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31 de mar. de 2010

Dessa vez vai com foto e tudo, que ele merece

O erro do PAC2

por Guilherme Fiúza

O PAC 2 contém um erro: não indica a fonte pagadora para a aceleração do crescimento da renda de Dilma Rousseff, caso eleita.

Como se sabe, a candidata Dilma terá um salário de 18 mil reais para fazer campanha. Será pago pelo PT, tirando sabe-se lá de onde. Ou melhor, sabe-se, mas deixa pra lá.

Se virar presidente da República, Dilma não poderá ter prejuízo, como já explicou Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete de Lula. E o salário de presidente não chega a 10 mil reais. Ou a companheira terá que renunciar, ou seu contracheque terá que ser recheado com os bons e velhos recursos não contabilizados.

Era muito mais fácil ter pendurado essa rubrica no PAC 2. Não haveria problema algum, sendo a concepção do PAC, basicamente, literária.

Nem Lula leva a sério aquela numeralha voadora que seus burocratas jogam ali. A imprensa é que fica, com essa sua mania de acreditar em tudo, vasculhando percentuais, cifras e resultados. Depois não entende por que é criticada pelo presidente.

Os 500 bilhões do PAC 1 valem exatamente o mesmo que o 1 trilhão do PAC 2. Isto é, zero.

É a mesma reciclagem de previsões de investimentos da Petrobras e financiamentos da Caixa Econômica, com salada de obras previstas no plano plurianual (entre as encalhadas há anos, as que talvez um dia sejam feitas com recursos privados e até as que poderão realmente virar palanque).

É preocupante que, no meio de tanta licença poética e numerologia cabalística, ninguém tenha tido a idéia de incluir o soldo da companheira de armas.

Lá vem caixa dois – e isso é normal, todo mundo faz. Mas que ficava mais bacana incluir a aceleração da renda da mãe do PAC entre as façanhas do filho, isso ficava. E ninguém haveria de estranhar. O jetom de Dilma é mais concreto que a Transnordestina.

29 de mar. de 2010

Esse cara é muito bom


Não é à toa que Guilherme Fiúza é o autor de "Meu nome não é Johnny", que deu origem ao ótimo filme de mesmo nome. Escreve uma coluna na revista Época, e esta é a da semana atual. Não coloco sua foto aqui porque ele é feio que dói, mas encontrei essa outra, inacreditável, sob medida para o texto; um gaiato a publicou originalmente sob o título "Dê o exemplo".

A mala do planeta

Eles estão tentando salvar a Terra e você está atrapalhando.

Você teima em abrir a torneira da pia para lavar as duas mãos ao mesmo tempo. Insiste em ligar diariamente o chuveiro. Consome oxigênio sem parar, e dá o que em troca ao planeta? Só gás carbônico, agravando o efeito estufa.

Eles ainda vão criar o Dia Mundial Sem Você.

Por enquanto, existe o Dia Mundial Sem Carros, e parece que estão planejando um Dia Mundial Sem Elevador. Resumindo, quanto menos coisas o ser humano fizer, melhor. De preferência, no escuro.

A Hora do Planeta é uma dessas tentativas de corrigir a aberração que é a vida que você leva. Desse jeito, meu caro, melhor as trevas. E não fique achando que vale o escurinho do cinema ou um blecaute romântico a dois. É sem ar-condicionado.

Mas não se sinta, ao aderir, um herói da economia de energia – outra coisa que você, consumista, teima em sugar do planeta. Não há economia alguma, porque o apagão do bem não foi programado para um horário de pico. Você não está salvando um kilowatt sequer.

A causa é muito mais nobre: está em jogo a sobrevivência dos marqueteiros do fim do mundo. Ao apagar a luz e entrar na corrente moderninha (uma espécie de pirâmide do apocalipse), você está salvando o emprego de pelo menos um eco-burocrata – e evitando que ele tenha idéias piores.

O slogan da Hora do Planeta é incisivo: “De que lado você está?” É natural que perguntem, no escuro não dá para enxergar mesmo.

Diga logo que você está do lado do planeta (até porque a lei da gravidade te obriga), e que não tem nem notícias do que se passa do outro lado, a não ser pelas mensagens do Chico Xavier.

Pronto, você já não é mais um capitalista selvagem perdulário. Está livre do purgatório ecológico. O último que sair acenda a luz.

Van Gogh





27 de mar. de 2010

Conversa real e virtual

A blogueira Saramar exprimiu sua incredulidade e inconformismo no belo post "A Cegueira dos Comunistas". Em vez de comentá-lo por lá, resolvi fazê-lo aqui, deixando o link para quem se interessar.

Realmente complexa a tua pergunta, Saramar. O contraste é muito grande entre a ilustração que as pessoas aparentemente têm e a defesa que fazem de idéias sem futuro. E o problema não parece ser apenas de canalhice e oportunismo, ervas que são esmagadas a cada preparo da terra para nova safra, - mas que sempre voltam a vicejar aproveitando-se do substrato das culturas.
A perenidade do problema indica ser outra sua causa.

Essas cristalizações ideológicas mais se parecem com as pedras que ficaram no meio da lavoura. Permaneceram ali, enquanto tudo mudava à sua volta.
Eu também me esforço por entender sua presença e razão de ser.

Um, mas apenas um, dos grandes fatores da mudança global, talvez o mais intenso, originou-se na Revolução Americana, e vem confrontando crescentemente todas as demais visões de mundo e maneiras de viver.
Assistimos presentemente às condensações da resistência a esse vendaval. Algumas, disformes e grotescas; outras, mais inteligentes e eficazes.
Afinal, aquela noção de Destino Manifesto que levou os americanos ao Pacífico, na formação de sua Nação, pode muito bem pretender aplicar-se ao resto do mundo..., aos recursos naturais indispensáveis..., à manutenção da necessidade de consumo...
Mais cedo ou mais tarde, sobre todos a pressão se fará sentir, especialmente sobre aqueles como nós, detentores do que mais faltará aos povos tornados afluentes.
É certo que de há muito estamos incluídos em estratégias alheias, especialmente naquelas em etapa expansionista, ou - o que tem efeito similar -, naquelas que pretendem utilizar-nos como fator de contenção a expansões de terceiros. Não há como nos "incluirmos fora dessa". O que podemos fazer é incrementar nosso grau de autonomia, manobrar a vela para nos utilizarmos desses ventos. E não será com o alinhamento do país ao que há de mais sórdido na patifaria internacional que iremos consegui-lo. Já passou da hora de trocarmos o timoneiro.

É uma pena que não tenhamos um discernimento mais abrangente, mas essa sempre foi a condição de toda a humanidade. O conhecimento total é certamente a aspiração fundamental e a esperança final de toda a espécie.
Mas há loucos empedernidos que já se pretendem dele portadores. Há os que são do tipo furioso e vociferante, mas há também os dissimulados, os obcecados, os idiotas, os cretinos e os imbecis.
Só num daqueles pesadelos sem sentido poderíamos nos defrontar com a situação de vê-los, em grupo, dirigindo um país.
Vamos acordar?

Deus proteja a imprensa livre

Da coluna de Augusto Nunes;

"Confrontado com um caso de polícia, o presidente Lula criou uma nova categoria de inimputáveis ─ a dos homens incomuns ─ para desviar do camburão o chefe do bando. “O Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”, deliberou em junho o camelô dos palanques, de passagem pelo Cazaquistão, ao saber das bandalheiras nas catacumbas no Senado.

Confrontado com a ação movida contra o Estadão pelo empresário Fernando Sarney, o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, decidiu que, se o pai é incomum, como tal o primogênito também deve ser tratado. Em homenagem à família chefiada pelo patriarca José, de quem ganhou o emprego, o juiz amordaçou o Estadão com a censura prévia.

Confrontado com a reportagem da Folha que denunciou a existência da conta com 13 milhões de dólares no Suíça, o tesoureiro da capitania hereditária do Maranhão fez outra retirada audaciosa nos fundos da arrogância. “Não me manifesto sobre o que não acontece”, tentou encerrar a conversa com o repórter, com a empáfia de quem se julga condenado à impunidade.

Confrontada com delinquências financeiras de Fernando Sarney, a presidente da Suíça, Doris Leutrard, escancarou com uma frase o abismo que separa uma nação civilizada das paragens afundadas no primitivismo. “Aqui tratamos todos de forma igual”, resumiu. “Aqui pouco importa se a pessoa é rica ou pobre, famosa ou não”.

As regras que tratam do sigilo bancário ─ algumas absurdas desde sempre, outras devastadas pela esclerose ─ imploram por mudanças urgentes. Mas ninguém na Suiça é incomum. Os governantes de lá não têm bandidos de estimação. O presidente não ousa atropelar ostensivamente a lei. Não há meliantes especiais. Nem existem sobrenomes intocáveis.

Dias antes da decretação do bloqueio judicial, como apurou o jornalista Lauro Jardim, o sempre ágil Fernando emagreceu a conta suspeitíssima em 10 milhões de dólares, transferidos para outro esconderijo em Lichtenstein. Foram retidos 3 milhões. Não é muita coisa perto das cifras com que lida a turma liderada por Madre Superiora, Magro Velho, Bomba e outros codinomes bisonhos. Mas é mais que suficiente para amparar a pergunta que resume outra ópera do malandro: alguém pode juntar tanto dinheiro sem ladroagem?

