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27 de mar. de 2010

Conversa real e virtual

A blogueira Saramar exprimiu sua incredulidade e inconformismo no belo post "A Cegueira dos Comunistas". Em vez de comentá-lo por lá, resolvi fazê-lo aqui, deixando o link para quem se interessar.

Realmente complexa a tua pergunta, Saramar. O contraste é muito grande entre a ilustração que as pessoas aparentemente têm e a defesa que fazem de idéias sem futuro. E o problema não parece ser apenas de canalhice e oportunismo, ervas que são esmagadas a cada preparo da terra para nova safra, - mas que sempre voltam a vicejar aproveitando-se do substrato das culturas.
A perenidade do problema indica ser outra sua causa.

Essas cristalizações ideológicas mais se parecem com as pedras que ficaram no meio da lavoura. Permaneceram ali, enquanto tudo mudava à sua volta.
Eu também me esforço por entender sua presença e razão de ser.

Um, mas apenas um, dos grandes fatores da mudança global, talvez o mais intenso, originou-se na Revolução Americana, e vem confrontando crescentemente todas as demais visões de mundo e maneiras de viver.
Assistimos presentemente às condensações da resistência a esse vendaval. Algumas, disformes e grotescas; outras, mais inteligentes e eficazes.
Afinal, aquela noção de Destino Manifesto que levou os americanos ao Pacífico, na formação de sua Nação, pode muito bem pretender aplicar-se ao resto do mundo..., aos recursos naturais indispensáveis..., à manutenção da necessidade de consumo...
Mais cedo ou mais tarde, sobre todos a pressão se fará sentir, especialmente sobre aqueles como nós, detentores do que mais faltará aos povos tornados afluentes.
É certo que de há muito estamos incluídos em estratégias alheias, especialmente naquelas em etapa expansionista, ou - o que tem efeito similar -, naquelas que pretendem utilizar-nos como fator de contenção a expansões de terceiros. Não há como nos "incluirmos fora dessa". O que podemos fazer é incrementar nosso grau de autonomia, manobrar a vela para nos utilizarmos desses ventos. E não será com o alinhamento do país ao que há de mais sórdido na patifaria internacional que iremos consegui-lo. Já passou da hora de trocarmos o timoneiro.

É uma pena que não tenhamos um discernimento mais abrangente, mas essa sempre foi a condição de toda a humanidade. O conhecimento total é certamente a aspiração fundamental e a esperança final de toda a espécie.
Mas há loucos empedernidos que já se pretendem dele portadores. Há os que são do tipo furioso e vociferante, mas há também os dissimulados, os obcecados, os idiotas, os cretinos e os imbecis.
Só num daqueles pesadelos sem sentido poderíamos nos defrontar com a situação de vê-los, em grupo, dirigindo um país.
Vamos acordar?

Um comentário:

Saramar disse...

Ari, agradeço-lhe pela referência e por suas palavras muito além do meu pequeno texto.
Esta metáfora da pedra que não se move em meio à todas as mudanças que a cercam é, sem dúvida, exemplar do tema tratado.
O exemplo que você citou, da Revolução Americana também é emblemático, tanto por seu significado original quanto pela resistência que provoca entre os esquerdistas.
É emblemático justamente por representar a materialização de tudo aquilo que estes indivíduos negam: a liberdade individual, o livre arbítrio, a independência em relação à tutela estatal.
Por isso, é tão combatida por aqueles que só enxergam os homens como escravos.

É uma satisfação conhecer seu blog.
Obrigada, mais uma vez.