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26 de nov. de 2012

YES ONWARD LIVE 1996



Onward

Contained in everything I do
There's a love I feel for you
Proclaimed in everything I write
You're the light, burning brightly

Onward through the night
Onward through the night
Onward through the night of my life

Displayed in all the things I see
There's a love you show to me
Portrayed in all the things you say
You're the day leading the way

Onward through the night
Onward through the night
Onward through the night of my life

Onward through the night
Onward through the night
Onward through the night of my life

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Adiante

Contido em tudo que faço
Há o amor que sinto por você
Afirmado em tudo que escrevo
é que você é luz, brilhando intensamente

Adiante pela noite
Adiante pela noite
Adiante pela noite da minha vida

Refletido em tudo que vejo
Há o amor que você demonstra
Retratado em tudo que você diz
está que você é o dia, mostrando o caminho

Adiante pela noite
Adiante pela noite
Adiante pela noite da minha vida

Israelenses também usam escudo humano



24 de nov. de 2012

Linguagem corporal

por Augusto Nunes

O sorriso e o esgar

A foto de Dida Sampaio é mais que o registro do momento em que Dilma Rousseff, presidente da República há quase dois anos, cumprimentou o ministro Joaquim Barbosa, que acabara de assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal. A imagem documenta a colisão frontal, consumada em estridente silêncio, entre um homem e uma mulher assaltados por sentimentos opostos e movidos por antagônicos estados de ânimo.
O chefe do Poder Judiciário está feliz, de bem com a vida. A chefe do Poder Executivo está contrafeita, nas fímbrias da amargura. Joaquim Barbosa é o anfitrião de uma festa. Dilma Rousseff é a convidada que nada tem a festejar. Está lá por não ter conseguido livrar-se do convite.
Ele se sente em casa e pensa no que fará daqui por diante. Ela pensa no que ele fez e anda fazendo. E se sente obrigada a enviar um recado fisionômico ao padrinho e aos condenados no julgamento do mensalão: se pudesse, estaria longe dali.
Só ele sorri. O sorriso contido informa que o ministro não é homem de exuberâncias e derramamentos. Mas é um sorriso. Os músculos faciais se distenderam, os dentes estão expostos, o movimento da pálpebra escavou rugas nas cercanias do olho esquerdo.
A presidente não sorri. (O companheiro ministro Ricardo Lewandowski foi premiado com sorriso e dois ósculos). Na foto, o que se vê no rosto da presidente é um esgar. A musculatura contraída multiplica os vincos na face direita, junta os lábios num bico pronunciado e assimétrico, faz o olhar passar ao largo do homem à sua frente.
O descompasso das almas é sublinhado pelas mãos que não se apertam. A dele ao menos se abre. A dela, nem isso. Dilma apenas toca Joaquim com a metade dos quatro dedos. Ele a cumprimenta como quem acabou de chegar. Ela esboça um cumprimento de quem não vê a hora de partir.
Conjugados, tais detalhes sugerem que, se Joaquim Barbosa sabe que chefia um dos três Poderes independentes e soberanos, Dilma Rousseff imagina chefiar um Poder que dá ordens aos outros. Ela já deveria ter aprendido com o julgamento do mensalão que as coisas não são assim. A maioria dos ministros é imune a esgares.
Ministros do STF que temem carrancas nem precisam vê-las para atender aos interesses do governo. Não são juízes. São companheiros. Por enquanto, são dois.

Resumo


Como se quantifica?

Pelas pinturas mais caras já negociadas foram pagos de US$ 55 milhões (a primeira abaixo) a US$ 140 milhões (a última, em ordem crescente).
- clicar para ampliar -

Pablo Picasso
Femme aux Bras Croisés (Woman with Folded Arms), 1902. 

