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4 de mar. de 2010

Qualidade

Uma amiga, recém chegada da Europa, fez-me um relato de suas impressões da viagem.
Atendendo a observações minhas sobre o labirinto regulatório em que incorreu o modelo do welfare state e sobre a "invasão muçulmana", tangenciou também esses assuntos, mas foi muito além.
É nisso que dá ter amigos. Permite-me repassar a vocês informação qualificada e atual. Obrigado, V.

"Olá!

Os princípios do Estado de bem-estar social, acredito, não foram ruins, principalmente se levarmos em conta o contexto de surgimento dessa nova forma de entender o papel do Estado. Mas as boas intenções nem sempre geram bons frutos. O maior dano ainda está por vir.

O Estado de bem-estar social depende de um cenário econômico estável, uma vez que onera por demais o governo e este, por sua vez, praticamente não gera capital, causando uma forte dependência dos impostos de uma cada vez menor mão-de-obra ativa. Drásticamente menor, na verdade; basta observarmos as taxas de natalidade dos países europeus.

Mas precisamos ter alguns cuidados. Ao contrário do Brasil, onde a tentativa de implementar o modelo de Estado europeu tem gerado uma população apática e dependente do governo, lá chega a ser vergonhoso usufruir dos benefícios do Estado quando se é uma pessoa apta a trabalhar. Ouvi europeus desempregados, jovens como eu, que se recusavam a pedir ajuda do Estado e que se viram como podem em países com taxas de desemprego crescente. O trabalho informal cresce lá...; na Espanha fui gentilmente recebida na casa de uma senhora que vive com a filha única. A moça tem uns 27 anos, possui 2 graduações e para viver dá aulas particulares de inglês, já que não encontra emprego. No último dia que fiquei lá, ela recebeu uma proposta para trabalhar como operadora de telemarketing e estava tentada a aceitar. Situação semelhante à de seus amigos, conheci alguns, e todos estavam passando por dificuldades!

O fato é que, em geral, os europeus que recebem os benefícios são aposentados, o que é justo, crianças (por meio da educação e saúde) e, aí que o negócio complica, imigrantes, inclusive ilegais, mas depois falo mais sobre isso.

Bom, o Estado de bem-estar social está entrando em crise, claro! Poucos empregos, diminuição da população ativa e crise econômica. Logo será inviável sustentar isso e o risco de colapso social é grande. Não é por acaso que a UE está tão atenta à situação da Grécia (que nem tinha um Estado de bem-estar social tão amplo como o escandinavo, por exemplo). A Grécia é um exemplo forte do que está prestes a acontecer em muitos outros países. A situação me pareceu bem grave na Espanha e na Itália, dá para sentir a tensão no ar, muita gente desesperada sem emprego.

E então entram os imigrantes, em especial os muçulmanos. Além de usarem fartamente os recursos do Estado, eles simplesmente não se integram. Eu vi isso de perto, são muitos. Eles se recusam a aprender o idioma local e a respeitarem as leis dos países onde estão, de modo que criam uma espécie de Estado dentro do Estado. Mas um Estado dependente de outro também dependente. Na Inglaterra, criaram uma organização chamada "Islã para o Reino Unido". É um grupo radical que quer inserir à força a cultura islâmica, e eles crescem cada vez mais. Fosse na Itália eles já teriam se dado muito mal, pois o ultranacionalismo está crescendo demais lá, e as razões são justamente essas. A pequena parcela da população que deve sustentar a boa vida de uma parcela crescente de estrangeiros, mesmo estando sem empregos e com dificuldades para manter suas próprias famílias, está começando a reagir. E a reação vai contra os imigrantes... Um pouco antes de eu chegar na Itália tive notícias de um ataque ocorrido em uma pequena cidade contra imigrantes africanos. Estes são outro problema, pois preferem se manter ilegais para continuar com suas atividades ilegais. Em Lisboa vendem drogas, sei pois me ofereceram mais de uma vez enquanto eu andava pelo centro com uma amiga, teve um que nos ameaçou, não diretamente, mas tentou nos forçar a comprar drogas. Por sorte encontramos um restaurante, o garçom era brasileiro e nos ajudou.

Os sinais cada vez mais acentuados de crise no modelo de Estado europeu, assim como a onda imigratória, sobretudo do Oriente Médio, está a gerar uma crise identitária na Europa, forte, e isso é antigo, está mais evidente por causa dos problemas econômicos, mas estes são agravantes, antes de causas.

Não dá mais para analisar a questão do bem-estar social e dos imigrantes em separado, o colapso virá desses dois fatores juntos, está tudo muito intrincado agora. Vejo dessa forma.

Já sobre as próximas eleições presidenciais na nossa Pátria, vou esperar um pouco antes de defender um lado... já estou certa de quem não vou apoiar, mas não sei se devo apoiar o outro lado...

O Serra precisa se posicionar e assumir a campanha logo, quero saber das alianças que ele vai fazer, quem será o vice... o Aécio ainda está de doce, mas não estou certa se a entrada dele vai ajudar muito nos resultados. Hoje vi na Folha algo sobre o Serra desistir, ainda não li a matéria, vou ler logo logo. E se isso acontecer? Ele é o único com potencial para vencer a Dilma e para evitar uma volta do Lula em 2014. Essas eleições prometem...

Abraços"

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