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30 de out. de 2010

Última chance

Depoimento: "Salvar a democracia. O resto é detalhe"

por Bruno Pontes

Em outubro de 2002, Lula veio fazer comício em Fortaleza. Dali a alguns dias ele venceria no segundo turno o candidato do PSDB, José Serra. Eu estava lá na Praça do Ferreira, 17 anos, sol do meio-dia, o menino mais feliz do mundo, vestindo uma camisa adquirida no comitê da petralhada.

A multidão aguardava a aparição do futuro presidente operário (perdeu um dedo trabalhando!) como quem espera Mick Jagger surgir por detrás da cortina. Quando Lula tomou o palco, a comoção da massa me fez acreditar que eu participava de um famoso “momento histórico”. Como eu era consciente! Como era crítico o meu pensamento! Eu morria de orgulho de mim.

Não há uma fala retardada de Lula que não me remeta àquele dia na Praça do Ferreira. Ele discursava, adivinhem, contra Fernando Henrique Cardoso (antes, hoje e sempre). Debochava de sua formação acadêmica. A exaltação da ignorância me fazia vibrar. Naquela fase mental da minha vida, eu bem que poderia estufar o peito para dizer que Lula cursara a escola da vida.

Lá pelas tantas, na cólera do ataque ao homem que havia cometido o crime de derrotar a inflação, Lula soltou a jactância triunfal. Milhões de anos passarão e eu não esquecerei as palavras: “Ele pode saber falar inglês, mas eu sei falar a língua do povo”. Foi uma explosão. Aplaudi com força, quase tive um orgasmo. Eu era um adolescente-massa com as rédeas soltas, em festa junto aos meus semelhantes.

Não é fácil revelar um episódio desses. Minha ingenuidade foi um crime. Ainda ouço a frase. Sempre sentirei vergonha do meu aplauso fanático, da minha admiração abjeta por aquele sociopata que fez carreira puxando as cordas da multidão com o bom e velho culto do ressentimento, da inveja, da estupidez e de toda sorte de instinto primitivo e politicamente útil. Os mesmos instintos primitivos que os petistas atiçam agora para manipular os simplórios de sempre.

Oito anos depois, estou escrevendo um artigo que começa com uma confissão de culpa e termina com um desejo de expiação. Nossa República, para resumir, está apodrecendo, na iminência de ir para nunca mais voltar. Para qualquer lado que se olhe, lá está a manifestação do mal, a apologia da iniqüidade, o esforço pela rendição ao Partido. São nossos colegas, amigos, familiares, todos cúmplices na institucionalização do reino da mentira.

Investindo dia após dia contra tudo que é bom e verdadeiro, Lula imbecilizou todo um povo. Agora pretende usar seu ventríloquo para dar o golpe final. Leitor, não há nenhum dilema aqui. Dilma é o PNDH 3. Quaisquer que sejam nossas discordâncias com Serra, e eu as tenho, ele é a ferramenta de que dispomos para salvar a democracia. É simples assim, e todo o resto é detalhe.

Depoimento: “Porque voto em Serra"