Vincent van Gogh
A Wheatfield with Cypresses, 1889

Kazimir Malevich
Suprematist Composition, 1916

Willem de Kooning
Police Gazette, 1955

Vincent van Gogh
Portrait de l'artiste sans barbe (Self-portrait without beard), 1889

Mark Rothko
White Center (Yellow, Pink and Lavender on Rose), 1950

Peter Paul Rubens
Massacre of the Innocents, 1611

Pierre-Auguste Renoir
Bal du moulin de la Galette (Dance at Le moulin de la Galette), 1876

Jasper Johns
False Start, 1959

Claude Monet
Le Bassin aux Nymphéas (Water Lily Pond), 1919

Vincent van Gogh
Portrait of Dr. Gachet, 1890

Pablo Picasso
Dora Maar au Chat (Dora Maar with Cat), 1941

Pablo Picasso
Garçon à la Pipe (Boy with a Pipe), 1905

Pablo Picasso
Nude, Green Leaves And Bust

Edvard Munch
The Scream

Willem de Kooning
Woman III, 1953

Jackson Pollock
No. 5, 1948

5 de nov. de 2012

Chegou a hora de esclarecer de vez o assassinato do prefeito Celso Daniel


por Augusto Nunes

“Os executores de Celso Daniel começaram a ser castigados. Chegou a hora de identificar e punir os mandantes do assassinato”, informa o título do post de 18 de novembro de  de 2010. Passados dois anos, as ameaças de Marcos Valério exigem a republicação do texto. Ao escapar da merecidíssima punição pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o ex-ministro Antonio Palocci inventou o estupro sem estuprador. Quase 11 anos depois da morte do prefeito de Santo André, gente que se acha muito esperta continua tentando  inventar o crime encomendado sem mandante.
Com o silencioso aval da oposição e o endosso explícito do governo, o PT decidiu que o assassinato de Celso Daniel foi um crime comum. Esqueceram de combinar com a imprensa, que continuou investigando o caso, com a família da vítima, que desafiou as pressões dos interessados em enterrar a história, e sobretudo com o Ministério Público, comprovou em novembro de 2010 o julgamento de Marcos Roberto Bispo dos Santos no foro de Itapecerica da Serra. O promotor Francisco Cembranelli provou que o crime foi político e acusou o réu de participação no sequestro seguido de assassinato encomendado pela quadrilha de políticos corruptos que agia na prefeitura de Santo André.
Os jurados avalizaram a argumentação de Cembranelli e condenaram Bispo dos Santos, foragido, a 18 anos de reclusão em regime fechado. O Ministério Público não está sob o controle do Executivo, reiteraram o destemor e a objetividade de Cembranelli. Não são poucos os brasileiros capazes de enxergar as coisas como as coisas são, reafirmou a decisão do júri. E ainda há juízes no Brasil, mostrou Antonio Augusto Galvão de França Hristov, que determinou a duração do castigo imposto ao homicida.
O país que presta espera que seja só o começo. Bispo dos Santos foi o motorista de um dos dois carros mobilizados para a captura de Celso Daniel. Faltam os outros integrantes da milícia formada por assassinos de aluguel. E faltam os mandantes. Por enquanto, o único formalmente acusado de figurar entre os autores da encomenda é Sérgio Gomes da Silva, vulgo Sombra, ex-assessor e segurança do prefeito executado, que aguarda o julgamento em liberdade.
Em janeiro de 2002, os supostos amigos voltavam do jantar num restaurante em São Paulo quando segundo o relato de Sombra um grupo de bandidos interceptou o carro blindado que dirigia e arrancou Celso Daniel do banco ao lado. Horas depois, o corpo foi encontrado numa estrada de terra no município de Itapecerica da Serra, desfigurado por marcas de tortura e inúmeras perfurações a bala.
O depoimento de Sombra na delegacia deixou intrigada a mais crédula das carmelitas descalças. Ele diz que não tentou escapar porque o câmbio hidramático emperrou. O fabricante do veículo desmontou a versão malandra. Nem o depoente nem os policiais que o interrogaram decifraram outro enigma: por que os sequestradores permitiram que uma testemunha ocular sobrevivesse e para contar uma história muito mal contada?
Por que Sombra e Celso Daniel, por exemplo, não permaneceram no interior do carro blindado? Como foi destravada a porta do passageiro, que só poderia abrir por dentro? Por que Sombra não pediu socorro assim que os bandidos se afastaram? Se aquilo não passara de um assalto, por que nenhum dinheiro, nada de valioso foi levado? Por que Celso Daniel foi torturado antes da morte? O que os torturadores desejavam saber? O que procuravam?