O Estadão está sob censura há 239 dias. Ninguém no clã dos Sarney sabe o que é sequer uma hora de cadeia. A credibilidade do Poder Judiciário, em seu conjunto, pode entrar em colapso se a população carcerária não incorporar outras estrelas do universo dos corruptos além de José Roberto Arruda, engaiolado provisoriamente. A diferença entre o ex-governador do Distrito Federal e os colegas de ofício é que a Turma do Panetone foi copiosamente filmada em ação.

No século passado, convencida de que não conseguiria reunir provas suficientes para prender Al Capone por delitos ainda mais graves, a Justiça americana tratou de enquadrar o chefão mafioso em crimes contra o Fisco. A movimentação do dinheiro no exterior não deu as caras nas declarações de renda de Fernando e sua mulher. Que tal percorrer a estrada pavimentada há quase 80 anos?

Ainda existem juízes no Brasil, e um deles é o ministro César Peluso, novo presidente do Supremo Tribunal Federal. Único integrante da Corte que foi juiz de primeira instância, cumpre a Peluso liderar a luta pela sobrevivência moral do Poder Judiciário. Ele sabe que não pode contar com o Executivo e o Legislativo.

O presidente da República e o presidente do Senado estão a milhões de anos-luz da Suiça. Lula desafia acintosamente o Tribunal Superior Eleitoral. Sarney é um chefe de famiglia. Ambos são atropeladores compulsivos de regras legais e normas éticas. Também por isso os velhos desafetos descobriram que eram amigos de infância.

Pelo menos tão cedo o presidente do STF tampouco deve contar com a opinião pública. No Brasil do terceiro milênio, só o julgamento do casal Nardoni conseguiu induzir a multidão a clamar pelo castigo dos culpados. É compreeensível que o assassinato de uma criança provoque tanta comoção. Mas o triunfo dos bandidos incomuns sobre a Justiça consumará o assassinato da esperança dos brasileiros decentes.

Nenhum outro crime é tão hediondo."

Não dizem que uma imagem vale por mil palavras?

Por Sponholz

Pedante

É o pretensioso, aquele que se expressa exibindo conhecimentos que não possui. A origem da palavra é curiosa. Tal como pedestre, pedagogo e pedagogia, vem de pé. Pedante, na Roma Antiga era o escravo que acompanhava, a pé, os filhos de seu senhor à escola. Ficava aguardando as aulas terminarem para levar de volta as crianças para casa. Enquanto esperava, ouvia as lições e assim, embora sem escolaridade formal, aprendia a falar difícil. Daí a acepção de pedante para quem mostra uma cultura falsa ou acima do seu meio. Nos salões sofisticados, onde brilham lantejoulas e olhos revirados, o pedante encontra terreno fértil para suas ocas demonstrações de cultura, não é verdade?
(créditos para Mauri Martinelli)

25 de mar. de 2010

Ligação

Matemático russo Grigory Perelman apresentou uma prova para a Conjectura de Poincaré mas não se interessa pelo prêmio oferecido pela façanha

O matemático russo Grigory Perelman, 44, considerado um dos maiores gênios vivos do mundo, declarou ontem que não tem interesse em receber o prêmio de US$ 1 milhão a que tem direito por ter resolvido a chamada Conjectura de Poincaré.

Em seu apartamento infestado de baratas em São Petesburgo, Perelman afirmou, sem abrir a porta: “tenho tudo o que quero”, segundo informou o jornal britânico Daily Mail.

Perelman tem direito ao prêmio, oferecido por uma instituição dos Estados Unidos, por ter encontrado uma solução para a Conjectura de Poincaré, que desafiava os matemáticos há mais de um século.

A complexidade do assunto levou o Instituto de Matemática de Clay a incluir o problema entre os “sete desafios do milênio”. Para cada desafio que fosse solucionado, o instituto prometeu pagar um prêmio de US$ 1 milhão (cerca de R$ 1,78 milhão).

Morando com as baratas

A vizinha Vera Petrovna afirmou ao jornal britânico que já esteve no flat do matemático. “Ele tem apenas uma mesa, um banquinho e uma cama com um lençol sujo que foi deixado ali pelos antigos donos – uns bêbados que venderam o apartamento para ele”.

“Estamos tentando acabar com as baratas nesse quarteirão, mas elas se escondem na casa dele”, acrescentou.

Esse não é o primeiro prêmio esnobado por Perelman. Há quatro anos, ele não apareceu para receber a medalha Fields da União Internacional de Matemática.

Corrente

Acontecimentos recentes em Cuba, entre eles a trágica morte de Orlando Zapata Tamayo, a repressão às Damas de Branco e a intensificação do fustigamento contra aqueles que se atrevem a expressar os desejos de seus concidadãos cubanos, são sumamente preocupantes. Estes acontecimentos destacam que em vez de aproveitar a oportunidade de entrar em uma nova era, as autoridades cubanas continuam respondendo às aspirações do povo cubano com um punho fechado. Hoje, somo minha voz a das valentes pessoas em toda Cuba e a um coro cada vez mais numeroso em todo o mundo que exigem o fim da repressão, a libertação imediata e incondicional de todos os presos políticos e o respeito aos direitos básicos do povo cubano. No transcorrer do ano passado, dei passos para estender a mão ao povo cubano e expressei meu desejo de propiciar uma nova era de relações entre os governos dos Estados Unidos e Cuba. Sigo comprometido em respaldar o simples desejo do povo cubano de determinar livremente o seu futuro e gozar os direitos e liberdades que definem o continente americano e que deveriam ser universais entre todos os seres humanos.

Barack Obama
Presidente dos Estados Unidos da América

24 de mar. de 2010

Repercutindo

"...Mas isso ainda é pouco para os irmãos Castro. Eles nem mesmo se envergonham de ordenar o espancamento de mulheres nas ruas de Havana.

A coragem das Damas de Branco, rechaçadas, puxadas pelas pernas, braços e cabelos por uma tropa insana disposta a tudo para pôr fim a uma manifestação pacífica, expôs uma face ainda mais covarde da ditadura cubana.

Eram menos de 30 mulheres – mães e esposas do que a ONU classifica como prisioneiros da consciência – que caminhavam empunhando ramos de flores.

Reina Tamayo, mãe de Zapata, com arranhões e a blusa manchada de sangue, outras senhoras feridas, e ainda outra sendo arrastada pelo chão por mais de cinco pares de mãos, certamente são imagens que vão continuar falando alto pelo mundo afora."

Íntegra aqui.

21 de mar. de 2010

Ação política

Trata-se de construir, não a realidade, que ela não é nossa, mas um abrigo, onde possamos a ela sobreviver. E sobrevivência, como sabemos, significa adaptação.

Não sabemos o que é a realidade, quando a observamos com nossa parte mais lúcida.
Nossa espécie, que já conta aproximadamente duzentos mil anos de história e pré-história, vem desvendando-a num ritmo crescente, mas não dispomos de um referencial para avaliar o estado de nossa progressão, no âmbito total do percurso.

Somos fruto do acaso, na vasta experiência vital ora em curso na natureza?
Acho que não; é muito mais provável, até por haver um curso, a existência objetiva do impulso que o gerou.

Não parece mágica a estreitíssima margem das condições ambientais vigentes, que permitem a existência das espécies nas suas formas atuais?
Acho que sim, inacreditável até, se levarmos em conta a multiplicidade de fatores - temperatura, pressão, teor exato de oxigênio na atmosfera, inclinação ótima do eixo de rotação terrestre, órbita apropriada em relação ao Sol..., que concorrem para a viabilização do que temos.

Alterando-se ao longo do tempo, gradativamente, os limites da faixa de compatibilidade vital, - e com isso, simultaneamente, através de pequenas e cumulativas mutações, também as espécies sobreviventes às novas condições -, a que outras formas poderemos evoluir? Ou nosso repertório de mutações possíveis não será suficiente para acompanharmos as do ambiente?

Certamente, não são questões para resposta imediata, mas utilizo-as para dar o enquadramento que julgo necessário ao tema proposto: a ação política. Pois a esta tudo pode faltar, menos a devida adequação à realidade.

Ocorre que sempre há uma definição da realidade por trás da concepção de uma ordem social e de suas decorrentes ações políticas. E como todas as definições da realidade são insuficientes, precisamos cravar um marco de referência no limite desse abismo, para evitar adentrarmos às construções ideológicas que pretendam haver alcançado o horizonte final.

Não temos uma situação estática e definida - e nem tempo suficiente - para construirmos o templo definitivo da humanidade, belo, imutável e eterno. Estamos envolvidos e impregnados pela dinâmica que se observa em todo o universo. Nossa origem é obscura e nosso destino é incerto. Somos uma ponte entre o passado e o futuro. Somos o presente, e a direção do nosso próximo passo já trará em si a consequência dessa escolha. Não podemos nos dar ao luxo de errar o caminho.

E no entanto..., estamos perdidos.
Como dizia o Chapolim Colorado, "- E agora, quem virá nos socorrer?"

Acontece que essa "perda" é necessária, se o que perdermos for a fixação numa descrição. Pois só assim podemos resgatar e ter presente à atenção nossa vinculação com o infinito indeterminado, que é a nossa condição natural.
Estarmos "encontrados" no âmbito de uma concepção, termos uma identidade referida a uma ordenação social, vermos a nós mesmos como pertencentes a um grupo, tudo isso é necessário, mas não essencial. E se o que perdermos for justamente o essencial, estaremos então presos ao pragmatismo das necessidades, só podendo agir politicamente em prol de causas limitadas.