por Paulo Ruy Carnelli*

Prezados,

Já recebi de diversas formas o pedido de voto no Serra, mas resolvi fazer o meu de forma particular. Com base no que vivenciei durante os últimos oito anos. Não serei breve, mas espero que leiam até o final.
Acho que o PSDB foi muito mal como oposição durante os oito anos de Lula. Aliás, mesmo com o mensalão e outros problemas no campo ético, a oposição foi mal.
Penso também que o Lula surpreendeu, principalmente porque deixou pra trás muito do que defendia e adotou na economia a continuidade do governo de FHC.
Juntando isso com o bom momento da economia no mundo, teve sabedoria e ousadia pra ampliar os projetos sociais já existentes e conseguiu grande reconhecimento.
Ou seja, de certa forma Lula surpreendeu e conseguiu popularidade em função de bons resultados em algumas políticas. Mas os avanços na gestão do país foram pífios, e em geral houve retrocessos em muitas áreas. Principalmente no campo da ética.
Muito, mas muito mesmo de seu desempenho positivo nas avaliações, se deveu à sua enorme capacidade de comunicação, inclusive a capacidade de falar qualquer coisa que o interlocutor do momento queira ouvir.
Parecido com o que fez o Collor pra ganhar do próprio Lula. Talvez não seja a toa que se encontraram e sejam agora parceiros.
Porém não dá pra tirar os méritos de suas conquistas em relação a grande parcela do povo brasileiro.
Mas, daí a querer impor aos brasileiros uma candidata a Presidente, é sem dúvida um exagero.
Impor ao PT já foi demais, mas Dilma foi o que sobrou de um time que foi ficando desfalcado por safadezas: Zé Dirceu, Palocci, Genoíno, ou incompetências: Martha, Tarso, Mercadante e outros.
O primeiro turno felizmente mostrou que há uma enorme diferença entre ser pessoalmente popular e fazer todos votarem em quem ele apontar.
Dos mais de 111 milhões de brasileiro que foram às urnas no primeiro turno, entre brancos, nulos e os que votaram nos demais candidatos, foram mais de 63,5 milhões de eleitores.
Ou seja, apesar da popularidade do Presidente, mais de 57% dos eleitores não o seguiram, e a eleição foi para o segundo turno.

Aí começa o meu relato pessoal.
A pior coisa desse Governo, que eu conheci de perto na área em que atuo é, sem sombra de dúvidas o "aparelhamento da máquina".
É um retrocesso, que deixa seqüelas graves no longo prazo.
No Ministério das Cidades, onde estão o saneamento e a habitação, representei os colegas Presidentes de Empresas e também por um tempo os Secretários Estaduais nos debates com os petistas lá instalados.
É uma panelinha, já velha conhecida no setor, em sua maioria paulistas despreparados e presunçosos, cujo currículo é a estrelinha. Sequer respeitam ao Ministro ao qual são subordinados.
No tal Conselho das Cidades, brincam de práticas "socialistas", cooptando de forma descarada os representantes que ali vão, pessoas humildes, que viajam para Brasília às centenas, pagos com o dinheiro público, pra aprovar o que eles querem, em reuniões dirigidas, um horror.
Duvido alguém de bom senso participar de uma reunião daquelas e não voltar estarrecido. Ninguém me contou, debati e briguei com eles ao vivo.
A Dilma não conseguiria controlar essa turma.
Pra fazer o contraponto, convivi muito com o Gesner Oliveira, presidente da Sabesp, e com a Dilma Seli Pena, Secretaria de Energia e Saneamento do Governo de São Paulo, que trabalham diretamente com o Serra, pessoas de alto nível, extremamente preparadas.
Mas, o pior mesmo foi conhecer diretamente a Dona Dilma Roussef, com a qual convivi em quatro reuniões.
Em duas ela destratou de forma grosseira e covarde alguns de seus subordinados ou colegas de Governo.
Em outra respondeu ao vice-governador Ricardo Ferraço, que o ES já tinha feito o dever de casa e por isso não deveria receber recursos a fundo perdido da União.
Rio e Bahia, por razões óbvias, levaram mais de R$ 800 milhões cada. Nós só conseguimos empréstimos.
Daí mais um ponto importante, os capixabas já sofreram com um governo estadual petista diretamente e muito.
Agora estão aí aeroporto, porto e estradas, responsabilidades federais no Estado, sem investimentos durante os oito anos de Lula e ainda a saúde e segurança pública, responsabilidades estaduais tocadas pelo Governo Paulo Hartung com enorme esforço de recursos, sem nenhum apoio especial de Brasília.

Ainda sobre a Dilma, numa viagem que fiz ao exterior a convite do Banco Mundial, com funcionários do Governo Federal e de alguns estados, o responsável principal pelo grupo, em nome do governo brasileiro, foi o Eng. Luiz Antonio Eira, funcionário de carreira da Câmara e então Secretário Executivo do Ministério da Integração.
Um cara tranqüilo e muito legal. Por coincidência, logo depois de voltarmos, li no jornal que ele abandonou o cargo ao ser tratado de forma extremamente mal educada pela Dilma em uma reunião de trabalho.
Tinha o cartão dele e liguei e ele me confirmou meio constrangido que ficou pasmo com o comportamento dela quando defendeu sua posição e que a grosseria foi tão grande que ele levantou e saiu da sala imediatamente, preferindo deixar o Ministério e voltar a trabalhar em seu local de origem.
Podem procurar na internet, colocando o nome dele no Google e verificar o fato.
Realmente o currículo da Dilma não a recomenda pra um cargo tão importante e o que está em jogo não é o passado.
Nem o Governo FHC, que fez boas reformas estruturantes, mas deixou a desejar em algumas áreas, nem o Governo Lula, onde a força pessoal do mesmo foi fundamental pra conter o que ele mesmo chamou de aloprados do PT, se repetirão.