Logo se juntaram as peças do mosaico. Na segunda metade dos anos 90, empresários da área de transportes e pelo menos um secretário municipal, todos vinculados ao PT, haviam forjado em Santo André o embrião do esquema do mensalão. Recorrendo a extorsões ou desvios de dinheiro público, a quadrilha infiltrada na administração municipal garantia parte da gastança com as campanhas do partido. A multiplicação das boladas aguçou a cobiça de alguns quadrilheiros, que começaram a embolsar quantias de bom tamanho. Escolhido para o papel de coordenador da candidatura de Lula na disputa presidencial de 2002, Celso Daniel achou melhor desativar o esquema criminoso. Foi punido com a morte.
Em julho de 2005, a TV Bandeirantes divulgou o escabroso conteúdo de conversas telefônicas entre Sombra, Gilberto Carvalho, secretário particular de Lula, e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, encarregado pelo PT de impedir que as investigações avançassem. Feitas por solicitação do Ministério Público, as gravações pilharam o trio em tratativas destinadas a enterrar a história de vez. Na hipótese menos inquietante, comprovam que Altos Companheiros tentaram obstruir a ação da polícia e da Justiça quando o cadáver do prefeito de Santo André ainda esfriava na sepultura.
Numa das fitas, Gilberto Carvalho procura amainar a inquietação de Sombra. “Marcamos às três horas na casa do José Dirceu”, informa o secretário do presidente da República. “Vamos conversar um pouco sobre nossa tática da semana, né? Porque nós temos que ir para a contra-ofensiva”. A voz de Sombra revela que o suspeito ficou menos intranquilo ao saber da movimentação fraternal. “Vou falar com meus advogados amanhã, nossa ideia é colocar essa investigação sob suspeição”. Carvalho concorda com a manobra: “Acho que é um bom caminho”.
Em outra conversa, a inquietação de Sombra fora berrada ao parceiro Klinger Oliveira, secretário de Assuntos Municipais de Santo André. “Fala com o Gilberto aí, tem que armar alguma coisa!”, exalta-se o último companheiro a ver o prefeito vivo. “Só quero que as coisas sejam resolvidas!” Além do nervosismo de Sombra, causava preocupação à equipe especializada em socorrer suspeitos o comportamento do médico João Francisco Daniel, irmão do assassinado.
Como o caçula Bruno, João Francisco sempre afirmou que Celso se condenou à morte ao resolver desmontar a máquina de fazer dinheiro que ajudara a instalar nos porões da prefeitura. Ao notar que fora longe demais, Celso contou ao irmão que decidira entregar a dirigentes do PT um dossiê que detalhava as patifarias. E transformou o irmão numa testemunha de alto risco para os padrinhos de Sombra. Como neutralizar o homem-bomba?
A interrogação aquece uma das conversas entre Gilberto Carvalho e Greenhalgh. “Está chegando a hora do João Francisco ir depor!”, alerta o advogado do PT. “Antes do depoimento preciso falar com você para ele não destilar ressentimentos lá!”. Gilberto se alarma com o perigo iminente. “Pelo amor de Deus, isso vai ser fundamental! Tem que preparar bem isso aí, cara, porque esse cara vai… Tudo bem”. Os donos das vozes nas fitas recitam desde 2002 que houve um crime comum. Se foi assim, por que tirou o sono de tantos figurões da política brasileira?
O promotor Francisco Cembranelli provou que Celso Daniel foi vítima de uma conspiração tramada por bandidos vinculados ao PT de Santo André e consumada por um grupo de matadores profissionais. O Brasil quer ver esclarecidas tanto a eliminação de Celso Daniel quanto a sequência de mortes misteriosas que silenciou oito testemunhas. E quer ver na cadeia todos os culpados incluídos os mandantes. As gravações podem ajudar a identificá-los. As conversas entre Sombra, Greenhalgh e Carvalho não se limitam a escancarar uma mobilização política. Documentam a movimentação de comparsas.
Crimes que envolvem muita gente sempre são esclarecidos. Até Marcos Valério acabou entrando na história. Chegou a hora de esclarecer de vez o caso insepulto.