Ação política não é só a ordenação da polis, administrando seus conflitos e direcionando seus esforços. Muito menos o proselitismo rasteiro que chega a lançar mão da coação, da intimidação e da enganação.
Ação política é a delimitação sempre variável do horizonte de atuação dos agentes públicos, de forma a preservar o valor de sobrevivência da ordem social, mas sem com isso impedir os agentes privados de desenvolverem seus vínculos com a ordem natural.
Passando do abstrato para o concreto: a ordenação desejável deve ser auto-limitada, porém tão abrangente quanto as circunstâncias assim o exigirem; uma vez satisfeitas as exigências circunstanciais, deve então redimensionar-se à nova situação, conter-se e refinar-se, preservando sua autoridade para novas intervenções e abrindo espaço para o livre desenvolvimento das aptidões e talentos individuais, que são, afinal, quem desencadeia o poder de uma sociedade.
A energia da reação provocada pelo somatório dos alinhamentos individuais com a ordem natural, eventualmente, precisa ser moderada pelas barras de grafite da ordem social.
A ação política, nesses termos, é como o controle de uma reação nuclear. Num extremo, desliga o reator; no outro, explode.

20 de mar. de 2010

Brasil profundo

O autor desse texto, postado originalmente no blog Lumières, de uns tempos para cá resolveu omitir sua identidade, decisão que respeitarei. Muito provavelmente, pois estou a par de alguns pormenores assim indicativos, entrou numa etapa de sua vida pessoal e profissional onde deve precaver-se contra a estupidez de uma malta insuflada e excitada, qual matilha de cães e cadelas arreganhadas.
Seu testemunho beira o desabafo, e nos deixa entrever aquele país real que ainda não se reflete na estrutura oficial, dominada artificialmente por uma casta política incapaz de se livrar do jogo de pressões que perpetuam o descaso com a essência da Nação, com a energia indômita, tenaz e criativa das pessoas cujos valores individuais, conjugados, ajudam a construir e a sustentar nossa identidade nacional.
Se você está achando essa apresentação meio grandiloquente, até concordo, mas o que dizer ante tal depoimento? Veja, e diga você mesmo. Acho que não será muito diferente...

"Eu nasci em Araraquara em 1975, e o que mais me lembra a primeira infância era o cheiro de suco de laranja que o vento trazia da fábrica da Cutrale, ali vizinha ao meu bairro. Mas muitas coisas aconteceram antes disso.
Meus primeiros antepassados paternos pisaram nesta terra há quase quatrocentos anos. Cheguei a encontrar em livros um longínquo x-avô que aqui aportou em 1676, vindo das ilhas dos Açores. Outros vieram depois.
Trouxeram-nos uma nacionalidade, a língua portuguesa e a religião católica. Um ganhou a vida como tropeiro, levando e trazendo burros, mulas e cavalos entre as províncias sulinas e São Paulo. Outros conquistaram terras e viraram grandes fazendeiros de café, em Itu, Santo André, Araras. Algumas dessas terras estão hoje sob o concreto das cidades. A imensa árvore genealógica liga-me diretamente a figuras históricas da República Velha. De tudo aquilo conquistado e depois dividido ou perdido em crises econômicas, batalhas políticas, jogos, negócios e disputas ficaram-me de herança as histórias e o sobrenome.
Minha família materna veio de outro capítulo importante de nossa história. Vindos dos rincões mais pobres e atrasados da Itália, chegaram aqui com uma mão na frente e outra atrás. Há pouco tempo, em uma vila encravada nas montanhas do Cilento, província de Salerno, na Itália, encontrei já velhinha a sobrinha de meu bisavô, que lembrava-se exatamente do dia em que fora despedir-se dele, que embarcava para o Brasil no porto de Nápoles. Aqui progrediu e se instalou em terras de Boa Esperança do Sul, também plantando café. Criou nove filhos. Minhas tias avós contavam histórias de como acordavam de madrugada para espantar ladrões de gado e cavalos da fazenda. Só os três mais velhos se formaram na universidade, porque a crise de 1929 veio, e a prosperidade acabou. Estoques de café sem valor nenhum chegaram a ser queimados nas locomotivas da Estrada de Ferro Araraquara e da Mogiana. Meu avô foi trabalhar no cabo da enxada. Casou-se, e minha avó, uma professora também italiana e de família pobre, mas acostumada com a vida boa da cidade foi para a fazenda onde aprendeu a carnear porco, fazer lingüiça e fritar a carne para ser conservada em barris de banha, já que não havia geladeira. Minha mãe passou a infância na fazenda. Anos depois, voltando de charrete da cidade à fazenda, meu avô contou à minha avó que iria construir uma fábrica de barbantes em sociedade com um imigrante libanês. A fábrica deu certo, minha mãe e todos os meus tios puderam estudar e se formar.Da fábrica de barbantes meus avós compraram um sítio para produzir laranjas. Mais ou menos na mesma época, seu José Cutrale, filho de um siciliano que vendia laranjas no mercado municipal de São Paulo, começou a fazer suco de laranja em Araraquara.
Meu pai, ainda jovem, acompanhava meu tio avô em viagens pelo Mato Grosso do Sul, que ainda era Mato Grosso. Meu tio avô, de Presidente Prudente, comprava gado lá do outro lado do Paranazão, e trazia de comitiva para os frigoríficos ingleses de São Paulo. Era um tempo onde não existia asfalto por ali. Todo mundo andava armado e onças e bandos de veados campeiros cruzavam o caminho nos campos do Bonito.
Meu pai foi estudar agronomia em Piracicaba, na Escola fundada no começo do século por Luiz de Queiroz, um industrial interessado em melhorar a qualidade do algodão que chegava em sua fábrica. Para isso doou sua própria fazenda, a São João da Montanha para fundar a Escola Agrícola. Esse mesmo algodão que Luiz de Queiroz plantava e comprava, meu avô usava para fazer barbantes, vendidos principalmente aos frigoríficos onde meu tio avô vendia bois. Em Piracicaba conheceu minha mãe. Recém formado, em 1971, foi a Alta Floresta, quando Alta Floresta era um acampamento de pau a pique e lona preta. Uma empresa italiana queria plantar café ali, com incentivo e ajuda do governo brasileiro. A mata foi derrubada, 20 mil pés de café e 10 mil pés de cacau foram plantados. Minha mãe não se acostumava com onças rondando a casa.
Foram a Campo Grande, de fusca. Campo Grande era um povoado cheio de imigrantes libaneses, japoneses, armênios e de índios e paraguaios. A cidade tinha algumas ruas de asfalto, e acabava ali na praça do Rádio. O bairro onde morei anos depois era ainda uma capoeira de mato em uma fazenda vizinha. A energia elétrica acabava sempre às sete da noite. Meu pai comprou terras em Bonito também para plantar café. Uma certa manhã o mundo amanheceu branco de geada, uma geada que ficou na memória dos mais velhos. O café e a fazenda acabaram-se, e eles voltaram a Araraquara. Minha mãe teve cinco filhos, e aí no meio eu nasci, sentindo o cheiro da fábrica de suco do seu José Cutrale. Meu pai pós-graduou-se em heveicultura. Em 1980 fomos em um Embraer Bandeirantes a Conceição do Araguaia, no Pará, onde ele produzia mudas de seringueira e gerenciava fazendas. Um de meus irmãos hoje trabalha de engenheiro na Embraer, ajudando a fazer alguns dos melhores aviões do mundo, bem melhores que aquele Bandeirantes (outro irmão trabalha com as maiores indústrias de alimentos do país, um outro constrói estradas e portos para escoar nossa produção). O governo ainda incentivava a derrubada da mata e a colonização da fronteira inóspita. Poucos anos antes índios haviam atacado a cidade matando alguns dos moradores a flechadas. Eram comuns histórias de assassinatos, tiroteios, brigas. Conceição também sofria com apagões e a falta de infra-estrutura. Certa vez um sujeito que havia tido a cara partida por um golpe de facão foi operado com luz de farol de carro no hospital da cidade. E sobreviveu. Mas eu e meus irmãos nos divertíamos pescando no rio, acampando nas praias, brincando nas rodas d’água das fazendas.
Em 1985, eu estava morando em Teresina, no Piauí. A 100km dali, uma grande empresa fazia um imenso projeto de arroz irrigado às margens do Parnaíba. O governo, através do Pró-Várzeas incentivava o aproveitamento do uso racional das várzeas de rios. Era engraçado ver a gauchada importada para implantar o projeto de arroz tomando chimarrão de bombachas a um calor de 40 graus. A fazenda era uma imensidão de milhares de hectares verdes de arroz. Nossa diversão era nadar no imenso canal central de irrigação e pular nos montes de palha do arroz beneficiado. A soja avançava no Cerrado, e no fim daquela década chegaram os primeiros paulistas, vindos de Araraquara, para plantar no sul do Piauí. No vale do São Francisco crescia a fruticultura. Meu pai se apaixonara pela piscicultura, e foi também um pioneiro na criação de camarão da malásia no Brasil.
Fui estudar agronomia também na Esalq. Partilhei casa e comida e amizades com gente dos quatro cantos do Brasil, ricos, pobre, brancos, mulatos, pretos, japoneses, rurais e urbanos, todos apostando que na agropecuária estava o futuro do Brasil.
Eu e um grupo de colegas economizamos por três anos para patrocinar uma viagem destinada a conhecer a agricultura Européia. Andamos por campos, vinhas, criações, fazendas robotizadas, indústrias químicas, fábricas, bancos, universidades e até a sede da FAO, em Roma. Embora o mundo estivesse de olho na China, o Brasil despertava o interesse em todo lugar onde passávamos.
Voltei à Europa em 1999. Trabalhei em uma fazenda francesa, colhendo batata, milho, morangos, feijão. Meus patrões, donos de 60ha viviam de produzir sementes de milho, cânhamo e da feira de legumes do sábado. Estudei na Escola de Agricultura de Angers e com meus colegas franceses fomos a feiras de gados e viajamos por fazendas e frigoríficos irlandeses para uma pesquisa de campo.
Virei estagiário de um frigorífico francês. Depois me ofereceram emprego. No final de 2000, uma vaca louca foi descoberta na linha de abate da minha empresa. Depois disso, a doença que até então estava restrita ao Reino Unido começou a aparecer na Europa toda, provocando uma enorme crise no setor de carnes do continente. Dali fui em 2001 para a Holanda, para trabalhar na importação e distribuição de carne brasileira, que minha intuição dizia, tinha um futuro muito mais promissor. Com o real desvalorizado desde 99, a economia estabilizada desde 94, a Europa fora dos mercados da Rússia e do Oriente Médio e a Argentina sufocada por uma política suicida, as exportações brasileiras dispararam. Frigoríficos, todos já nas mãos de brasileiros se profissionalizaram. A velha geração de açougueiros e marreteiros de boi começou a dar lugar à segunda geração de tecnocratas, economistas e audaciosos homens de negócio que abriam ações na bolsa e compravam outras empresas no exterior.
Nossas plantas não ficavam em nada a dever àquelas francesas e irlandesas que eu havia conhecido. Nem tampouco nossas fazendas, imensidões de pasto e espaço comparadas às granjas enlameadas de duas dúzias de vacas multicores dos irlandeses.
Vinte anos depois dos tempos de Sarney e Dílson Funaro, quando tivemos que importar o “Chernobife” russo que ninguém queria, o Brasil era o maior exportador de carne do mundo, e a Rússia nosso maior cliente.
A cada quilo de carne que eu vendia eu pensava estar ajudando a criar um emprego para alguém no Brasil.
Voltei em 2008 com saudades da terra, e fui para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Marquei gado, vacinei, brinquei, toquei boiada, aprendia a olhar a bosta para ver se cada um deles estava comendo bem...
Hoje meu trabalho é tentar descobrir a maneira de conciliar a produção de carne com a preservação ambiental. E nem é tão difícil, temos toda a tecnologia para isso. Podemos dobrar nossa produção de carne sem derrubar nenhuma árvore sequer. Meus antepassados eram tropeiros. Eu dirijo um carro flex-fuel abastecido com o biocombustível mais eficiente do mundo.
Essa é, resumidamente, a minha história. E é uma pequena parte da história de como este país foi construído. Uma história esquecida por um povo que não se lembra sequer do escândalo do mês passado em Brasília. Um povo capaz de mobilizar 80 milhões de pessoas para tirar alguém do Big Brother e incapaz de fazer o mesmo para tirar um corrupto do Congresso.
Vivo do meu trabalho e do meu salário. Durante quatro meses do ano trabalho de graça para um governo que pouco ou nada me dá em troca. Mesmo assim quer determinar o que devo ler, escrever, comer e até pensar. Transforma estudantes em militantes semi-analfabetos a quem chama cidadão consciente. Defende ditadores e assassinos pelo mundo, enquanto se auto-proclamam democratas. E mesmo com tanto autoritarismo é um governo incapaz de manter a lei e a ordem tanto nas fronteiras como no coração das maiores cidades do país. O sul do Pará ainda hoje é um faroeste caboclo.
Minha religião, berço da democracia e do senso moral deste hemisfério está sob ataque, acusada de intolerância. Em nome dessa suposta “tolerância”, pretende-se que seus símbolos sejam arrancados de todo e qualquer lugar público. Essa mesma “tolerância” exige que eu aceite como normais qualquer tipo de comportamento moral e sexual. Nosso próprio governo dá cartilhas de sexo, camisinhas e pílulas às nossas crianças achando que assim os educa melhor do que os pais.
Não sou rico e nem latifundiário. Mas sou rotulado como parte da “elite branca” responsável por todos os males do país. Se eu sou assaltado, dizem que a culpa é mais minha, por ter um relógio, do que daquele que me assaltou. Responsabilidade e livre arbítrio não existem mais. Por quê isso tudo? Devo me envergonhar de alguma parte da minha história? Será que é porque acredito, como Lincoln, que a propriedade é o fruto do trabalho de um homem, é seu direito, e é a base de uma sociedade democrática? Certos setores da sociedade acham perfeitamente normal por exemplo que a propriedade da Cutrale seja depredada e saqueada pelo MST. E pensam ser desejável que de agora em diante o direito de propriedade seja apenas relativo.
Nos dividem em brancos, pretos, índios depois de cinco séculos de miscigenação sob que propósito? Criar alguns cidadãos “mais iguais” perante a lei do que os outros?
Meu pai, aos 65 anos queria começar uma criação de camarões. Hoje, a promissora criação de camarão brasileira foi praticamente exterminada pelo ambientalismo militante. Espero que meu pai ainda não acabe seus dias na cadeia por insistir nisso. Ele que desmatou e plantou em várzea de rio hoje certamente mereceria prisão perpétua.
Meu filho vai nascer em junho. Estou feliz porque é tempo de festa junina, de comemorar a colheita na roça. Ao mesmo tempo não sei em que tipo de país ele vai viver. Nesse momento, como feto, a vida dele para alguns vale menos do que a de um mico-leão ou ovos de tartaruga.
Eu esperava, ainda espero, que ele possa desfrutar dessa imensa promessa de riqueza futura que é o agronegócio brasileiro, e vou gastar todas as minhas forças, toda a minha energia, a última gota de saliva e a última tinta no papel para que assim seja.
Minha vida e minha história sempre estiveram de uma forma ou outra ligada à agricultura, como esteve a história desse país. Hoje, adolescentes de 15 a 60 anos de coletinho e bolsa a tiracolo querem apagar nossa história, reescrever o passado, ditar o presente e nos roubar o futuro. Querem nos transformar em criminosos e vigaristas. Mas mantenho a esperança de que democraticamente iremos vencer essa tentação totalitarista que nos assombra por detrás de boas intenções.
Tenhamos fé."

