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29 de jul. de 2010

É comparável aos marginais de São Paulo?

De um dos presos políticos cubanos extraditados para a Espanha:

"Em Cuba vivem-se dias tensos e os sistemas totalitários em fase terminal cometem erros irreversíveis, enquanto a debilidade dos argumentos é substituída com facilidade por violência e ódio. Estar livre não é um gesto de benevolência...daqui me preocupo com o destino dos que continuam na prisão. Chegou a hora de colocarmos nossos interesses em função de Cuba e não colocar Cuba em função dos nossos interesses."

Muito mais perto dos marginais de São Paulo está o autor da tal comparação.

28 de jul. de 2010

Lula recusa-se a interceder por Sakineh

"Tem que ter cuidado, as pessoas têm leis, têm regras. Se começassem a desobedecer as leis deles para atender os pedidos dos presidentes, daqui a pouco haverá uma avacalhação."

17 de jul. de 2010

A Resistência


por Sandra Cavalcanti

Em 14 de de abril de 1930, aos 36 anos, Vladimir Maiakóvski, o maior poeta russo da era contemporânea, deu um fim trágico à sua atormentada vida. Matou-se porque perdeu toda a esperança e se viu diante de uma estrada sem saída.

Sua obra é absolutamente revolucionária, como revolucionárias eram as suas idéias. Mas o poeta, dizia ele, por mais revolucionário que seja, não pode perder a alma!

Ele acreditou piamente na Revolução Russa e pensou que um mundo melhor surgiria de toda aquela brusca e violenta transformação. Aos poucos, porém, foi percebendo que seus líderes haviam perdido a alma.

A brutalidade crescia. A impunidade era a regra. O desrespeito às criaturas era a norma geral. Toda e qualquer reação resultava em mais iniqüidades, em mais violência. Um stalinismo brutal assolou a pátria russa. Uma onda avassaladora de horror e impotência tomou conta de seu espírito, embora ainda tentasse protestar. Mas foi em vão. Rendeu-se e saiu de cena.

Em 1936, escreveu Eduardo Alves da Costa o poema No caminho com Maiakóvski, que resume sua desoladora tragédia. "... Na primeira noite eles se aproximam/ e roubam uma flor/ de nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem:/ pisam as flores,/ matam nosso cão,/ e não dizemos nada./ Até que um dia,/ o mais frágil deles/ entra sozinho em nossa casa,/ rouba-nos a luz e,/ conhecendo nosso medo,/ arranca-nos a voz da garganta./ E já não podemos dizer nada."

Nestes tristes tempos, muitos estão vivendo as angústias desabafadas neste poema. Também acreditaram em líderes milagrosos, tiveram esperanças em dias mais serenos, esperaram por oportunidades melhores e sonharam com paz e alegria. Nunca imaginaram que, em seu lugar, viriam a impunidade, a violência, o rancor e a cobiça. Os que chegaram ao poder, sem nenhuma noção de servir ao povo, logo revelaram a sua verdadeira face.

O País está vivendo uma fase de completo e total desrespeito às leis. A Lei Maior, aquela que o País aprovou por meio de seus representantes, não existe. Para uns, todas as leniências. Para outros, todos as violências. Nas grandes cidades, dois governos, duas autoridades: a tradicional e a dos marginais. No campo, ausência de direitos e deveres. Uma malta de desocupados, chefiados por líderes atrevidos e até debochados, está conseguindo levar o desassossego e a insegurança aos milhões de trabalhadores rurais que ali se esforçam para sobreviver. Isso já vem acontecendo há muito tempo e não há sinal de que alguma autoridade pretenda submetê-los às penas da lei. Ao contrário. Eles gozam de imenso prestígio junto ao presidente, que não se acanha em lhes dar cobertura e agir com a maior cumplicidade.

A ausência das autoridades tem sido o grande estímulo para que esses grupos, e outros que vão surgindo, venham conseguindo, num crescendo de audácia e desrespeito, levar o pânico aos que vivem do trabalho no campo. A mesma audácia impune garante também a expansão das quadrilhas de narcotraficantes em todo o País. A cada dia que passa eles chegam mais perto de nós. Se examinarmos com atenção os acontecimentos destes últimos dois anos, dá para entender o nosso medo.

Quando explodiu o caso do Waldomiro Diniz, as autoridades estavam na obrigação de investigar tudo e dar uma punição exemplar. O que se viu? Uma porção de manobras para encobrir os fatos e manter os esquemas intocáveis. E qual foi a reação do povo? Nenhuma.
Roubaram uma flor de nosso jardim, a flor da decência, da dignidade, da ética, e nós não dissemos nada!

