investidas dos esquerdistas e sua retórica marxista....
18 de novembro de 2011 18:22

18 de nov. de 2011

Prince - While My Guitar Gently Weeps

Foi assim

UMA SUPER ESTRUTURA PARA LULA DA SILVA !!!

O resultado está aí. Em julho de 2008, a SECOM - Secretaria de Comunicação da Presidência da República, chefiada por Franklin Martins, com status de ministro, contratou por R$ 15 milhões anuais o Grupo CDN, uma das maiores empresas de comunicação do país, para cuidar da imagem do Brasil no exterior. No lugar de “Brasil”, leia-se “Lula”. Associada à Fleishman-Hillard, outra gigante das relações públicas internacionais, com mais de 80 escritórios no mundo, a empresa contratou sete jornalistas sênior, com salários mensais na casa dos R$ 20 mil, fluentes em inglês, espanhol e francês, com um único objetivo: colocar a marca “Lula” na mídia global. Nenhum outro líder mundial possui tamanha estrutura de imprensa trabalhando full time para polir a sua imagem e plantar boas notícias no mundo inteiro, com outra diferença.

Quer vir ao Brasil fazer uma reportagem? Lula convida, Lula paga a viagem, Lula abre as portas do Brasil para o fascinado jornalista, inclusive, muitas vezes, com direito a uma “exclusivazinha” para elevar o prestígio. Este ano, o que prova que grande parte dos R$ 15 milhões está sendo paga lá fora, a CDN cobrou apenas R$ 6,4 milhões do Governo Federal, até novembro.

Mas os resultados foram simplesmente espetaculares. Em 2009, Lula concedeu 114 entrevistas, das quais 43 exclusivas para as maiores redes de comunicação internacionais e para os maiores jornais e revistas, oferecidas tanto no Brasil quanto no exterior. Frente a tudo isso, fica fácil entender a razão pela qual o premiadíssimo Lula, no ano da grande crise, saiu maior do que o Brasil, em termos de imagem internacional. A pauta era essa mesmo.

Mercador de ilusões

Os países que mais incensaram Lula foram os Estados Unidos da América, onde Obama o chamou de "meu cara". A Espanha, cujo maior jornal elegeu o presidente brasileiro Homem do Ano, assim como a França, onde o periódico mais importante escolheu Lula como o personagem de 2009. E também teve a Inglaterra, onde o Financial Times identificou o brasileiro como um dos líderes que moldaram a década. Graças ao apoio à Ahmadinejad, até a Al Jazeera trombeteou que Lula resolveu os problemas das favelas do Brasil.

Haja espaço para a arrogância e o narcisismo de Lula. Mas em termos práticos, o que o Brasil ganhou com isso? Os Estados Unidos compraram 45% menos produtos e serviços brasileiros no ano que passou. A Espanha reduziu as suas compras em 34%. A França importou menos 33%. E a Inglaterra cortou em 9% as compras do Brasil. O resultado final é que os países que transformaram Lula em sucesso global compraram U$ 15 bilhões a menos em 2009.

Vale ressaltar que a maior “lambeção” para cima de Lula foi a protagonizada por Sarkozy e a sua linda concubina. Pois é. Além de um superavit de mais de U$ 1 bilhão para a França, o francês quase fechou uma venda de U$ 10 bilhões em caças que nunca voaram além da Provence. Como o interesse de Lula e do PT é apenas o discurso interno, números são apenas um pequeno detalhe.

A não ser manter os 80% de popularidade do mercador de ilusões, custe o que custar.

RAY PINHEIRO
BRASILIA-DF- BRASIL

Mapa topográfico da Lua

Produzido com informações enviadas pela nave LRO - Lunar Reconnaissance Orbiter, lançada em 2009.
A notícia, extraída do portal G1, é imprecisa, mas é razoável supor que as elevações estejam representadas pelas colorações, sendo as azuis as mais baixas e as vermelhas as mais altas.
Já o que não precisa de interpretação alguma é o registro evidente da "chuva" de detritos que há no espaço, uma ínfima parcela dos quais - os que, ao longo do tempo, interceptaram sua estrita trajetória -, deixou a pequena Lua nesse estado, que nem tauba de tiro ao Álvaro.

(clique na imagem para ampliar)

17 de nov. de 2011

Se a moda pega, vira o jogo e vai faltar cadeia


A verdade: eu menti.