A Bravata e a Carta

A BRAVATA

"Neste país está para nascer alguém que venha querer discutir ética comigo. Eu digo sempre o seguinte: sou filho de pai e mãe analfabetos. E o único legado que eles deixaram, não apenas para mim, mas para toda a família, é que andar de cabeça erguida é a coisa mais importante que pode acontecer para um homem ou uma mulher. E eu conquistei o direito de andar de cabeça erguida neste país com muito sacrifício. E não vai ser a elite brasileira que vai fazer eu baixar a cabeça".

( trecho do discurso proferido pelo senhor Luis Inácio Lula da Silva para uma platéia de petroleiros da REDUC, Duque de Caxias/RJ)


A CARTA

Causa indignação a qualquer cidadão medianamente esclarecido ouvir ou ler a asneira acima, pronunciada por uma pessoa semi-analfabeta, despreparada, sem nenhuma ética, que 52 milhões de abobalhados colocaram na presidência da república do Brasil.

Esclarecendo: asneira vem de asno ou burro.

O senhor passou a sua vida toda, juntamente com o seu partido (?!?!?!), mentindo para um povo até conseguir conquistar as consciências de 52 milhões de incautos que não sabem distinguir óleo de água e, agora, depois de ter implantado no Brasil o maior esquema de corrupção jamais visto no mundo, ainda vem dar uma de o mais honesto do país com essa afirmação desproposital, descabida e desrespeitosa.

Pois eu lhe digo, senhor Luis Inácio: eu sou um brasileiro de 62 anos de idade, não sou analfabeto, meus pais não eram analfabetos, eu recebi uma educação doméstica, moral e formal para dizer ao senhor, o seguinte: me respeite! Respeite o meu país! Respeite as pessoas que estão indignadas com a sua desfaçatez!

Se o senhor acha que o único repositório da ética e da moral deste país é o senhor, pois fique sabendo que eu quero discutir com o senhor sobre ética e moral, cara a cara, olho no olho.

Eu quero que o senhor me explique como é que Delúbio Soares e Sílvio Pereira armaram o esquema criminoso que resultou neste mar de lama que emporcalha a história do Brasil sem que o senhor, o José Genuíno e o José Dirceu soubessem de nada.

Eu quero que o senhor me explique, cara a cara, olho no olho, porque Celso Daniel, prefeito de Santo André, foi assassinado friamente e o seu governo agiu no sentido de paralisar as investigações.

Será que o senhor sabe o que significa obstrução da justiça? Pois foi isto o que o senhor fez, obstruiu a justiça. Se o Brasil fosse um pais sério, o senhor já estaria na cadeia só por isto.

Eu quero que o senhor me explique porque mandou a prefeita de São José dos Campos, Ângela Guadagnin, exonerar o secretário de finanças Paulo de Tarso Venceslau só porque este, que também fora secretário de finanças da Prefeitura de Campinas, descobriu um esquema de desvio de dinheiro público operado pela CPEM, que somente em 1992 desviou 10,5 milhões de dólares da prefeitura de São José dos Campos, sem falar nas outras três onde o esquema funcionava (Campinas, Piracicaba e Ribeirão Preto, esta última tendo como prefeito Antônio Palocci, ex-ministro da fazenda), dinheiro esse que se destinava a alimentar o caixa 2 do PT.

Nesse esquema o Paulo Okamoto, que não detinha cargo público e era apenas militante do PT, fazia o papel que o Sílvio Pereira fez até ser desmascarado recentemente.