Quando, da noite para o dia, dezenas de deputados largaram suas legendas e se bandearam para as hostes do governo, era preciso explicar tão misteriosa adesão. O que se viu? Uma descarada e desafiadora alegria no alto comando do País! E qual foi a reação do povo? Nenhuma.

Eles nem se esconderam. Pisaram em nossas flores, mataram o cão que nos podia defender. E nós não dissemos nada!

Quando um parlamentar, que integrava a tal maioria, veio denunciar o uso de recursos públicos, desviados de forma indecente, com a conivência dos altos ocupantes do governo, provando que a direção do PT e do governo sabiam de tudo e de tudo se haviam aproveitado, qual foi a reação do povo? Nenhuma.

Eles nem se importaram com o fato de terem sido descobertos. O mais frágil deles entrou em nossa vida, roubou a luz de nossas esperanças e, conhecendo o nosso medo, ainda se deu ao luxo de arrancar a nossa voz da garganta!

Será que vamos aceitar? Não vamos dizer nada? Será que o povo brasileiro perdeu de vez a sua capacidade de se indignar? A sua capacidade de discernir? A sua capacidade de punir?

Acho que não. Torço para que isso não esteja acontecendo. Sinto, por onde ando e por onde vou, que lá no mar alto uma onda de nojo está crescendo, avolumando-se, preparando-se para chegar e afogar esses aventureiros. Não se trata, simplesmente, de uma questão eleitoral. Não se cuida apenas de ganhar uma eleição. O importante é não perder a alma. O direito de sonhar. A vontade de viver melhor.

Colocar este momento como uma simples luta entre governo e oposição é muito pouco. E derrotá-los, simplesmente, também é muito pouco, diante do crime que eles praticaram contra as esperanças de um povo de boa-fé.

O que vai hoje na alma das pessoas é o corajoso sentimento de que é preciso vencer o pavor e o pânico diante da audácia dessa gente, não permitindo que eles nos calem para sempre. Se não forem enfrentados, se não forem punidos, se seus métodos e processos não forem repudiados, nosso futuro terá sido roubado. Nossa voz terá sido arrancada de nossa garganta.

E já não poderemos dizer nada.

16 de jul. de 2010

Eu não quero meu país sujo Dil-a-ma !

Fora a bandidagem do Poder !

O Cidadão e o Estado

Geralmente, equacionamos todos esse tema de maneira bastante parecida, mas a forma que damos a essa equação raramente é tão sucinta e precisa quanto esta, extraída de um post de Reinaldo Azevedo:

(...)

A violação ilegal do sigilo — fiscal, bancário ou de comunicação — de qualquer cidadão da República, praticado por agente do estado, constitui um crime mais grave para a ordem democrática do que o roubo de larápios. E essa é uma das razões por que a Constituição não se ocupa da ladroagem — de que vários outros códigos dão conta —, mas se ocupa, sim, de garantir os sigilos. A violação é, assim, um crime contra a Constituição. Se é praticado contra um indivíduo, é praticado contra todos. Se podem fazer isso com Francenildo Pereira ou com Eduardo Jorge, quem está seguro?

O sigilo integra os direitos essenciais dos indivíduos, que aceitam a existência do Estado como ente capaz de regular as demandas de todo mundo sem ferir os direitos de ninguém. Caso se permita que esse Estado, gerido por um governo, açambarque as vidas privadas, seremos, então, reféns de ambos. Estado e governo são meios; a proteção dos direitos individuais é a finalidade. Os indivíduos são os senhores de ambos, não o contrário. Nos Estados Unidos ou em qualquer democracia européia, o sr. Otacílio Cartaxo já estaria rimando subserviência com tapete em outra freguesia. Não pela quebra ilegal do sigilo de Eduardo Jorge, mas pelo, não há outra palavra, cinismo demonstrado em depoimento ao Senado. Alguém deve lhe ter dito: “Fique tranqüilo; nada tema; nos garantimos”.

13 de jul. de 2010

Apoio

Yoani Sanchez foi quem cuidou de Guillermo Fariñas na primeira noite após o término da greve de fome.

Valeu, Fariñas

Sete presos políticos do regime comunista de Cuba chegaram hoje cedo a Madri. Ao lado da família, falaram de uma nova etapa para o futuro da ditadura cubana e da importância da libertação dos outros presos políticos. Sua chegada inicia o acordo feito entre a Igreja Católica e a ditadura, prevendo soltar 52 cativos por crimes de consciência, enquanto mais de cem permanecem nas masmorras daquela ditadura.