Escrito por Mirian Macedo

Vaidade e mau-caratismo puros, só isto. Nós saímos com a aura de hérois e a ditadura com a marca da violência e arbítrio. Era mentira? Era, mas, para um revolucionário comunista, a verdade é um conceito burguês, Lênin já tinha nos ensinado o que fazer.

Eu, de minha parte, vou dar uma contribuição à Comissão da Verdade. Fui uma subversivazinha medíocre, mal fui aliciada e já caí, com as mãos cheias de material comprometedor. Não tive nem o cuidado de esconder os jornais da organização clandestina a que eu pertencia, eles estavam no meio dos livros de uma estante, daquelas improvisadas, de tijolos e tábuas, que existia em todas as repúblicas de estudantes, em Brasília naquele ano de 1973.

Já contei o que eu fazia (quase nada). A minha verdadeira ação revolucionária foi outra, esta sim, competente, profícua, sistemática: MENTI DESCARADAMENTE DURANTE 30 ANOS!
Repeti e escrevi a mentira de que tinha tomado choques elétricos (poucos, é verdade), que me interrogaram com luzes fortes, que me ameaçaram de estupro quando voltava à noite dos interrogatórios no DOI-CODI para o PIC e que eu ficavam ouvindo "gritos assombrosos" de outros presos sendo torturados (aconteceu uma única vez, por pouquíssimos segundos: ouvi gritos e alguém me disse que era minha irmã sendo torturada. Os gritos cessaram - achei, depois, que fosse gravação - e minha irmã, que também tinha sido presa, não teve um único fio de cabelo tocado).

Eu menti dizendo que meus 'algozes' diversas vezes se divertiam jogando-me escada abaixo, e, quando eu achava que ia rolar pelos degraus, alguém me amparava (inventei um 'trauma de escadas", imagina). A verdade: certa vez, ao descer as escadas até a garagem no subsolo, alguém me desequilibrou e outro me segurou, antes que eu caísse.

Quanto aos 'empurrões' de que eu fui alvo durante os dias de prisão, não houve violência nem chegaram a machucar; nada mais que um gesto irritado de um dos inquisidores, eu os levava à loucura, com meu 'enrolation'. Sou rápida no raciocínio, sei manipular as palavras, domino a arte de florear o discurso. Um deles repetia sempre: "Você é muito inteligente. Já contou o pré-primário. Agora, senta e escreve o resto".

Quem, durante todos estes anos, tenha me ouvido relatar aqueles dias em que estive presa, tinha o dever de carimbar a minha testa com a marca de "vítima da repressão". A impressão, pelo relato, é de que aquilo deve ter sido um calvário tão doloroso que valeria uma nota preta hoje, os beneficiados com as indenizações da Comissão da Anistia sabem do que eu estou falando.

Ma va! Torturada?! Eu?! As palmadas que dei na bunda de meus filhos podem ser consideradas 'tortura inumana' se comparadas ao que (não) sofri nas mãos dos agentes do DOI-CODI.
Que teve gente que padeceu, é claro que teve. Mas alguém acha que todos nós que saíamos da cadeia contando que tínhamos sido 'barbaramente torturados' falávamos a verdade?

Não, não é verdade. Noventa e nove por cento das 'barbaridades e torturas' eram pura mentira! Por Deus, nós sabemos disto! Ninguém apresentava a marca de um beliscão no corpo. Éramos 'barbaramente torturados' e ninguém tinha uma única mancha roxa para mostrar! Sei, técnica do torturadores. Não, técnica de 'torturado', ou seja, mentira.

Mário Lago, comunista até a morte, ensinava: "quando sair da cadeia, diga que foi torturado. Sempre." A pior coisa que podia nos acontecer naqueles "anos de chumbo" era não ser preso. Como assim, todo mundo ia preso e nós não? Ser preso dava currículo, demonstrava que éramos da pesada, revolucionários perigosos, ameaça ao regime, comunistas de verdade! Sair dizendo que tínhamos apanhado, então! Mártires, heróis, cabras bons.

Vaidade e mau-caratismo puros, só isto. Nós saímos com a aura de hérois e a ditadura com a marca da violência e arbítrio. Era mentira? Era, mas, para um revolucionário comunista, a verdade é um conceito burguês, Lênin já tinha nos ensinado o que fazer.