Note-se que estes fatos ocorreram há 12/13 anos atrás.

Não é de hoje, portanto, que o PT se utiliza desses esquemas criminosos para suprir o seu caixa 2 e aumentar o patrimônio de seus integrantes. Inclusive o seu e do seu filho, o Lulinha, que recentemente recebeu da Telemar cinco milhões e duzentos mil reais como investimento numa empresa que eu não pagaria um centavo por ela.

A troco de quê, senhor Lula, a Telemar deu essa dinheirama toda ao seu filho?

O senhor e seus asseclas vivem dizendo que tudo é culpa das elites brasileiras. Para mim, as elites que jogaram o PT e o governo Lula na lama têm nomes: José Dirceu, Sílvio Pereira, Delúbio Soares, Marcos Valério e os que estão acima destes que o senhor tão bem conhece e eu não preciso citar.

Como tem nome a sua Ministra Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff – ex-guerrilheira; ex-terrorista; ex-assaltante de 4 bancos; ex-assaltante de residências, ex-tudo de ruim.

O senhor é o chefe de todos eles. É o campeão mundial da "maracutaia" (palavra que tanto usou no passado para ofender, impunemente, seus adversários políticos).

Pois eu lhe digo, senhor Lula: neste país nasceu antes do senhor um homem em condições de discutir com o senhor, cara a cara, olho no olho, sobre ética e muitos outros atributos que o senhor não possui, como por exemplo, capacidade administrativa, discernimento, iniciativa e coragem de tomar decisões.

E digo mais: que eu não estou sozinho, pois o Brasil tem milhões de homens e mulheres que têm condições de discutir com o senhor sobre ética e moral e dar aulas destas matérias, se é que iria entender.

Quer me parecer que o senhor não entende o verdadeiro significado das palavras ética e moral, talvez seja este o caso, já que nunca estudou e se gaba de ter nascido de país analfabetos.

Na verdade, quem se gaba de ter nascido de país analfabetos e de ter pouco estudo não tem o direito de ofender todo um povo arvorando-se no único repositório da ética e da moral. Isto já é coisa de doente mental como aconteceu com Hitler, Stalin, Lumumba, Pol Pot, Mao, Fidel, Pinochet, Idi Amin, Sadan e tantos outros ditadores, responsáveis por milhões de assassinatos de inocentes.

Senhor Lula, o senhor foi colocado onde está por pessoas tão ignorantes ou mal intencionadas quanto o senhor. Mas eu devo lhe dizer que os homens e mulheres de bem deste país já estão cheios das asneiras que o senhor fala e faz e com suas bravatas, com a sua incapacidade sobejamente demonstrada em governar o país e com o fato de estar se esquivando de suas responsabilidades nos desmandos praticados pela cúpula dirigente do PT querendo nos fazer crer que Sílvio Pereira e Delúbio Soares agiram sozinhos. Não creio que Sílvio Pereira e Delúbio Soares sejam tão burros assim. Só um idiota acreditaria nisso.

E digo-lhe mais uma coisa: pare de subestimar nossa inteligência, pare de ofender os brasileiros, principalmente aqueles que acreditaram em suas mentiras e suas falácias e lhe colocaram onde está hoje.

Está na hora do senhor devolver estes votos juntamente com um pedido de desculpas tomando a decisão de renunciar ao cargo para o qual o senhor nunca esteve preparado para exercer.

Estou pronto para discutir com o senhor sobre ética e outros assuntos a qualquer momento que o senhor escolher. Isto se o senhor tiver coragem, porque sempre foge covardemente do debate com a imprensa e com pessoas inteligentes, pois não tem a hombridade de responder ou enfrentar.

A maioria do povo brasileiro está de saco cheio com o senhor e com o seu PT - PARTIDO dos TRAMBIQUEIROS, cambada de assaltantes que ocupam postos chaves de nossa nação, mas vai chegar a hora de prestarem contas das falcatruas que enche seus bolsos dia e noite. E não vão adiantar operações plásticas e outros artifícios, fugir para outros países, pois o mundo hoje está muito menor do que já foi no passado e sua figura burlesca já é bem conhecida lá fora.

Estarei aberto para debater estes e outros assuntos em público, em dia, hora e local que bem lhe aprouver, com a presença da imprensa ainda não comprometida. Considere-se desafiado a partir deste momento.

Otacílio M. Guimarães - Presidente do CREA (Ceará)


Delúbio pagou seis mil reais


Delúbio Soares, conforme reportagem, foi convidado a ser padrinho da turma de formandos acima. E isso nos permite uma observação acerca da nossa realidade. Ou melhor, permite um pequeno mergulho abaixo da superfície, para começarmos a tatear, nas águas escuras da consciência, quem é esse tal de povo brasileiro.
Observem as faces dos formandos. O que há ali é a expressão da vitória de projetos pessoais, conquistada pela superação de obstáculos - que no caso consistiram em sucessivas, por vezes árduas avaliações de conhecimentos profissionais adquiridos.
O fato de existir a satisfação pessoal, por si só, implica obviamente na pré-existência da individualidade que se satisfez. Dito assim, parece uma idiotice, ao nosso senso comum ainda não saturado pela perspectiva coletivista. Mas comparem isso, por exemplo, com a expressão "A rua é da revolução!", vociferada pela reação cubana à manifestação das Damas de Branco, - mães, esposas e filhas dos prisioneiros políticos de Cuba.
Lá, a rua não é pública, e não há espaço para expressões não alinhadas com o poder dominante. Mas não foi esse o caso dessa formatura: não vejo ali subserviências e fanatismos. Aqui, ainda não há um poder capaz de exercer tamanha dominação, e há no povo um pragmatismo capaz de utilizar-se dos idiotas úteis para dar sustentação econômica a projetos privados; algo como tabelar com as canelas do adversário.
Tenho fé no time, e minha torcida é imensa.
( Mas não os deixem roubar a bola ! )

16 de mar. de 2010

Depoimento

De Claudia Cadelo, sobre "Coco" ( Guillermo Fariñas) :

"Hebert, Lía e eu éramos a imagem viva do desamparo. Havíamos saido de Havana na meia noite passada e deambulávamos - finalmente - por Santa Clara, procurando pelo paradeiro incerto de Ciro e Claudio, que haviam sido presos em Placetas.

Só o havia visto uma vez de passagem. Não podia imaginar que meses mais tarde estaria no patamar da sua porta às quatro da manhã, chamando-lhe com todas as forças. Sua mãe abriu:
-Bom dia, sou Claudia, procuro Farinas. Venho de Havana, meu marido está preso na Villa daqui acredito.

Coco desceu, nos deu café, emprestou-me o telefone, contou-nos a sua vida, explicou-nos como chegar na delegacia e me brindou com toda sua hospitalidade. Quisera eu ter a grandeza de alma que ele tem para abrir a porta para um deconhecido - com esse bom humor - de madrugada!

Convenceu-me a esperar o amanhecer e quando quase me ia, disse:
-Não gosto da ideia de deixá-los ir sozinhos à delegacia, vou me vestir.

Descobri que caminhava pela cidade com uma estrela: todos o saudavam, o conheciam, perguntavam-lhe por alguém. Desde que entrei na sua casa tive a absoluta certeza de que com ele nada mal me aconteceria, e nunca me falhou.

Hoje falamos por telefone. Ou melhor ele falou, porque eu não deixo de chorar quando me diz que doem os olhos e os rins, que fica dormente todo momento e que as pressões estão chegando. Solto o telefone e passo para Ciro, envergonho-me de não ser capaz de manter um diálogo coerente.

Não sei mais o que dizer... Não quero que morra."

Explicação


O gesto de Guillermo Fariñas, interpretado por Yoani Sánchez:

"... Porque nos trouxeram até este ponto? Como puderam fechar todos os caminhos do diálogo, do debate, da sã dissenção e da crítica necessária?
Quando num país acontecem estes tipos de protesto de estômagos vazios, há que se perguntar se aos cidadãos foi deixada outra via para exibirem seu inconformismo.
Fariñas sabe que jamais lhe darão um minuto na rádio, que seu critério não será levado em conta em nenhuma reunião do parlamento e que sua voz não poderá levantar-se, sem penalização, numa praça pública.
Negar-se a ingerir alimentos foi a forma que encontrou para mostrar o desespero de viver sob um sistema que constituiu a mordaça e a máscara em suas 'conquistas' mais completas."

14 de mar. de 2010

Há algo de podre no Sistema Eleitoral

A imagem abaixo está publicada no post O TSE é pura incompetência!, do blog Coturno Noturno.
Trata-se de uma pesquisa que foi depositada no Tribunal Superior Eleitoral, conforme manda a lei, e que deveria ter sido previamente avaliada por aquele, à luz desta.

Pelo visto, já que foi registrada, foi aprovada. Ou apenas cumpriu-se o rito burocrático, sem ter tido apreciada sua substância. De qualquer forma, a Norma sai desmoralizada do episódio, que já não é o primeiro nem segundo. (E as urnas eletrônicas, sob custódia desse mesmo Tribunal, passam bem?)
A pesquisa completa tem apenas essas três questões, e é promovida pela empresa Mapear Instituto de Pesquisa Ltda, alegadamente para seu próprio consumo e feita com recursos próprios.
Acredite quem quiser.