Eles poderão viver exilados na Espanha ou sair do país, já que outros aceitaram recebê-los, entre eles os EUA e o Chile. Estes 52 presos, que Lula comparou aos bandidos das penitenciárias brasileiras, fazem parte de um grupo de 75 que foram detidos na “operação negra”, de 2003, quando foram condenados a penas de 13 a 28 anos, por atividades ditas “subversivas” pela ditadura comunista da pobre ilha. São esperados na Espanha outros cativos do regime cubano, sem previsões de chegada. No acordo se falou em 52 libertos num prazo de até 4 meses.


Fonte: Blog Trem Azul

10 de jul. de 2010

Comentado "pelaí" nos blogs...

Depois que “o cara” assumiu o poder, várias quadrilhas de oportunistas, pilantras disfarçados de empresários, políticos, jornalistas, letrados, dirigentes de ongs, sindicalistas e universitários, se juntaram ao “istadista” para pilhar o Brasil. O que era “quadrilha” e “bando” virou “organização criminosa”. Hoje, o terrorismo é outro; é o “terrorismo de dossiês” contra os opositores da pilhagem. O terrorismo assassino de outrora se transformou na arapongagem contemporânea: grampo extrajurídico de telefones e uso ilegal do banco de dados de instituições públicas como Receita Federal e Banco do Brasil, com o claro objetivo de macular a reputação dos adversários do lullocleptopetralhismo. E o neo-terrorismo dos neo-vigaristas está sendo feito, à vista de todos, pelo estado policial, aparelhamento da máquina pública, pelos partidos comprados, fundos de pensão, movimentos sociais de araque, invasores de terra, pelas ongs de fachada, e por uma legião de trapaceiros carregadores de fortunas em malas, meias e cuecas. O vale-tudo virou até trocadilho: com tanto dinheiro fácil não ficou difícil comprar o eleitorado fácil de ser enganado. Se José Serra está disputando voto a voto com a criatura eleitoral de Lulla, é porque há um grande País que apesar de silencioso, está cônscio do mau-caratismo imposto ao povo brasileiro pelo que chamam por aí de “governo Lula”. O resto é hipocrisia.

PSEUDOPOTÊNCIA


Atualizando (15/07/10): informa o jornalista Jorge Serrão que este artigo teve sua publicação negada pelo Estadão.
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> por Luiz Eduardo Rocha Paiva, General-de-Brigada

“Entre outros males, estar desarmado significa ser desprezível” (“O Príncipe” – Maquiavel)

O desfecho da iniciativa diplomática brasileira no Oriente Médio demonstrou os limites do poder de um país cuja ação na cena internacional só é relevante nos temas da área econômica. Essa limitação revela uma fraqueza que será ainda mais evidente quando entrarem em choque interesses nacionais e os dos países que efetivamente conduzem os destinos do mundo, em função da projeção desses últimos, seja em nosso entorno estratégico, seja diretamente sobre o nosso patrimônio.

Somos uma potência com pés de barro, cuja expressão mundial depende principalmente da exportação de commodities com baixo valor agregado, da prestação de serviços por algumas empresas e instituições e do atrativo mercado interno. Relevância econômica, mas não militar. Há um desequilíbrio interno fruto da indigência bélica; da debilidade nas áreas de educação, indústrias de valor estratégico, ciência, tecnologia e inovação; da crise de valores morais; e da falta de civismo. Desse quadro, emergem graves vulnerabilidades para enfrentar os conflitos que se avizinham.

O mundo ficou pequeno e a América do Sul (AS) é um dos principais palcos de projeção da China, a ser seguida da Índia e da Rússia. O Brasil terá sua liderança regional ameaçada não só por esses novos competidores, pois os EUA intensificarão a presença na AS, a fim de não perder espaços estratégicos para poderosos rivais arrivistas. A China passa a ser diretamente interessada na exploração dos recursos da AS – agrícolas, minerais, hídricos, e outros – incluindo, logicamente, os da Amazônia. Será menos arriscado China, Rússia e Índia unirem-se aos EUA e UE para impor limites à soberania na Amazônia e em outras regiões, visando condições vantajosas no aproveitamento de seus recursos, do que entrarem em conflito entre si. Atrás da projeção político-econômica virá a militar, inicialmente pela cooperação, evoluindo para dissuasão e, possivelmente, para o emprego direto quando os interesses se tornarem importantes ou vitais. O Brasil e os vizinhos são os atores mais fracos e é desse lado que a corda arrebenta. A história é uma sábia mestra e a da China no século XIX, fatiada em sua soberania e patrimônio e vilipendiada pelas potências da época, mostra o que pode acontecer aqui, pois a China era, então, a nova fronteira como hoje é a AS. Os “impérios” de ontem são as mesmas potências de hoje, com algumas novas presenças como a da Índia.