E o que era melhor: dizer que tínhamos sido torturados escondia as patifarias e 'amarelões' que nos acometiam quando ficávamos cara a cara com os "ômi". Com esta raia miúda que nós éramos, não precisava bater. Era só ameaçar, a gente abria o bico rapidinho.

Quando um dia perguntaram-me se eu queria conhecer a 'marieta', pensei que fosse uma torturadora braba. Mas era choque elétrico (parece que 'marieta' era uma corruptela de 'maritaca' (nome que se dava à maquininha que rodava e dava choque elétrico). Eu não a quis conhecer.

Relembrar estes fatos está sendo frutífero. Criei coragem e comecei a ler um livro que tenho desde 2009 (é mais um que eu ainda não tinha lido): "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça", escrito pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra. Editora Ser, publicado em 2007. Serão quase 600 páginas de 'verdade sufocada"? Vou conferir.

Mirian Macedo é jornalista e postou esse artigo em seu blog.

12 de nov. de 2011

Enya

Boadicea


Aldebaran


Caribbean Blue

Isto é um país ou um puteiro?

Itamaraty renova superpassaporte de Edir Macedo

SÃO PAULO - 11/11/2011

O Itamaraty renovou o passaporte diplomático do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, e de sua mulher, Ester Eunice Rangel Bezerra. Macedo tem esse tipo de passaporte desde 2006.

A renovação foi publicada no "Diário Oficial" da União desta sexta-feira.

Desde janeiro, Itamaraty chancelou 89 passaportes diplomáticos
Quatro parentes de Lula devolvem superpassaportes
Justiça aceita denúncia de lavagem de dinheiro contra Edir Macedo

Bruno Miranda - 27.set.2007/Folhapress
Fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo
Fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo

Entre 2006 e 2010, foram concedidos 328 passaportes diplomáticos sob a alegação de "interesse do país".

A polêmica sobre os superpassaportes surgiu após a Folha revelar em janeiro que dois filhos do ex-presidente Lula conseguiram o documento: Marcos Cláudio Lula da Silva, 39, e Luís Cláudio Lula da Silva, 25. Outros três filhos e três netos de Lula também receberam o benefício.

O pedido foi feito pelo então presidente Lula, com a justificativa de ser "interesse do país".

Após a revelação do caso, o Itamaraty resolveu alterar as regras da entrega desses documentos: só pode ser feita por meio de uma "solicitação formal fundamentada" e com a divulgação da concessão no "Diário Oficial". Cerca de 90 documentos foram cancelados desde então.

O passaporte diplomático de caráter excepcional facilita a entrada e saída nos aeroportos internacionais e só deve ser emitido para atender a "interesse do país".

O decreto 5.978/ 2006 prevê a concessão de passaporte especial a presidentes, vices, ministros de Estado, parlamentares, chefes de missões diplomáticas, ministros dos tribunais superiores e ex-presidentes. Religiosos também recebem o documento.

Macedo teve o passaporte renovado mesmo depois de a Justiça Federal ter aceitado em setembro parcialmente denúncia feita contra ele e outros três integrantes da cúpula da igreja.

Ele foi denunciado pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica, formação de quadrilha, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

As acusações de estelionato e falsidade ideológica, porém, foram rejeitadas pela Justiça Federal. O bispo nega as acusações.

11 de nov. de 2011

Este post vem a propósito do anterior

VERGONHA!

por Elton Simões

Chove com frequência em Vancouver. Quando isso acontece nos fins de semana, fico em casa. Leio muito nessas horas e, para mitigar a solidão, deixo a TV ligada. Em um desses meus momentos solitários, a TV reportava que, no Japão, apesar dos terremotos, das falhas nas usinas nucleares, e da falta de alimentos, não haviam ocorrido episódios de violência, saques ou desordem.

Uma senhora de meia idade foi entrevistada na fila onde as rações de alimentos estavam sendo distribuídas. Perguntada por que, diante da perspectiva de falta de alimento, ela esperava calmamente pela sua vez na fila, ela singelamente respondeu: “Porque se agisse de outra maneira, traria grande vergonha para mim e minha família.”.

Achei interessante que ela tenha usado a palavra “vergonha”.

De fato, pesquisas conduzidas por John Braithwaite, da Australian National University (ANU), apontam para o fato de que, sociedades nas quais a vergonha é parte importante da cultura, sofrem menos com criminalidade, violência e corrupção.