Teremos um novo governo e ela não conseguiria conter o petismo e comprometeria o futuro até mesmo de nossa democracia.
Os avanços estruturantes do Governo FHC e as conquistas sociais do Governo Lula, não estão mais em debate.
Serra já deixou claro que vai aperfeiçoar uns e ampliar outros.
O segundo turno foi ótimo pra permitir o debate mais claro e demonstrar a diferença entre os postulantes ao cargo.
Aliás, já ocorreram dois debates e me surpreendo que muitos não se esforcem para assisti-los, mas quem assistiu não pode ter dúvidas sobre quem é melhor.
Há muito deixei de acreditar em partidos e em radicalismo na política.
Por isso mesmo não acredito mais no argumento de "votar no PT", usado por alguns como se fosse um ato político justificado, pois esse já se tornou um partido pior que os outros, com praticantes de falcatruas que contam com a conivência daqueles que governam.
Afinal, sucessivos escândalos e um enorme escárnio com a ética, que ninguém pode negar, também foram marcas do Governo Lula.

Muito menos me venham me falar em votar na Dilma, como a única capaz de levar adiante as conquistas do Lula para os pobres.
Alias é o fim da picada essa tal campanha usando tanto a pobreza.
Quando leio sobre a vida levada nos bastidores do Palácio, cujos cartões corporativos escondem um verdadeiro esculacho com o dinheiro público, fico pensando na diferença entre o discurso e a prática.
Insistir na Dilma, por causa do Lula, é um equívoco, sem qualquer garantia, que pode ter conseqüências muito negativas.
Precisamos muito de um Presidente mais preparado, mais sóbrio, com pensamento próprio como é o Serra. Com certeza ele não é perfeito, nem tudo no Brasil será resolvido em seu governo, mas a decisão agora é por comparação da capacidade de governar entre os dois, já muito bem comprovada pelo Serra nos diversos cargos em que ocupou.

Esse é certamente um momento de extrema importância, por isso peço o voto no Serra para termos um Brasil melhor.
Quem achar que vale a pena, peço que retransmita.

*Paulo Ruy Carnelli foi Secretário de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano do governo Paulo Hartung (ES). Atualmente preside a Cesan (Companhia Espíritosantense de Saneamento).

25 de out. de 2010

O décimo primeiro é o teu

Do blogueiro Rodrigo Constantino:

Perplexo ao ver que pessoas de bom nível financeiro e social desconheciam certos fatos sobre Dilma e o PT, resolvi resumir os 10 principais motivos pelos quais não voto na candidata:

1- não voto em ex-terrorista e ex-assaltante que lutava para implantar no país uma ditadura comunista como a cubana, e que até hoje afirma ter orgulho dessa luta, sem ter mudado de lado;

2- este foi o governo mais corrupto da história deste país! O livro "O Chefe" refresca a memória do que foi esse governo. José Dirceu é "chefe de quadrilha", Lula claramente sabia de tudo, e Erenice Guerra é braço-direito de Dilma. Roubaram como ninguém! E foram pegos roubando! Votar neles significa dar uma carta em branco, autorizar a roubalheira, dizer que não se importa com isso tudo. É matar de vez a ética! E não esqueça de Celso Daniel, assassinado de forma até hoje obscura;

3- essa turma tem um projeto autoritário de poder, e está disposta a tudo por isso. O PNDH-3 dá uma idéia do que eles realmente querem: censurar a imprensa de vez e transformar o Brasil numa grande Venezuela, do camarada Chávez. O PT fundou com o ditador Fidel Castro o Foro de São Paulo, onde até os sequestradores e traficantes das FARC chegaram a participar;