A perda do Acre pela Bolívia em 1903 é um alerta ao Brasil por sua política irresponsável na Amazônia, pois as semelhanças entre o evento do passado e o presente amazônico são preocupantes, particularmente no tocante às terras indígenas (TI). A Bolívia no Acre, por dificuldade, e o Brasil na Amazônia, por omissão, exemplificam vazios de poder pela fraca presença do Estado e de população nacional em regiões ricas e cobiçadas. O Acre, vazio de bolivianos, era povoado por seringalistas e seringueiros brasileiros, respectivamente líderes e liderados, sem nenhuma ligação afetiva com a Bolívia. No Brasil, ONGs internacionais lideram os indígenas e procuram conscientizá-los de serem povos e nações não brasileiras, no que contam com o apoio da comunidade mundial. Portanto, enquanto no século XIX uma crescente população brasileira estava segregada na Bolívia, hoje o mesmo acontece com a crescente população indígena do Brasil, ambas sob lideranças sem nenhum compromisso com os países hospedeiros e sim com atores externos. Ao delegarem autoridade e responsabilidades a ONGs ligadas a nações e atores alienígenas, os governos brasileiros autolimitaram sua soberania como fez a Bolívia ao arrendar o Acre ao Bolivian Syndicate. Décadas de erros estratégicos enfraqueceram a soberania boliviana no Acre, direito não consumado, pois aqueles brasileiros revoltaram-se e o separaram da Bolívia, que aceitou vendê-lo ao Brasil.

A Amazônia brasileira nos pertence por direito, mas só a ocupação e integração farão a posse efetiva. Em poucas décadas, haverá grandes populações indígenas desnacionalizadas e segregadas, ocupando imensas terras e dispostas a requerer autonomia com base na Declaração de Direitos dos Povos Indígenas, aprovada na ONU com apoio do Brasil. Se não atendidas, evocarão a Resolução que instituiu, em 2005, a Responsabilidade de Proteger, nome novo do antigo Dever de Ingerência. Hoje, há uma forte pressão para transformar TIs em territórios administrados por índios, inclusive com polícia indígena, iniciativa que reúne atores externos e internos, estes uma quinta coluna cuja atuação atende a objetivos alienígenas. Um sem-número de TIs, com maior autonomia que os estados da Federação, comprometerão a governabilidade e a integridade territorial num país que, muitos não percebem, ainda está em formação, pois não foi totalmente integrado.

Não é que a história se repita, mas situações semelhantes em momentos distintos costumam ter desfechos parecidos, para o bem ou para o mal, se as decisões estratégicas adotadas forem similares. Do militar e do diplomata espera-se percepção estratégica capaz de identificar possíveis ameaças, embora longínquas no tempo, antes que se tornem prováveis, pois aí será tarde demais. Cabe a eles, também, a coragem de assessorar o Estado com franqueza, defendendo o interesse nacional mesmo com o risco de afrontar políticas imediatistas de governos de ocasião, que comprometam interesses vitais da Nação. Política exterior é diplomacia e defesa, e nenhuma das duas se improvisa.

No início dos anos 1990, quem alertou para a ameaça à soberania, quando a criação da reserva ianomâmi iniciou o processo de balcanização da Amazônia, foi considerado um visionário. Governos sem visão prospectiva e aptidão para avaliar riscos desprezaram a ameaça e fizeram o jogo das grandes potências, aceitando imposições que vêm criando paulatinamente, por meio de uma exitosa estratégia de ações sucessivas, as condições objetivas para a perda de soberania. Por importantes que sejam outras ameaças internacionais, esta é a mais grave. O resultado será desonroso para o país se sua liderança continuar adotando decisões utópico-internacionalistas-entreguistas, calcadas num discurso politicamente correto, mas moralmente covarde, pois não confessa que se troca soberania por interesses imediatistas ou ideológicos apátridas, camuflados sob bandeiras como a defesa dos direitos de minorias e a preservação do meio ambiente.

Assim, não se trata apenas de fraqueza militar, mas também da ausência de lideranças competentes e de estadistas que tracem políticas e estratégias capazes de limitar ou neutralizar vulnerabilidades. Ao contrário, vêm tomando decisões desastrosas, cujo resultado será a contestação e limitação de nossa soberania na Amazônia, pela via indireta, que dispensará ou reduzirá significativamente a necessidade de emprego do poder militar. Eis o resultado de não ocupar, não povoar, não desenvolver, não defender e não preservar a Amazônia, bem como de segregar ao invés de integrar o indígena aos seus irmãos brasileiros.