A possibilidade de experimentar o sentimento de vergonha externamente, atraves da sanção ou condenação por membros da familia e da sociedade; e internamente, através das noções de certo e errado advindas do processo de socialização, contribui para a criação de uma sociedade mais justa e pacifica.

Ética, portanto, é ao mesmo tempo uma questão individual, cultural e coletiva. É preciso uma aldeia para educar uma criança.

Nesta ótica, crime, violência e corrupção são vistos como ofensas à comunidade, e não ao Estado. Deve-se fazer o que é certo, e não o que é meramente legal. As ações devem se orientar pelo campo da ética, e não do direito.

Trata-se de restaurar os danos e as relações entre pessoas, e não de punir ofensas ao Estado. Trata-se de restaurar relações, e não de fabricar presos.

Existe algo fundamentalmente errado quando, em uma sociedade, as noções de legalidade ou ilegalidade substituem as noções de certo e errado.

Quando o sistema jurídico fica mais importante que a ética.

Quando o compromisso com o bem-estar da comunidade se esconde atrás de nossa consciência adormecida.

Nesta hora, perdemos a vergonha.

A vida não cabe em um conjunto de leis. Ela é maior que isso. Não cabe em livros ou códigos. Não cabe no direito. A vida é dinâmica, fluida, contraditória e cheia de dilemas.

Em uma sociedade pacifica, organizada e evoluída, a ética precede a legalidade. As pessoas têm vergonha. Nestes tempos de apagão ético, talvez seja isso o que nos falte.


Elton Simoes mora no Canada há 2 anos. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FVG); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (Univesity of Victoria). Email: esimoes@uvic.ca.

É ladrão ou não é?

Lupi, o republicano

por ROLF KUNTZ, O Estado de S.Paulo - 09/11/11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, contra a Comissão de Ética Pública, em dezembro de 2007, e o manteve no posto elogiando seu "comportamento republicano". Passados quatro anos e acumulado um enorme número de bandalheiras, a Comissão entra em cena de novo, cobrando esclarecimentos sobre novas irregularidades apontadas pela imprensa. Desta vez, a republicaníssima figura mantida por Lula e por ele deixada à sua sucessora não tem sequer o apoio unânime de seus companheiros do PDT. No entanto, a relação promíscua entre o partido e o Ministério foi o grande assunto da maior parte das denúncias nos últimos quatro anos.

A Comissão de Ética Pública da Presidência propôs a demissão de Lupi quando ele se recusou a deixar a presidência do PDT, em 2007. Segundo a Comissão, ao acumular os dois cargos, o ministro comprometia "a necessária clareza de posições exigida das autoridades públicas pelo artigo 3.º do Código de Conduta da Alta Administração Federal". De acordo com ofício enviado ao presidente, a acumulação envolvia também o risco de conflito de interesses, assunto examinado na Resolução n.º 8, de 25/9/2003.

O ministro negou-se a deixar a presidência do partido, enfrentou a Comissão e venceu a parada, sustentado pelo presidente da República. A questão era ética, mas a Advocacia-Geral da União preferiu outro enfoque e negou haver ilegalidade ou inconstitucionalidade na manutenção dos dois cargos.

Dois meses depois dessa vitória o ministro voltou ao noticiário, acusado de favorecer entidades ligadas ao PDT. Lupi negou qualquer irregularidade, mas pouco depois, numa entrevista coletiva, anunciou o cancelamento de contratos no valor de R$ 25,8 milhões.

Dois eram especialmente interessantes. Uma das entidades beneficiadas era a ONG DataBrasil, de São Paulo, com sede no prédio da Força Sindical, ligada ao PDT. Seu convênio envolvia o repasse de R$ 10,7 milhões. Outra era um asilo para idosos, em Catanduva, favorecido com R$ 3,7 milhões para cuidar do treinamento de jovens.

Também ganhou notoriedade o caso de uma associação presidida por uma pedetista e beneficiada, no mesmo período, com verba de R$ 8,5 milhões, embora fosse investigada pelo Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. A revista Época publicou um detalhado material sobre todos esses escândalos em fevereiro de 2008.