2 de nov. de 2012

Teremos mais um botão para apertar


Raio trator espacial prestes a se tornar realidade

Apesar de conseguir puxar apenas micropartículas aqui embaixo, no espaço a força do raio trator pode ser suficiente para deslocar objetos de maior massa.[Imagem: Paramount]

Da ficção para a realidade
Um raio trator capaz de desviar um asteroide em rota de colisão com a Terra, capturar lixos espaciais, ou ajustar a órbita de satélites artificiais não é mais um sonho tão distante.
Presente há anos na ficção científica, aos poucos o conceito de um raio capaz de puxar materiais sem contato começou a ser testado nos laboratórios de nanotecnologia, já sendo uma realidade para as nanopartículas.
Embora a ficção tenha várias versões do aparato, para os físicos do mundo real um raio trator é uma onda de luz, visível ou não, capaz de puxar um objeto ao longo do feixe de luz até a sua origem - há também outro conceito, conhecido como raio trator gravitacional.
Agora, o avanço foi significativo o suficiente para chamar a atenção da NASA.
David Ruffner e David Grier, da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, conseguiram pela primeira vez construir um raio trator autêntico, que puxa as partículas sem depender de sua composição.
Os dois pesquisadores usaram um laser especial, que produz um tipo de luz chamada feixe de Bessel, no qual os fótons são disparados em anéis concêntricos.

Tubo de luz
Para criar o raio trator, dois feixes de Bessel são disparados lado a lado.
Mas, em vez de prosseguirem paralelamente, uma lente faz que com eles desviem e se sobreponham, criando um padrão alternado de regiões claras e escuras.
A interação não destrói o "miolo" vazio do feixe, onde fica a partícula a ser tracionada.
Ajustando a temporização dos feixes, os pesquisadores fizeram com que os fótons das regiões brilhantes se espalhem em direção à fonte de luz, empurrando a partícula para a próxima região clara.
Como há uma sequência de regiões claras e escuras, ao sair do raio de ação dos fótons de um anel de luz, a partícula já atingiu o anel de luz seguinte, cujos fótons entram então em ação.
Assim, o feixe de luz funciona como uma correia transportadora, levando continuamente a partícula em direção à fonte.

(a) Interseção dos dois lasers; (b) reconstrução volumétrica do feixe resultante; (c) holograma de fase mostrando a correia transportadora de luz; (d) projeção holográfica do feixe que puxa a partícula em direção à sua origem. [Imagem: Ruffner/Grier]

Raio trator prático
Tudo ainda funciona no reino da nanotecnologia - o raio trator é capaz de puxar microesferas de sílica.
Mas há dois avanços essenciais.
O primeiro é que o raio trator a laser não depende de uma segunda fonte de luz do "outro lado", podendo ser emitido de uma fonte única, a partir de um único ponto.
O segundo é que, ao contrário do primeiro nano-raio trator verdadeiro, criado há menos de seis meses, o sistema independe das propriedades físicas da partícula a ser transportada.
Foi isso que chamou a atenção da NASA, que já contatou os pesquisadores para discutir possibilidades de aplicações do raio trator no espaço.

Raio trator no espaço
Apesar de conseguir puxar apenas micropartículas aqui embaixo, no espaço a força do raio trator pode ser suficiente para deslocar objetos de maior massa.
Outra possibilidade de aplicação é a captura de partículas de cometas e asteroides, evitando as complicadas manobras de pousar nesses corpos celestes para coletar amostras.
Os dois pesquisadores passaram à frente de uma equipe formada pela própria NASA há cerca de um ano, para tentar viabilizar a tecnologia dos raios tratores: NASA quer tornar raio trator uma realidade

Fonte: Site InovaçãoTecnológica


1 de nov. de 2012

Quem vai domesticar quem?