Mas o que quero destacar é outro ponto. O que está sublinhado em vermelho na imagem denota algumas realidades. O entrevistador, que lê as questões e anota as respostas, é conduzido a anunciar ao ilustre e bem-informado entrevistado quem é a candidata do PT, que é a chamada Dilma. Não bastasse, logo após, ao perguntar em quem votaria, tem que enunciar e reforçar que a citada Dilma é a candidata do Lula. Vai que o cara não tinha entendido da primeira, né?

A expectativa, pois, quanto ao público-alvo da pesquisa, não era lá muito lisonjeira, por parte de quem desenhou a farsa.
E da minha parte também não. Mas em vez de tirar proveito da situação, quero é apontar que o Sistema Eleitoral não está imunizado quanto a contrafações desse tipo, pois permite que programas mal intencionados infectem e desvirtuem o processamento natural da aferição democrática.
Como resultado disso, não se obtém a expressão legítima de um "consenso majoritário entre iguais", mas sim o produto final de um processo de manipulação da massa ignorante, o que está reduzindo a atividade política - a condução da polis, a uma grotesca campanha de "caça aos otários".

Dizendo com todas as letras, o Sistema Eleitoral vigente, na prática, atribui o poder decisório aos menos qualificados para tal, produzindo com isto desdobramentos diametralmente opostos aos seus desígnios. Objetivamente falando, trata-se de um sistema que está sendo aplicado sobre uma base que não lhe é compatível. Nas nossas circunstâncias atuais o critério do voto universal, na verdade, acaba constituindo a massa ignorante num restrito e decisivo colégio eleitoral. E isso não por alguma escolha deliberada e demencial, mas por um também insano apego a um dogma impraticável e insuficientemente analisado.

O debate político dessa questão, possivelmente, seria inviável. O que torna a demonstrar quem é que realmente dá as cartas. O que atemoriza a ordem política e social é o poder da malta, insuflada e conduzida pelos "pais do povo", e mães também. E essas criaturas não são responsáveis o suficiente, chegando algumas a ser mesmo inimputáveis. Mas apesar disso, é provável que só através de uma influência sadia sobre esses cretinos possa-se alterar o rumo ao desastre.

A influência mais sadia que acredito possamos exercer é a de sermos o que somos, demonstração viva de autonomia irredutível. E sorridente...

Palhaços!

13 de mar. de 2010

As coisas não são simples...

Mas de vez em quando aparece uma Dora Kramer, que consegue fazer com que elas pareçam sê-lo.
Ela costuma destrinchar um assunto com uma lógica tão implacável que lá pelo meio do caminho a gente já fica meio enfastiado, pela monotonia típica de uma demonstração completa e competente, - exaustiva, minuciosa e abrangente.
Independente do assunto, que aliás já encheu o saco, o texto merece ser destacado como um marco de referência do jornalismo opinativo, - até pelo que não diz, pelo que deixa pairando no ar, a muda exigência de maior inteligência.


PNDH - Exercício de recreação

por Dora Kramer

Ou bem o Programa Nacional de Direitos Humanos não é nada além de um compêndio de intenções que serve à recreação de certa esquerda ou o presidente Luiz Inácio da Silva não preside de fato o País. A primeira hipótese chega a ser reconfortante considerando o caráter aterrador da segunda. Se Lula assinou sem ler um plano de mais de 500 metas que abre frentes de conflito com Deus e o mundo e, segundo seus defensores, põe o Brasil na rota do futuro; se a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, conforme reza a versão do palácio, não tem nada com isso, é de se perguntar quem se responsabiliza pela tomada de decisões de governo. Impressiona a naturalidade com que é aceita a premissa de que o governo tenha se proposto a executar um projeto que altera o desenho da Constituição brasileira e reformula a base sob a qual se sustentou o processo de redemocratização, sem que o presidente da República nem sua candidata a presidir a República tivessem conhecimento do pretendido. Muitos foram os penitentes pelo fato de a imprensa não ter dado a devida atenção ao conteúdo das propostas quando do lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos, duas semanas antes de José Casado, do jornal O Globo, esquadrinhar as 73 páginas do decreto assinado pelo presidente Lula e revelá-lo na íntegra. A penitência, na verdade, caberia ao governo, por preparar e apresentar à sociedade um plano dessa envergadura sem explicar exatamente do que se tratava. Na cerimônia de divulgação do programa, o presidente em seu discurso não disse palavra sobre as proposições. Pela conformação do ato e a reação seguinte do ministro da Defesa e dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, contra o que seria o descumprimento de um acerto relativo à criação da Comissão da Verdade para discutir os crimes cometidos durante o regime militar, parecia apenas a insistência (mal conduzida) em tema que meses antes havia provocado polêmica entre os mesmos personagens. Celeuma esta que o presidente Lula encerrou na base da ordem unida sem dizer qual era sua posição, daquela vez também dando a impressão de que o assunto nascera ou por geração espontânea ou por obra de demandas autônomas de setores do governo. De qualquer forma, ficou patente a ausência de eixo como seria natural de uma ação de governo. Tão centralizador e "dono" não só de todos os atos, mas também de seus efeitos - quando positivos, bem entendido -, o presidente Lula simplesmente se manteve alheio à essência do assunto. Agora ocorreu o mesmo. A justificativa apresentada diante de tantas reações negativas foi a de que o Programa de Direitos Humanos é uma versão ampliada de projeto elaborado no governo anterior e que representa "uma construção fundamentada em elementos essenciais para a democracia", na definição do secretário Paulo Vannuchi. Pois bem. Se são essenciais, fundamentais, cruciais para a consolidação institucional do País, como é que o presidente Lula não sabia do que se tratava? E por que quando do lançamento do programa não se explicou nem se falou coisa alguma sobre a abrangência do decreto? Quando é para valer, um projeto que mexe nas atribuições dos Poderes, altera relações, modifica regras, derruba preceitos e estipula novas regras para os mais diversos setores, deve no mínimo ser elaborado de forma consistente, bem negociado mediante articulação com os setores atingidos, a fim de reunir condições para ser executado. No lugar disso, o que se faz? Monta-se uma cerimônia toda voltada para a ministra Dilma Rousseff estrear o novo visual com um discurso emocionado no papel de vítima da ditadura. Tudo certo, não houvesse, além disso, uma série de propostas de abrangência descomunal que o serviço de comunicação do Planalto achou por bem ignorar. Acabou deixando que assumissem a aparência de contrabando. As reações contrárias por parte dos que foram pegos de surpresa com decisões que contemplam uma visão de mundo específica, ignorando a pluralidade da sociedade, a natureza da coalizão governamental e até o pacto subjacente ao sentido da Carta aos Brasileiros, não poderiam ser diferentes. Isso independentemente do mérito de tão ampla reforma de leis e de procedimentos. Inclusive porque ao governo já parece importar pouco o destino das propostas, visto que fez seu lance sem combinar com os outros jogadores e já abandona a cena à francesa como de hábito. A última vez que Lula deixou a esquerda do PT levar adiante sua necessidade de afirmação perante a arquibancada foi na disputa pela presidência da Câmara, em 2005, com a candidatura de Luiz Eduardo Greenhalgh. Ignorou as condições políticas objetivas e subjetivas, enrolou-se todo e acabou abrindo espaço para a eleição de Severino Cavalcanti.

12 de mar. de 2010

Não é pouco, não

Vivemos num país de muitos contrastes. Ainda não conseguimos elucidar cabalmente como foi que chegamos a muitas situações em que estamos. Uma das razões desse desentendimento nos mostra Nelson Ascher: "...a história é sempre uma hipótese em construção, ininterruptamente debatida..."

Mas eu dizia, no título, que não é pouco. É que apesar de frequentemente, e realisticamente, avaliarmos negativamente nosso país, percebemos também que ainda temos chance de tornar a nossa civilização algo realmente importante, a ser debatida na história que preservará os experimentos e construções relevantes.

E o que não é pouco é a qualidade dos recursos humanos de que o Brasil dispõe, formados cada qual por um conjunto de circunstâncias diverso, englobados num território rico, imenso e unificado. Não fossem as conjunções favoráveis que no passado a tudo isso permitiu e reuniu, poderiam os nossos meios do presente nem existir. Mas existem, e uma amostra objetiva disso está no post Repudiamos todas as servidões! Inclusive a servidão ao "Partido" , onde Reinaldo Azevedo publica uma correspondência recebida de Nelson Ascher.

Vejam lá. É por termos essa densidade que temos futuro.

11 de mar. de 2010

Temporada "O-Lidador" aqui na Sala

Mais uma, imperdível.


O ELIXIR DA LONGA VIDA NO PODER


Todas as religiões têm os seus locais de culto, as suas relíquias, os seus santos e os seus locais sagrados.

Os muçulmanos vão a Meca dar pedradas na Kaaba, os judeus metem papelinhos no Muro, os hindus mergulham no lixo do Ganges e os católicos extasiam-se a ver o Papa a acenar de uma janela.

A esquerda ortodoxa que acha que a religião é o ópio do povo e essas coisas, babava-se perante o Mausoléu de Lenine e a outra esquerda, especialmente a “bolivariana”, vai a Cuba, prosternar-se respeitosamente perante um matusalém de longas barbas, fato de treino suburbano com remendos no cu, verborreia desatinada e graves problemas na tripa.

No tempo do nosso 1º Rei, era o Papa de Roma que conferia a legitimidade aos reis. No nosso tempo parece ser o Burlão de Havana.

In ilo tempore, até o nosso ex-presidente Sampaio fez a peregrinação da praxe, mas os mais devotos são agora os líderes sul-americanos que, nos últimos tempos, andam num corrupio para darem colheres de yougurt e escutarem de viva voz e com a baba a escorrer dos cantos da boca, as profecias senis do Profeta, as quais interpretam depois para as massas extasiadas, como se tivessem descido da montanha com as tábuas da lei e o novo testamento.