Nessa segunda-feira, ao se proclamar um osso duro de roer, o ministro Lupi mencionou uma "onda de denuncismo", repetindo uma fórmula muito usada, em Brasília, pelo menos desde o tempo do mensalão. Se for uma onda, deve ser o sonho de consumo dos grandes surfistas, pelo tamanho e pela duração.

O espetáculo de republicanismo continuou. Em 2009, o ministro decidiu mudar os costumes no Condefat, o conselho gestor do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), na ocasião com patrimônio de R$ 150 bilhões. Pela tradição, as bancadas se revezavam na presidência a cada dois anos. Dessa vez, a Força Sindical seria substituída por uma entidade patronal, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Lupi resolveu mobilizar os votos das centrais sindicais e do governo contra a CNA. Com essa jogada, foi eleito Luigi Nese, representante da Confederação Nacional de Serviços, criada em dezembro do ano anterior e recém-incorporada ao Conselho. Lupi era conhecido como "patrono" dessa confederação. Quatro das entidades patronais - CNI, CNC, CNA e Consif - protestaram e abandonaram o Condefat, deixando-o sob controle do ministro e de seus aliados.

A história do Ministério do Trabalho tem sido marcada também por eventos maravilhosos, como a multiplicação dos pescadores, detectada pela Associação Contas Abertas e confirmada pelo detalhamento dos dados oficiais. Em 2003, o governo beneficiou 113.783 pessoas com o seguro-defeso, um salário mínimo pago a pescadores artesanais durante os meses de reprodução de certas espécies.

O número de beneficiários chegou a 553.172 na previsão orçamentária de 2011. O desembolso saiu de R$ 81,5 milhões para o total estimado de R$ 1,3 bilhão neste ano. Esse dinheiro, extraído do FAT, é mais que o dobro do orçamento do Ministério da Pesca, R$ 553,3 milhões. Nunca se viu tanto pescador artesanal, prodígio operado pela generosa distribuição de atestados. Até em Brasília apareceram pescadores inscritos no programa.

Neste ano, o Ministério do Trabalho já entregou R$ 89,4 milhões para entidades "sem fins lucrativos". Falta determinar o destino real desse dinheiro e as condições de desembolso - com ou sem as propinas denunciadas em reportagem da Veja. Também falta examinar as 500 prestações de contas engavetadas no Ministério, segundo o Tribunal de Contas da União. Ainda vai dar muito trabalho o balanço de tanto republicanismo - bem mais notável, provavelmente, do que poderia prever em 2007 a Comissão de Ética Pública.

Steve Winwood & Eric Clapton - Can't find my way home

Uma análise sóbria

Couro duro

por Merval Pereira, O Globo - 09/11/2011

Bastou o ex-presidente Lula recomendar que os ministros acusados de corrupção tivessem "couro duro" e resistissem às denúncias antes de jogarem a toalha, para que os últimos envolvidos em escândalos ensaiassem uma resistência patética. O ex-ministro do Esporte Orlando Silva esperneou muito antes de pedir para sair, e o máximo que conseguiu foi um enterro de primeira classe, com direito a salva de palmas e a declarações estranhíssimas da própria presidente, que afirmou que não perdera a confiança nele, mas, no entanto, abria mão de sua preciosa colaboração não se sabe bem por quê.

Já o ainda ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deixou-se levar pelo entusiasmo e piorou sua situação ao anunciar que só sairia do ministério "abatido à bala".

Tal resistência é um tanto exagerada e, mesmo como metáfora, seria mais produtiva para seus interesses se Lupi ameaçasse fazer um haraquiri em defesa de sua honra, em vez de ver alguém interessado em abatê-lo a tiros.

A provável saída do sexto ministro envolvido em denúncias de corrupção traz novamente à tona a responsabilidade do ex-presidente Lula, que foi o fiador de todos eles.

Tanta coincidência não é apenas constrangedora para a presidente Dilma como indica que há um método nessa divisão de feudos no governo, que obedece a uma distribuição de poder que Lula aprofundou com sua leniência e a presidente aceitou continuar, se não por comungar dos mesmos propósitos, por falta de força política para renegar, nunca por desconhecimento.

Chefe da Casa Civil durante a maior parte dos dois mandatos de Lula, beneficiária na sua eleição do apoio da coligação partidária que está representada em seu Ministério, a presidente Dilma conhecia a fundo cada um desses personagens e já tivera com o ministro do Trabalho um desentendimento que quase gerou a sua saída do ministério.