do blog Vespeiro
Do lado de cá, tenho acompanhado com crescente ansiedade as tentativas que encontro pelos jornais de analisar com excesso de benevolência o quadro que se desenha da sequência julgamento do Mensalão – eleições municipais.
Não discuto a pertinência das conclusões que extraem da aritmética da votação (sobretudo quando incluem os números da deliberada e maciça abstinência) em todo o país e nem a verdade do que muitas delas afirmam sobre a legitimidade das pretensões do PT ao poder em escala nacional (e até além dela).
Mas não é disso que se trata.
Fora das democracias plenas, privilégio muito recente de meia dúzia de povos, se tanto, verdade e legitimidade sempre tiveram muito pouco a ver com aquilo que de fato define a conquista e o exercício do poder.
É um dado histórico. E a plena aceitação dessa verdade sobre ‘o real poder da verdade e da legitimidade no jogo do poder’, posta ao lado das hesitações dos que acreditam que basta reafirmá-la para se defender das feras, é a principal arma com que Lula tem contado para comer como tem comido o fígado do eleitorado.
Se não podemos e nem queremos agir como ele, é preciso, ao menos, pensar como ele pensa ao avaliar o campo de batalha para ganhar um mínimo de eficácia na luta que está por vir.
A questão, daqui por diante, é simples. Trata-se de saber quem vai domesticar quem: se é a imprensa e o Judiciário que vai controlar o PT ou se, ao contrário, é o PT que vai controlar a imprensa e o Judiciário.
Do lado de lá, jogo mais claro é impossível.
O PT não aceita que se lhe exponham os podres e nem, muito menos, que se lhe condenem por isso. Para que não restem mal entendidos, ovaciona todos os dias os seus condenados e manda avisar a quem interessar possa que, qualquer que seja a pena que venha, vai passar a trote por cima da instância máxima da ordem institucional brasileira, cujas decisões o partido não acata nem acatará, e brandirá por cima dela a contra-sentença de algum dos muitos circos que os restos da esquerda bandida ainda mantêm armados pelo mundo afora para ocasiões como essa.
O padrão exemplar de "democracia" que o partido repete, de Dilma a Lula, com igual convicção e fervor, é o da Venezuela de Chávez, a Argentina dos Kirchner e o Equador de Correa, onde qualquer interessado poderá visitar as diferentes etapas de desenvolvimento do mesmo projeto que o PT afirma querer transplantar para cá, todos eles, por sua vez, inspirados na Cuba dos Castro que é onde os quatro sonham chegar. E veja bem o quanto o Brasil terá que retroceder para se igualar com esses lixos latinoamericanos!
Não pode haver ilusões. O PT é aquele tipo de adversário que, numa contenda supostamente balizada por regras civilizadas, leva para o ringue, além das luvas, o seu inseparável revólver e outras armas escondidas no calção (ou na cueca, como prefere). Enquanto estiver ganhando dentro nas nossas paupérrimas regras escoriocráticas, limitar-se-á ao uso das luvas, ainda que abusando dos golpes abaixo da cintura. Se sentir a perspectiva da lona, puxará o revolver e acionará o gatilho e usará inescrupulosamente de todo o seu arsenal oculto.
Nada, rigorosamente nada do que o PT tem dito e feito indica o contrário. Cada declaração, cada gesto, cada ato de governo tem o claro e reto objetivo de fechar a porta à alternância no poder. A desculpa de que é tudo "para fazer avançar a democracia social" é uma daquelas mentiras rodriguenhas que clamam aos céus.
Se a sequência do julgamento do Mensalão – as eleições municipais provaram alguma coisa por enquanto, ou seja, que não existe barreira nenhuma contra a "democracia social", que pode avançar tão perfeita e livremente quanto for o desejo da coletividade dentro do limpo terreno republicano.
Mas nem mais tal prova indiscutível da inexistência da tenebrosa criatura da ‘zelite’, que eles vivem denunciando, impede que eles sigam gritando "Lobo!"
Ao contrário.