É lamentável a sociedade esclarecida, seus representantes e lideranças, em setores decisórios do Estado e em muitas de suas instituições, aceitarem passivamente ou reagirem timidamente à mutilação do país, avalizada por sucessivos governos. Convém ressaltar que esse cenário foi construído, desde o início dos anos 1990, a partir da ascensão ao poder da esquerda, cujos discursos demagógicos e ilusórios de defesa dos bens materiais da Nação, do meio ambiente e dos direitos humanos, de revisão da história e de mudança de valores escondem o propósito real de viabilizar a estratégia gramcista de tomada do poder, pela desagregação da sociedade nacional e o esfacelamento do Estado. É uma esquerda pseudonacionalista – internacionalista de fato – e pseudopatriota – populista de fato, que despreza a história, os feitos, as tradições e os verdadeiros heróis nacionais. Não ama a Nação, mas sim sua ideologia, e não tem uma Pátria, mas sim um partido.

Para merecer e manter um patrimônio imensamente rico como o brasileiro, onde se inclui a nossa Amazônia, é preciso não um pseudonacionalismo de bravatas, demagógico e xenófobo, mas um patriotismo real e sincero, respaldado numa vontade nacional firme, altiva e corajosa para assumir os riscos dos conflitos que virão e, ainda, lideranças legítimas, confiáveis e efetivamente comprometidas com a Nação. Sem tais atributos, países, ainda que sejam fortes e ricos, não passam de pseudopotências.

8 de jul. de 2010

Na mosca

por Carlos Verezza

Está havendo uma confusão de terminologia: Lula e o PT nunca foram de esquerda! Eles representam um lumpesinato "organizado" com uma sêde inenarrável de poder: uma burguesia sindical ressentida, pronta para implantar no país uma ditadura peleguista! Não ofendamos os verdadeiros comunistas: os verdadeiros eram cultos e tinham um projeto de governo (que faliu e do qual sempre discordei), e não podem ser comparados a aproveitadores da ignorância de um povo com 20 milhões de analfabetos!

Porquê o Estado não pode ser Mínimo


O cassino alimentício

Se alguém ainda tem dúvidas sobre a necessidade de uma nova regulamentação do sistema financeiro e a imposição de drásticas restrições à especulação, principalmente com produtos que têm impacto direto no bem estar das sociedades, como os alimentos e a energia, um artigo do jornalista inglês Johann Hari, no The Independent de 2 de julho ("How Goldman gambled on starvation"), deveria dirimi-las de vez. Em um texto contundente, ele descreve a maneira desavergonhada com que os especuladores financeiros promoveram a disparada dos preços alimentícios no período 2006-08, cujo resultado direto foi o agravamento da fome em um grande número de países pobres. Sua indignação é explícita: "Os especuladores criaram um cassino em que as fichas eram os estômagos de milhões. O que isto diz do nosso sistema em que podemos, tão casualmente, infligir tanta dor?"

Sem meias palavras, Hari bate duro:

Agora, você provavelmente pensa que a sua opinião sobre o [banco de investimentos] Goldman Sachs e o seu enxame de aliados em Wall Street atingiu o fundo do poço. Você está errado. Há mais. Ocorre que o mais destrutivo dos seus atos mais recentes mal começou a ser discutido. Aqui está o restante. Esta é a história de como algumas das pessoas mais ricas no mundo - Goldman, Deutsche Bank, os corretores na Merrill Lynch e outras - provocaram a fome de algumas das pessoas mais pobres do mundo.

Hari recorda a súbita disparada dos preços dos alimentos em todo o mundo, ocorrida no final de 2006, que em um ano elevou os preços do trigo em 80%, os do milho em 90% e os do arroz em 320%. A consequência direta da alta foi um imediato agravamento do problema da fome no planeta, lançando mais de 200 milhões de pessoas novamente abaixo da linha da desnutrição e provocando motins populares em mais de 30 países.

Segundo ele, a maioria das explicações dadas na época se revelaram falsas. O problema não ocorreu por uma queda de oferta - na verdade, de acordo com o Conselho Internacional de Grãos, a produção global de trigo chegou a aumentar no período. Tampouco houve um problema de demanda, que caiu 3% no período. Houve também a contribuição das safras destinadas à produção de biocombustíveis, como nos EUA, mas as causas reais foram outras.

"Para entender a causa maior, é preciso arar através de alguns conceitos que provocarão dor de cabeça - mas nem a metade da dor provocada nos estômagos dos pobres do mundo", dispara.

Hari descreve, então, o impacto da desregulamentação dos contratos de futuros de alimentos ocorrida na década de 1990, por pressão dos grandes bancos de investimentos como o Goldman Sachs, que transformou tais contratos em "derivativos que podiam ser comprados e vendidos entre operadores que nada tinham a ver com a agricultura", criando um "mercado de especulação com alimentos".