Na primeira discussão sobre o salário mínimo, Lupi, confirmado no cargo, passou a defender um montante maior do que a equipe econômica do novo governo havia estabelecido.

Criou um ambiente propício à dissidência de seu partido na votação em plenário, e, quando pressionado pelo Planalto, voltou atrás, não teve como controlar a bancada, e alguns deputados votaram por um mínimo maior.

Lupi foi colocado na geladeira e passou algumas reuniões de líderes partidários sem ser chamado.

Ele também já teve que enfrentar o Conselho de Ética do governo, na gestão Lula, quando foi identificado um conflito de interesses no acúmulo da função de ministro com a de presidente do PDT.

Ele resistiu até o ponto de colocar em xeque a própria existência do Conselho, e acabou tendo que ceder. Mas achou uma saída bem brasileira para o caso: continua informalmente à frente do PDT, mas sem ser seu presidente oficial, uma solução que preservou as aparências. O Conselho continuou a existir, embora claramente esvaziado, e o ministro do Trabalho continuou dando as cartas em seu partido.

A presidente Dilma está se aproveitando da situação para se livrar de todos os ministros que lhe foram impostos por Lula, demonstrando uma habilidade insuspeitada.

Passa à opinião pública a imagem de que prossegue na sua faxina ética, de que é menos conivente do que Lula com os "malfeitos" e, ao mesmo tempo, consegue não se atritar nem com o seu mentor político nem com as legendas que compõem sua base partidária, pois tem mantido rigorosamente inalterado o acordo que reserva para cada partido um feudo ministerial.

Cada ministro foi substituído por outro do mesmo partido, preservando o equilíbrio de forças na divisão ministerial.

O que já está ficando evidente, no entanto, é que ela não é tão avessa assim a esse tipo de jogo político, apenas tem um couro menos duro que o de Lula, ou se incomoda mais com as aparências.

Basta lembrar que Erenice Guerra, a pessoa de sua confiança que a substituiu na Casa Civil quando saiu para se candidatar, foi apanhada em "malfeitos", teve que ser substituída às pressas para não contaminar a candidatura, mas estava à vontade na cerimônia de posse de Dilma, meses depois, sem que nada tivesse acontecido de concreto a respeito do tráfico de influência que ela exercia no governo com seus parentes.

No caso atual do ministro do Trabalho, foi revelado que há três meses ele fora advertido de que havia irregularidades em seu território, o que mostra que os serviços de inteligência e fiscalização do governo encaminham informações ao Palácio do Planalto, que, no entanto, não age preventivamente, mas somente quando a imprensa descobre os "malfeitos".

A Polícia Federal já investiga os convênios do Ministério do Trabalho com ONGs há muito tempo.

A presidente claramente utiliza-se de uma tática para não brigar nem com os partidos aliados e muito menos com o ex-presidente Lula.

Há quem insinue que são os próprios aliados do Palácio do Planalto que vazam as denúncias para criar o clima político propício às demissões.

O fato é que a presidente Dilma não tem força política para brigar com Lula, nem com o PT, e está buscando uma forma de conviver com suas próprias contradições.

Tudo indica que ela não tem dificuldades de conviver com ministros corruptos, mas sim com ministros corruptos que são descobertos.

Essa derrubada em série de ministros - mesmo que Lupi ainda não tenha caído - indica que há algo de muito podre na formação dessa aliança governista no Congresso.

É uma evidência de que as relações políticas se baseiam em esquemas que frequentemente correm à margem das leis, e tirando os ministros, mas mantendo o mesmo esquema de poder nos feudos ministeriais, estamos caminhando para o enraizamento de um sistema político-partidário nefasto para a democracia brasileira.

6 de nov. de 2011

Mudança de tempo


“Dever Cidadão”
Caros amigos

Ao ler, com avidez e curiosidade, a última contribuição do Gen Agnaldo Del Nero à justiça e à verdade, detalhadas em seu livro “Médici – A Verdade Histórica”, pude constatar, não sem pesar, o porquê do tratamento preliminar da obra como subversiva à situação política do Brasil atual.

O livro retrata a personalidade forte, a honestidade de propósitos e a desambição pessoal de um homem que recebeu o cargo supremo da Nação como missão e dever cívico de quem, por vocação para servir, a ela jurou dedicar-se integralmente, sem, em troca, nada pedir ou querer.