As más-línguas garantem que se trata da intemporal procura do elixir da longa vida no poder, porque o Venerado conseguiu aquilo que nenhum outro caudilho logrou em outra parte do mundo: atracar-se ao poder durante meio século de fracassos contínuos e ganhar a reverência dos fiéis e dos idiotas (passe a redundância), pese embora ter morto cerca de 30 000 “contra-revolucionários”, ter aprisionando outros largos milhares e ter obrigado a fugir largas centenas de milhar, entre os quais uma irmã e uma filha.

Será porventura à procura deste milagroso segredo que os Chavez, os Kirchners, os Morales, os Ortegas, os Correas, os Lugos e outros fiéis ali acorrem em fervor religioso.

Cinquenta anos no poder são a prova que a Relíquia faz milagres, como é próprio de todas as relíquias.

Acorre-se assim à presença da divindade, para lograr participar no segredo do Graal. E diz-se por aí que o segredo da longevidade do poder deste Olorun se deve à santeria dos orixás, pelo que quando Chavez, Lula e os outros tontos correm a babar-se à cabeceira da múmia, provavelmente estão à procura de absorver por osmose a magia que dele deve tresandar, entre dois episódios gasosos, que o problema da tripa dá digestões difíceis e com externalidades metanosas.

Fundamentos da Democracia

Fico feliz da vida quando encontro um texto destes, que brilham com luz própria.
O autor, "O-Lidador", participa de dois blogs portugueses: "Fiel Inimigo" e "O Triunfo dos Porcos". Ele está listado também na Rede Blogs pela Democracia, mas ainda deve estar atravessando o oceano...

Então, isto é só uma prévia, que dedico especialmente à minha amiga historiadora, com um largo sorriso, e a todos os leitores, com atenção.
Com vocês, O-Lidador:

FUNDAMENTOS DA DEMOCRACIA

Por vezes há que voltar ao fio de prumo.
As conversas são como as cervejas, as ideias enrolam-se e às tantas as palavras já não significam aquilo que significavam.
Se acha esta introdução sofisticada, tem toda a razão, quer a ache boa, quer lhe pareça uma razoável merda, porque a palavra "sofisticado", é uma daquelas que tem hoje um significado exactamente oposto ao seu significado original.

Adiante!
Há dias assisti a uma conferência do Dr João Carlos Espada, sobre os Fundamentos da Democracia.
O Dr Carlos Espada usa a velha tecnologia de escrever no quadro e vê-lo ali, de pequena estatura, fato, lacinho e modos suaves, a tropeçar nos fios, capta a atenção e faz esboçar alguns sorrisos.
Depois ele começa a falar e a sua estatura aumenta e ocupa toda a sala. E o que diz , escreve e apaga, torna-se tão simples e claro que nos perguntamos porque é que nunca pensámos nas coisas daquela maneira.

Ah, sobre a democracia.
O Dr JCE falou essencialmente de Popper, Hayek ,Oakeshott e Leo Strauss.

A coisa é simples:

Há 3 formas de exercício do poder:
Monarquia, em que governa um
Aristocracia, em que governam alguns
Democracia, em que governam todos

Estas formas são como cores básicas....podem combinar-se em muitos cambiantes. E todas elas admitem variantes perversas:
A monarquia tem como variante degenerada, o despotismo,, a ditadura de um
A aristocracia, o governo dos melhores, degenera na oligarquia
A democracia tem como perversão, o "rule of the mob", no limite a anarquia.

Popper (A sociedade aberta e os seus inimigos) formula sobre estes conceitos um paradoxo notável:
Estas formas podem ser auto-destrutivas em si mesmas. Por exemplo, se se considerar que a melhor forma de governo é a monarquia, então o monarca pode decidir delegar poder em alguns ou em todos, isto é, a melhor forma de governo, no exercício da sua virtude, introduz formas de governo que são , nesta hipótese, "piores"

Claro que Popper considera que a melhor forma é a democracia, mas uma democracia que não seja transformável, na aplicação, noutras formas de governo.
Tem de haver limites e é aqui que ele diverge radicalmente de Rousseau, que pensava que a maioria do povo tem toda a legitimidade para decidir o que entender.
Os limites de Popper são , simplificando, a possibilidade de "despedir os maus", ou seja, as eleições, os direitos individuais, como esfera inviolável que nem a vontade de uma maioria democratica pode tomar de assalto, os "checks and balances" e, enfim, o "rule of law".
É a democracia constitucional, aquela que ainda vamos tendo, aquela que Louçãs, Chavez, Jerónimos e afins, consideram "burguesa", super estruturas que o capitalismo usa para sobreviver.

O que se está a observar na América Latina, a "chavização", é expurgado o fumo da retórica, uma rejeição da democracia constitucional, usando a máscara de Rousseau.
Introduz-se a paródia da chamada "democracia popular" que, obviamente, vai terminar, segundo o Paradoxo de Popper, em oligarquias, anarquias ou ditaduras.

Para acabar, onde é que entra aqui Hayek?
Hayek explicou ( e ganhou um Nobel por isso) que as sociedades onde o governo não controla tudo, a informação que circula entre os agentes é muito mais volumosa e rica do que a que é possível num sistema centralizado, onde os canais são verticais e de sentido único.
Por isso as sociedades centralizadas podem ser mais eficazes na realização de um objectivo concreto e limitado mas, a médio e longo prazo, falham no resto.
Por exemplo, a URSS propôs-se ultrapassar o Ocidente na produção de aço, e conseguiu-o, mobilizando os esforços da sociedade.
Mas quando o conseguiu, já o Ocidente tinha passado a usar plásticos em muitas aplicações, e o aço que produzia era melhor e mais barato.

Ou como aquela história verídica do responsável pelo abastecimento do pão a Moscovo ter, numa visita a Londres, ficado maravilhado com o facto de não só não haver faltas de pão, como ser possível escolher e comprar infinitas variedades de pão a qualquer hora do dia.
Quis contactar o seu homólogo londrino e abanou a cabeça, aturdido, quando lhe explicaram que ninguém era responsável, que não havia homólogo.

9 de mar. de 2010

Contribuindo com a campanha

O presidente do Brasil, novamente, está se negando a interceder pela vida de uma pessoa.
É fato, mesmo. Chegou a fazer uma comparação esdrúxula, questionando se deveríamos soltar os bandidos presos em São Paulo, caso fizessem também greve de fome. Estupidificou a questão, que ficou com a cara dele.

Esse jornalista cubano é apenas mais um que não encontra razão para continuar coexistindo com a dominação abjeta e repulsiva de um governo fundado na fraude e na coação, que nega ao indivíduo informação e autodeterminação.

Em vez de ser uma estrutura social ideal, eficaz na contenção dos desvios dos poderes individuais e também na preservação das diferenciações naturais derivadas do esforço individual, o socialismo estabelece uma ordem onde impera, absoluto, o Partido-Estado, a casta privilegiada que se pretende detentora "da verdade científica da história", e que canaliza para si as energias da sociedade.

Acho que o presidente do Brasil não deveria se dirigir a Fidel Castro, pedindo-lhe por Guillermo Farinas. Deveria dirigir-se a Guillermo Farinas, pedindo-lhe o restabelecimento e o apoio para juntos intercederem pelo povo cubano.

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ATUALIZANDO:
A Rede Blogs pela Democracia está promovendo uma mobilização para pressionar o governo brasileiro a intervir em favor dos presos de consciência (e não dos bandidos de São Paulo...).
Para participar, e dar um passo no caminho do compromisso, você pode assinar esta petition on line, e ajudar a divulgá-la.

BANCOOP - O PARTIDO DA BANDIDAGEM

Segue abaixo o editorial de hoje do jornal O Estado de São Paulo, que tem o título acima.

O recém-escolhido tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, está tecnicamente certo quando diz que nunca tinha sido acusado de nada nem responde a processo algum, civil ou criminal, por sua atuação na Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários de São Paulo (Bancoop), de que foi diretor financeiro (entre 2003 e 2004) e presidente (de 2005 até fevereiro passado). Mas os seus protestos de inocência só se sustêm graças à letárgica andadura da Justiça brasileira. Datam de setembro de 2006, há 3 anos e meio portanto, as primeiras denúncias de irregularidades na cooperativa, levantadas pelo Ministério Público (MP) do Estado. Em 2007, foi aberto inquérito criminal para apurar delitos da entidade, como superfaturamento de obras, apropriação indébita, desvio de verba e formação de quadrilha. No ano seguinte, uma testemunha disse ao MP que recursos desviados da Bancoop ajudaram a financiar clandestinamente a vitoriosa campanha presidencial de Lula em 2002.

A testemunha, Hélio Malheiro, era irmão de um ex-presidente da cooperativa, Luiz Eduardo, falecido em um acidente de carro em 2004, juntamente com dois outros dirigentes da instituição. Dizendo-se ameaçado de morte, Hélio foi acolhido no Programa de Proteção a Testemunhas do governo paulista. O seu depoimento foi crucial para o MP caracterizar a Bancoop como uma “organização criminosa” e solicitar a quebra do seu sigilo bancário, como foi noticiado em junho de 2008. Só na semana passada, porém, o promotor responsável pelas investigações, José Carlos Blat, recebeu o papelório — mais de 8 mil páginas de registros de transações entre 2001 e 2008. E foi com base nessa documentação que ele pediu, na última sexta-feira, o bloqueio das contas da Bancoop e a abertura dos dados bancários e fiscais de João Vaccari Neto, acusando-o de “gestão fraudulenta”.