Em linguagem didática, ele explica:

Então, o agricultor Giles ainda pode vender antecipadamente a sua safra a um intermediário por 10 mil libras esterlinas. Mas, agora, esse contrato pode ser vendido a especuladores que o tratam como um objeto de riqueza potencial em si próprio. O Goldman Sachs pode comprá-lo e vendê-lo por 20 mil libras ao Deutsche Bank, que o vende por 30 mil libras ao Merrill Lynch - e assim por diante, até que ele passa quase a não ter mais qualquer relação com a safra do agricultor Giles. (...)

A coisa aconteceu assim. Em 2006, especuladores financeiros como o Goldman saíram fora do mercado hipotecário dos EUA, que estava em colapso. Eles consideraram que os preços dos alimentos permaneceriam estáveis ou subiriam, enquanto o restante da economia vacilava, e transferiram os seus fundos para eles. Subitamente, os assustados investidores do mundo se atiraram nesse campo.

Então, enquanto a oferta e a procura de alimentos se mantinham mais ou menos nos mesmos níveis, a oferta e a procura de derivativos baseados nos alimentos aumentou maciçamente - o que significou uma disparada dos preços e o início da fome. A bolha estourou somente em março de 2008, quando a situação ficou tão ruim nos EUA que os especuladores tiveram que cortar os seus gastos para cobrir os seus prejuízos por lá.

Hari conclui com uma séria - e sombria - advertência:

Se nós não re-regulamentarmos, é apenas uma questão de tempo para que isso aconteça novamente. Quantas pessoas morrerão da próxima vez? As iniciativas para a restauração das regras pré-década de 1990 para o comércio de commodities têm sido espantosamente lentas. Nos EUA, a Câmara dos Deputados aprovou algumas regulamentações, mas receia-se que o Senado - encharcado de contribuições de especuladores - possa diluí-las ao ponto da insignificância. A União Europeia está ainda mais atrás disso, enquanto no Reino Unido, onde ocorre a maior parte desse "comércio", grupos de defesa dos interesses da sociedade estão receosos de que o governo de David Cameron bloqueie inteiramente as reformas, para agradar os seus amigos e contribuintes de campanha na City. Só uma força pode deter outra bolha de especulação e fome. As pessoas decentes nos países desenvolvidos precisam gritar mais alto que os lobistas da Goldman Sachs. (...)

Fatos como os descritos por Hari tornam difícil entender como pessoas educadas e morais ainda acreditam que os jogos especulativos cumprem alguma função econômica positiva e não devam ser devidamente restringidos pelos Estados nacionais, preferencialmente em conjunto. E também demonstram que o retardo na adoção de tais medidas pode ter consequências catastróficas.

Fonte: MSIa

7 de jul. de 2010

Construção social

A essa altura, creio que já é do conhecimento dos interessados o artigo de Reinaldo Azevedo intitulado "Questão de princípio - A democracia brasileira tem de se proteger de gente como Lula".

Quem quer que analise nosso sistema político nele verá distorções, inadequações e incompatibilidades. Entre o ideal e o real sempre haverá uma distância, mas esta às vezes é tão grande que inviabiliza a aplicação de uma fórmula que, mudadas as circunstâncias poderia produzir, aí sim, o que dela se esperava.

O sistema igualitário do voto universal obrigatório já começa errado por desconsiderar a autonomia do indivíduo, atribuindo ao Estado a prerrogativa de exigir-lhe uma determinada ação positiva. A função do Estado, enquanto organização da sociedade, não é a de sobrepor-se a ela ou a seus membros. O poder de coação que lhe é delegado visa facultá-lo a implantar a ordenação deliberada pela sociedade, não a impingir-lhe normas de sua própria lavra. É nessas questões de princípio que se estabelece e se afirma a devida ascendência.

Por outro lado, o sistema democrático, entendido aqui na sua essência igualitária - "um homem, um voto" ( e não na sua concepção pervertida de "nenhum voto, mas uma classe dirigente iluminada e portadora das chaves da verdade e do futuro e que é a única representante legítima da maioria espoliada por um sistema perverso e elitista e quem não aceita essa disposição das coisas precisa ser destruído"), ufa, - esse sistema democrático pressupõe, ao dar o mesmo valor a cada voto, que o discernimento de cada um dos votantes seja comparável ao de todos os demais. O colégio eleitoral assim formado, em sociedades muito heterogêneas, é espantoso; imprevisível, aleatório. E por isso mesmo, daí pode sair qualquer coisa. Por mera extensão lógica, a perdurar no tempo, em certo momento esse sistema passará a ter como seus principais protagonistas os marqueteiros, por uma questão de otimização e eficácia, - e não mais os candidatos, escolhidos então por sua aptidão à função de manequins de vitrine.
E o que aconteceria nesse caso com a aura de legitimidade que é conferida pelo sucesso em uma votação democrática? Restaria incólume ao artifício ou teria de ser sistematicamente fabricada através de contínuas aferições da satisfação popular, "manutenção" esta a ser feita também pelos profissionais da imagem?
Isso está soando familiar?