Retrata, em momento oportuno da vida nacional, os critérios do Presidente Médici para a escolha dos ministros “segundo seu próprio julgamento, seus próprios valores, sua responsabilidade total; imune a pressões de qualquer ordem – políticas, militares e econômicas”.

Retrata, mesmo sem mencionar, as diferenças fundamentais entre esses critérios e os, supostamente, “herdados” pela Presidente Dilma. Mulher tida como de personalidade forte e impositiva, mas que, levada ao poder na esteira do populismo hipócrita e desavergonhado de seu antecessor, dobra a coluna e submete-se, aparentemente, sem conhecimento de causa, às mazelas dos apadrinhados do seu “Cavalo de Tróia”!

O livro, citando autores de ambos os lados da contenda ideológica que à época sangrava irmãos brasileiros, traz à lembrança dos mais velhos e ao conhecimento dos mais jovens tudo o que as “lideranças” de hoje, no poder da República, querem esconder da sociedade ou desqualificar diante da opinião pública: sequestros, assassinatos, roubos, assaltos, pirataria aérea, atentados indiscriminados, pregação do ódio, incentivo à violência, desrespeito à vida e ao direito. Tudo o que hipocritamente, condenando, apresentam como apanágio de suas vidas públicas.

Ao recordar, no livro, as ações destrutivas e sanguinárias da esquerda radical, comunista, sinto a angústia da impotência diante de uma realidade que não posso mudar. Sinto vergonha de mim mesmo diante da obra, da coragem e da determinação dos que nos antecederam e que não permitiram, em tempos muito mais drásticos, que o Brasil fosse vítima dos que hoje subvertem as virtudes, os valores e os princípios basilares da moral e da ética, pavimentando o caminho para a tomada total do poder, caminhando sobre as cinzas da liberdade e do direito.

Revolta-me ver bandidos travestidos de homens públicos dirigindo-se à Nação como se a ela, desinteressada, honesta e patrioticamente, dedicassem o melhor de suas vidas, quando, na realidade, com o conhecimento de todos, a conivência de outros e, pior, com a esperança de muitos, estão tratando de atender aos próprios e escusos interesses de enriquecimento pessoal, quando não estão, na construção do totalitarismo, drenando fortunas para os cofres dos “partidos da base aliada”.

Angustia-me ver as instituições mais sérias e competentes do País, responsáveis pela sua defesa e segurança, dedicadas exclusivamente a seu dever profissional, limitando-se a demonstrar, sempre e a cada dia, seu arraigado espírito de missão e de sacrifício físico pela Pátria, mas, ao mesmo tempo, fazendo-se cegas, surdas e mudas para com seu dever cidadão, muito bem expresso na Constituição Federal e que as coloca como guardiãs últimas da lei e da ordem em um país governado por corruptos, coniventes com a desordem, com a impunidade e com os desmandos de indivíduos, grupos, movimentos e partidos políticos!

Constrange-me a opção pelo esquecimento do passado recente, deixando à própria sorte e defesa companheiros que, no cumprimento de ordens, estiveram na linha de frente do combate à subversão armada, como se apenas eles e não todos os militares estivessem, de alguma forma, envolvidos naquele conflito, seja instruindo e adestrando a tropa para o combate à guerrilha rural e urbana, seja estruturando e participando da guarda e da segurança dos quartéis, do armamento, dos paióis e de pontos sensíveis, seja estudando, atualizando, aperfeiçoando e treinando o desencadeamento dos planos de segurança interna, seja, no mínimo, estando prontos e disponíveis para receber ordens e ombrear com os da linha de frente!

A disciplina militar impõe ao soldado o acatamento das ordens das autoridades, mas não pode emudecê-lo diante daquilo com o que não concorda, nem tão pouco lhe faculta omitir-se diante do errado e do malfeito. Guardo, como sempre, o respeito aos que assumem postos e responsabilidades que, por força do destino e das minhas limitações, nunca assumirei, mas reservo-me a prerrogativade, pelo menos, continuar a opinar e a ter esperança de que o estudo de situação continuado lhes faça ver que a sua participação crítica e a expressão clara e ostensiva de suas posições patrióticas em defesa da democracia, da liberdade, da justiça, da lei e da ordem, nos limites do texto constitucional, é, além de um direito, um dever cidadão.

Gen. Bda Paulo Chagas