A apropriação para fins pessoais e políticos dos recursos dos cooperados, fundos de pensão e empréstimos captados pelo sindicato dos bancários transformou 400 famílias em vítimas do conto da casa própria: os imóveis que compraram na planta não foram construídos, mas os lesados continuaram a pagar as respectivas prestações. Segundo a revista Veja, que teve acesso aos autos do inquérito, a Bancoop sacou em dinheiro vivo de suas contas pelo menos R$ 31 milhões. Outros cheques, somando R$ 10 milhões, favoreceram uma empreiteira formada por diretores da entidade, que, por sinal, era sua única cliente conhecida. O responsável pelas obras da cooperativa disse que os pagamentos eram superfaturados em 20%. “Os dirigentes da Bancoop”, apurou Blat, “sangraram os cofres da cooperativa em benefício próprio e também para fomentar campanhas políticas do PT.”

A prova mais gritante foi o R$ 1,5 milhão pago entre 2005 e 2006 — quando a instituição estava praticamente quebrada — a uma firma espectral de serviços de segurança, então de propriedade de Freud Godoy, na época segurança de Lula. Cada qual a seu modo, Godoy e Vaccari se envolveram no escândalo do dossiê, a compra abortada pela Polícia Federal de material supostamente incriminador para candidatos tucanos na campanha de 2006. Quando a operação fez água, Lula chamou os seus autores de “aloprados”. Pelo dossiê, os petistas pagariam R$ 1,7 milhão. Nunca se descobriu de onde veio a dinheirama. À luz do que já se sabe das falcatruas da Bancoop, ela pode ter sido a fonte pagadora da baixaria. Tão logo entregou parte da bolada aos encarregados de comprar o dossiê, foi para Vaccari que ligou um dos cabeças da operação, Hamilton Lacerda, então assessor do senador Aloizio Mercadante.

Mas Vaccari não é o primeiro elo da cadeia. Ele deve a sua carreira ao companheiraço Ricardo Berzoini, que presidia o PT até poucas semanas — e, como tal, foi acusado de autorizar a compra do dossiê. Berzoini alçou o bancário Vaccari à presidência do sindicato da categoria, em 1998. Em 2004, Berzoini salvou a Bancoop da falência, ajudando-a a levantar no mercado R$ 43 milhões — via fundos de pensão de estatais comandados por petistas do grupo dele e de Vaccari. A Polícia Federal chegou a abrir inquérito sobre o prejuízo imposto aos fundos para favorecer a Bancoop. A rigor, nenhuma surpresa, considerando a folha corrida do PT. Mas, a cada escândalo, mais se aprende sobre a destreza com que a bandidagem petista se apossa do dinheiro alheio para chegar lá — e ali se manter.

8 de mar. de 2010

Criaram um monstrengo político no Brasil.

Essa veio lá da área de comentários do Coturno Noturno.
Pegou na veia.

Fecharam os olhos para a sua ignorância, a sua má-educação, a sua truculência, a sua imbecilidade, a sua discurseira de porta de botequim, as suas incríveis asneiras, as suas gafes monumentais, a sua inapetência para o trabalho, o seu desapreço à cultura, o seu menosprezo às instituições, o seu oportunismo, o seu cinismo, a sua hipocrisia, a sua mitomania, a sua demagogia, a sua inépcia como deputado, o seu oposicionismo raivoso e antipatriótico, o seu desrespeito aos adversários políticos, a sua complacência com a corrupção e os corruptos, o seu nepotismo, a sua ambição desmedida, a sua vaidade sem limites, a sua propaganda enganosa, o seu culto à personalidade, a sua popularidade forjada pela cooptação deslavada de consciências e votos, o seu autoritarismo, o seu conluio com a escória da política nacional e internacional... Ao mesmo tempo, fizeram-no acreditar que tem uma belíssima biografia, que é um herói da resistência à ditadura, que é um grande democrata, que é inteligentíssimo, que é habilidoso, que é um gênio da política, que tem carisma, que é um predestinado, que é um grande líder, que é um “guia genial dos povos”, que é um estadista, que faz um governo “nunca visto antes na história deste país”, que é um homem “sem pecados”, que tudo lhe é permitido hoje pela simples razão de que um dia foi pobre...

E assim, por não ver nele senão o que querem ver, acreditaram nas suas mentiras, fizeram-no presidente, aplaudiram-no quando ele usurpou descaradamente as realizações do seu antecessor, deixaram-se enganar pelas suas falácias, ignoraram os assombrosos escândalos do seu desgoverno, fecharam os olhos quando ele disse que” não via, ouvia, nem sabia de nada” do que se passava ao seu redor, pouparam-no do impeachment quando este poderia ter sido o único desfecho honroso do “Golpe do Mensalão Nacional” e da gravíssima denúncia feita por Duda Mendonça, permitiram que se reelegesse às custas do uso desenfreado da máquina pública e do terrorismo eleitoral, jamais o investigaram por nenhuma das patifarias que teria feito ou deixado que fizessem, permitiram que tudo continuasse do mesmo jeito, e, mais do que tudo isso, tornaram-no simplesmente inimputável.

Criaram um monstrengo político no Brasil. O nome dele? É Lula da Silva.

7 de mar. de 2010

Cordel - Lampião Moderno

Por Carlos Araujo

Alguém aí tem resposta
Pra pergunta que eu faço?
Lampião, rei do cangaço
Foi bandido ou foi herói?
Nem sei se esta é a questão,
Pois hoje a corrupção
Tem um punhal cangaceiro
Sem dó e sem piedade,
Sangrando a dignidade
De quem é bom brasileiro.

O Virgulino moderno
É bandido refinado:
Exibe carro importado,
Tem jatinho e muito mais.
A caneta é seu fuzil,
Com ela assalta o Brasil
Do jeito que sempre quis:
Feito cupim na madeira,
Fazendo uma buraqueira
Nas finanças do País.

Esse novo Virgulino
Não tem chapéu estrelado,
Não sabe dançar xaxado,
Nem canta Mulher Rendeira.
Ele não dorme no mato,
Ama o conforto e o bom trato.
E não agüenta repuxo:
Com seu dinheiro e malícia,
Quando foge da polícia,
Se esconde em hotel de luxo.

Não anda pelas caatingas,
Nem cruza moita de espinho,
Mas constrói o seu caminho
Com muito nome esquisito:
É fraude, é clientelismo,
É pilhagem, é nepotismo,
É propina, é malandragem.
Mas ele não se contenta:
A tudo isso acrescenta
A mentira e a rapinagem.

Quando chega a eleição,
Sendo ele candidato,
Promete roupa, sapato,
Dentadura, leite e lote.
Se tem amigo disposto
A sonegar o imposto,
Ele segura a peteca
Com uma frase canalha:
- Se eu vencer a batalha
Eu perdôo essa merreca!

No palanque faz de Deus
O seu cabo eleitoral,
Criando o clima ideal
À exploração da fé.
Seu discurso é de devoto,
Mas sua fé é o voto
Da humilde multidão
Que, inocente, se dobra:
Vira massa de manobra
Nas garras do Lampião.

O seu instinto perverso
É muito sofisticado:
Ele mata no atacado,
Quando desvia milhões
Em cada cheque que assina
O bandoleiro assassina
Gente em escala brutal.
De onde vem a matança?
Da falta de segurança,
De médico, hospital...

É direito da criança
Ensino de qualidade,
Mas dessa realidade
Pouca criança desfruta.
E quanto ao saneamento,
Não existe investimento
Neste importante setor,
Porque o nosso dinheiro
Vai parar no estrangeiro,
Na conta do malfeitor.

O cangaceiro de hoje
Tem site na Internet
E grava até em disquete
Os seus planos de ação.
Certo da impunidade,
Ele se sente à vontade
Pra dizer sem embaraço,
Justificando a orgia:
- Lampião nada fazia
Já eu roubo mas eu faço!

Penso até ser injustiça
Comparar o Virgulino
Lá do sertão nordestino
Com esses cabras de hoje.
Pois de uma coisa estou certo:
Lampião nem chega perto
Desses que, de forma vil
E com bastante requinte,
Saqueiam o contribuinte
Que ainda crê no Brasil.

Ah, capitão Virgulino,
Que andas fazendo agora?
Chega de tanta demora.
Sai dessa cova ligeiro,
Vem retomar teu reinado!
Anda logo, desgraçado,
Chama teus cabras de fama,
Traz Corisco e Ventania,
Quinta-Feira e Pontaria,
Tira o país dessa lama!

Chama Dadá, traz Maria,
Pra te dar inspiração,
Traz Canário e Azulão.
Onde andam Moita Brava,
Jararaca e Zé Sereno,
Que provaram do veneno
Da refrega sertaneja?
E Bem-Te-Vi, bom de briga,
Cantando a mesma cantiga,
Não vai fugir da peleja.

Não esquece Volta Seca,
Sabonete e Jitirana,
Que viravam caninana,
Nos instantes de combate.
Chama também Zé Baiano,
Pois entra ano e sai ano
E a coisa fica mais feia.
Já são muitos excluídos
E a culpa é de bandidos
Que precisam levar peia!

Anda logo, que o Brasil
Já se cansou do teu mito,
Ouve o apelo e o grito
Do povo deste país.
Mas cuidado, Capitão,
Cuidado com a mangação
Que pode ser um horror.
Já tem corrupto espalhando
Que, em formação de bando,

Lampião era amador!