Qual a solução?
Alguém disposto a ser propositivo?
Seria viável que o direito ao voto, à participação no colégio eleitoral, fôsse uma conquista do cidadão que desejasse incluir em sua vida essa função?
Que requisitos ele teria que preencher para tal?
Quem homologaria sua qualificação?

Uma última e estimulante pergunta. Como lembrou o Reinaldo em seu post, mudar dá trabalho. Será que esse trabalho não compensaria, por exemplo, impedirmos que a vasta comunidade carcerária - incluindo sua parcela temporariamente em liberdade -, através de seus laços colaterais de coação eleja operadores políticos que devido às suas vinculações e comprometimentos nada têm a contribuir, muito pelo contrário, com a nossa construção social?
Com a palavra, os construtores sociais.

1 de jul. de 2010

Farms Here, Forests There


por Aldo Rebelo - O Estado de S.Paulo


Sob o autoexplicativo título Farms Here, Forests There (Fazendas Aqui, Florestas Lá), foi publicado nos Estados Unidos, em maio, estudo patrocinado pela National Farmers Union (Associação Nacional de Fazendeiros) e pela organização não-governamental Avoided Deforestation Partners (Parceiros contra o Desmatamento, em tradução livre). A autora principal do relatório é Shari Friedman, ex-funcionária do governo Clinton, quando trabalhou na Environmental Protection Agency (EPA, a Agência de Proteção Ambiental), analisando políticas domésticas de mudanças climáticas e competitividade internacional. Ela também fez parte da equipe norte-americana de negociações para o Protocolo de Kyoto, que os Estados Unidos se negaram a assinar.

O tema do relatório é a perda de competitividade da agroindústria norte-americana diante dos países tropicais, principalmente o Brasil. A tese principal do estudo é que a única forma de conter essa perda de competitividade é reduzir o aumento da oferta mundial de produtos agropecuários, restringindo a expansão da área agrícola nos países tropicais pela promoção de políticas ambientais internacionais mais duras.

Segundo o relatório, "a destruição das florestas tropicais pela produção de madeira, produtos agrícolas e gado tem levado a uma dramática expansão da produção de commodities que competem diretamente com a produção americana". Desse modo, "a agricultura e as indústrias de produtos florestais dos Estados Unidos podem beneficiar-se financeiramente da conservação das florestas tropicais por meio de políticas climáticas".

O estudo avalia que "acabar com o desmatamento por meio de incentivos nos Estados Unidos e da ação internacional sobre o clima pode aumentar a renda agrícola americana de US$ 190 bilhões para US$ 270 bilhões entre 2012 e 2030". Esse aumento incluiria benefícios diretos de US$ 141 bilhões, decorrentes do aumento da produção de soja, carne, madeira e substitutos de óleo de palma, e economias indiretas de US$ 49 bilhões, em razão do menor custo da energia e de fertilizantes, pela redução das medidas compensatórias associadas à diminuição das florestas tropicais, ou seja, na medida em que os países tropicais poluírem e desmatarem menos, eles poderiam poluir e desmatar mais, sem ter de pagar por isso comprando créditos de carbono e outras medidas mitigadoras.

A candura com que eles tratam do tema é comovedora. O estudo revela que na cabeça deles não passamos mesmo de um fundo de quintal que precisa ser preservado para que eles possam destruir o resto do mundo com a consciência tranquila e, principalmente, com o bolso cheio.

Já vai longe - e sem saudades - o tempo em que a sociedade brasileira se curvava, sem questionamentos e sem esperneio, à tutela dos países ditos do Primeiro Mundo. Hoje é inadmissível pensar que países livres tenham de se submeter às manipulações econômicas de outras nações.

O aspecto trágico dessa proposta é a completa ausência de responsabilidade social dos agricultores norte-americanos, que veem a agricultura apenas como uma forma de aumentar sua própria fortuna, e não como a solução para a questão da fome no mundo. Ao produzir mais alimentos - e, com isso, mantendo seus preços mais acessíveis aos países pobres -, o Brasil ajuda a evitar que essa epidemia terrível se espalhe ainda mais no planeta.

Houve ainda uma época em que a divisão internacional do trabalho imposta pelos países ricos reservava para eles a produção de bens manufaturados e aos países pobres, o fornecimento de bens agrícolas e matérias-primas. Hoje se vai estabelecendo uma nova divisão: os Estados Unidos e a Europa transformaram-se em economias de serviço e grandes produtores e exportadores agrícolas, enquanto a produção industrial se deslocou para a Ásia.