O PT renunciou faz tempo à utopia socialista. Trata-se agora de edificar o capitalismo de estado brasileiro à moda chinesa, onde tudo se resolve entre amigos (que, enquanto "fazem avançar a democracia social", como acaba de demonstrar o New York Times com relação à família Wen do patriarca Jiaobao, costumam ficar bilionários).
Para essa tarefa, as armas do passado são substituídas pelo dinheiro, e o acesso ao dinheiro necessário para desígnio tão grandioso se dá pelo controle das verbas públicas e a cooptação/fabricação de megaempresas globais estatais.
A primeira etapa – assenhorear-se com dinheiro de ‘Caixa 2’ do Poder Executivo "para fazer avançar a democracia social" – está completa e voluntariamente confessada.
A segunda – anular com dinheiro público desviado, qualquer sombra de resistência do Congresso ("ao avanço da democracia social", é claro) – foi a que o Supremo Tribunal Federal acaba de descrever e condenar, tanto nos seus métodos quanto nos seus objetivos.
Antes e depois de cada uma, ocorre a colonização da máquina pública e a partidarização do Estado com o objetivo de amealhar mais dinheiro "para fazer avançar a democracia social", isto é, para comprar votos e consciências com suborno, assistencialismo, doação subsidiada de bondades de véspera de eleição, conforme a necessidade. E entre os mais preciosos produtos de tais operações colhem-se os argumentos para sobrepor "legitimidade política", êxito econômico e popularidade ao império da lei. E da ‘quadrilha’...
O projeto é claro como o sol, e há muito que não é mais só um projeto.
Há esperanças?
Há.
O bicho homem tem de ser tangido a pau para fora do seu egoísmo e do seu instinto predatório, naturais. Democracia é isso, e é isso que o Supremo Tribunal Federal, pela primeira vez na história deste país, começou a fazer com o julgamento público e didático do Mensalão e a condenação dos bandidos, ainda que tardiamente.
Abre-se, assim, a oportunidade de o Judiciário vir juntar-se à imprensa para dar consequência prática à tarefa de impor a democracia que ela, desde o início da República, vinha a duras penas tentando empreender a mão desarmada.
Os predadores dos níveis mais altos da cadeia alimentar, como os políticos e os mega "empresários estatais" e privados a eles associados, entretanto, nunca são completamente domesticáveis. Poder e dinheiro são o gatilho que disparam os fatos que deixam um "cheiro de sangue" no ar sempre pronto a detonar a volta deles à sua condição selvagem original.
Os nossos, hoje solidamente associados e comensais comedores de restos da república, que costumam acompanhar esses espécimes, estão próximos demais da carótida do Brasil para aceitar se afastarem placidamente dela.
Só o farão se doer muito.
A questão é que restam muito poucos do lado de cá para garantir que assim possa ser. Sim, há 11 partidos dividindo o poder nas 26 capitais. Mas só um e meio podem, em sã consciência, ser classificados fora da categoria dos “comedores de restos”. Falta um partido que seja contra o socialismo, mesmo e principalmente o chamado pejorativamente de "democracia social". O que há de sólido são as duas pontas do sistema que não vivem de votos e mais da metade do eleitorado que, votando ou deixando de votar, provou que não se vende.
O único recurso dos que se recusam a entrar no ringue carregando armas proibidas é a rapidez de resposta. É preciso derrubar o adversário sempre que ele levar a mão em direção ao coldre e antes que ele possa sacar a arma ilegal escondida. A imprensa e o Judiciário (e com ele o Ministério Público legitimado pela Constituição de 88) têm de articular uma rede de alarme e resposta rápida aos ataques que virão de modo tão profissional e eficiente, respeitadas as regras do jogo democrático, quanto o inimigo declarado que jura os dois de morte articulou a sua ação.
Mesmo porque, o que acontecer com uma acontecerá com o outro, e vice-versa.


José Guimarães (PT – CE), irmão de José Genoíno (PT – SP), é aquele cujo assessor direto, José Adalberto Vieira, foi preso no Aeroporto de Congonhas em São Paulo com US$ 100 mil escondidos na cueca, e mais R$ 209 mil numa maleta de mão, quando embarcava para Fortaleza.