Nesse novo esquema, países como o Brasil deveriam, na opinião deles, cumprir um novo papel: tornar-se uma espécie de "área de preservação permanente global". Com isso se resolveriam dois problemas: o comercial, pois sua produção agrícola ineficiente se viabilizaria pela redução da oferta e pelo aumento dos preços internacionais; e o ambiental, porque garantiríamos a compensação necessária para que eles continuem a manter seu atual padrão de consumo, que exige a exploração dos recursos naturais globais acima da capacidade que a natureza tem de repô-los.

Tudo isso funcionaria muito bem, não fosse o fato de sermos um país de mais de 190 milhões de habitantes, que precisam satisfazer as mesmas necessidades básicas que os americanos e europeus e têm as mesmas aspirações de progresso material e espiritual, cada vez mais parecidas e universais no mundo globalizado. Sim, nós também temos direito à felicidade nos mesmos moldes dos europeus ocidentais e dos norte-americanos!

Faz sentido, portanto, a defesa "desinteressada" que eles fazem dos chamados "povos da floresta". Além de sua expressão quantitativa reduzida, esses brasileiros têm um padrão de consumo que não compete com eles no uso dos recursos naturais e torna perfeitamente viável o esquema de "fazendas lá e florestas aqui".

Só não dizem o que fazer com os 190 milhões de nossa população que não vivem nas florestas e precisam produzir comida e outros bens para ter um padrão de vida digno. Para estes eles têm a solução que já aplicam na África, depois de arruinarem a produção local de algodão, milho, tomate e outros alimentos, com os subsídios milionários que dão aos seus próprios fazendeiros: a chamada "ajuda humanitária".

A continuar nesse ritmo, em vez de comprar comida nos supermercados, vamos acabar tendo de esperá-la cair do céu em fardos atirados pela Força Aérea Americana ou distribuídos pela Cruz Vermelha e pelo Greenpeace.

Proprietários do Estado e das pessoas

A blogueira Yoani Sanchez, cronista da vida real dos cubanos, talvez nem perceba o valor de revelação que têm alguns dos detalhes prosaicos que escapam de sua narrativa...
Veja um trecho de sua entrevista à "Veja":

Como o governo tem reagido a seu blog?
O portal Desdecuba.com, em que o site está hospedado, está bloqueado há mais de um ano para quem tenta acessá-lo de Cuba. Há algumas semanas, cancelaram o site Voces Cubanas, que possuía vários diários virtuais, incluindo uma cópia do meu. O governo também se esforça para me transformar em uma pessoa radioativa. Membros da polícia política me vigiam todo o tempo e dizem a meus vizinhos, amigos e parentes que sou perigosa. Falam que quero destruir o sistema e sou uma mercenária do império. Em um país onde todo mundo trabalha para o estado ou depende da ajuda do governo, esse método surte efeito. Muita gente já se afastou de mim. Alguns nem me telefonam. É uma luta desigual. Todo o poder de um estado recai sobre mim. Até minha mãe tem sido vítima dessa campanha atemorizante. Eles a pressionam no trabalho. Ameaçam tirar seu emprego. Ela não faz nada especial, que possa desestabilizá-los. Não tem blog. Não é jornalista.

Qual é o trabalho de sua mãe?
Ela preenche formulários em um ponto de táxi.

Puta que pariu!
Para pegar um taxi tem que preencher um formulário!
Esses caras são doentes!

E agora, Hugo Chávez, com outro exemplo do que nos espera se a demência se estabelecer entre nós:

A criação de um sistema econômico baseado na "propriedade social dos fatores e meios de produção básicos e estratégicos", e dividindo o país em pequenas comunidades que substituem os governos estaduais e municipais eleitos, está prestes a ocorrer na Venezuela.
Mediante duas leis de adoção iminente, a Venezuela será subdividida em "comunas" que contarão com moedas próprias não-conversíveis e sistema comercial baseado no escambo. Elas dependerão administrativamente de um ministério central. A atividade produtiva estará nas mãos de "organizações sócio-produtivas". Para trabalhar em uma dessas organizações será obrigatório professar a "ética socialista", ser ativista no "Conselho Comunal" e residir na respectiva comuna. Mudar-se da comuna significará a perda do emprego.
Nada disso está contemplado na Constituição venezuelana. Todos estes aspectos estão contidos na "Lei das Comunas" e na "Lei para o fomento e desenvolvimento do sistema econômico comunal". A Assembléia Nacional, controlada por Hugo Chávez, está pronta para aprová-las em segundo turno.