4- em economia o governo foi totalmente irresponsável, o crédito estatal já representa metade do crédito no país, e isso é um perigo. Nenhuma reforma estrutural (previdenciária, trabalhista e tributária) foi feita. O partido condena as privatizações como se fosse um pecado tirar as tetas estatais dos sindicatos, políticos corruptos e apaniguados. Se hoje temos crescimento, isso se deve mais às reformas de FHC, ao contexto internacional e aos estímulos insustentáveis do governo, cuja conta vamos ter que pagar depois;

5- no âmbito internacional, Lula se aliou aos piores ditadores do mundo, fez um estrago na imagem do Itamaraty, abraçou assassinos e politizou o Mercosul, sem falar de seu discurso anti-americano mais que atrasado;

6- o PT aparelhou toda a máquina estatal, toda! Os sindicalistas tomaram conta de tudo, incluindo a Polícia Federal, o que é um risco enorme ao Estado de Direito. Tomaram conta das estatais, das agências reguladoras, do Itamaraty, dos fundos de pensão, das ONGs, e até do STF!

7- O presidente Lula é possivelmente a pessoa mais imoral que já vi na minha vida! Lula é mitomaníaco, mente compulsivamente, demonstra claros sinais de perversidade até. Seu populismo demagógico é absurdo e lembra os piores caudilhos que esse continente já teve (e ainda tem: Chávez na Venezuela, casal K na Argentina, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador). Lula ridiculariza as leis o tempo todo, misturando a função de presidente com a de garoto-propaganda de partido;

8- O MST apoia Dilma, e Dilma veste o boné do MST, literalmente. O MST é um movimento criminoso, financiado por nossos impostos, que invade propriedades privadas, que defende a revolução armada comunista em pleno século XXI;

9- Os piores "coronéis" do PMDB estão todos com Dilma! Sarney, Michel Temer, Ciro Gomes, Jader Barbalho, Fernando Collor, e muitos outros, todos aliados de Dilma. O fisiologismo chegou a patamares impensáveis no governo Lula, e tende a piorar com Dilma;

10- Censura da imprensa. Censura da imprensa. Uma vez mais: censura da imprensa. Ancinav, CNJ, PHDN-3, o PT já deu claras demonstrações de que pretende continuar sua tentativa de censurar a imprensa. A democracia corre perigo, de verdade. Como votar em alguém assim? Seria um atentado à nossa democracia, que ainda não está sólida o suficiente para resistir aos golpistas. Não seja cúmplice disso! Não vote em Dilma.

21 de out. de 2010

Na economia política do PT a moeda eleitoral é falsa

Trecho de post do Reinaldo Azevedo, com o título abaixo. Íntegra aqui.

O QUE O PT ESCONDE? O PARTIDO FEZ A MAIS ENTUSIASMADA DEFESA DA PRIVATIZAÇÃO DA VALE E PROVOU O BEM QUE A DECISÃO DOS TUCANOS FEZ AO PAÍS

Meu respeito intelectual pelo deputado Ivan Valente (SP), do PSOL, é zero. Costumo pensar o contrário do que ele pensa. Já debatemos na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Saiu faísca. Quando ouço um socialista falar, penso sempre que eu tinha, aos 16 anos, argumentos melhores do que eles têm hoje. Tenho desprezo intelectual, mas não desprezo político. O Valente é coerente. Deixou o PT para fundar esse oximoro, o PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade, como se raposa e galinha andassem de braços dados). Tudo bem. Ele crê naquelas coisas. Por isso, em 2007, Valente propôs um decreto legislativo para fazer um plebiscito que perguntaria aos brasileiros se eles eram ou não favoráveis à reestatização da Vale do Rio Doce, que TEVE PARTE DA AÇÕES — SÓ PARTE — PRIVATIZADA EM 1997.

A quem cabia dar seqüência ao pedido? O primeiro crivo era da Comissão de Assuntos Econômicos da Câmara. O relator da proposta de Valente foi o deputado José Guimarães (PT-CE), irmão do deputado José Genoino (SP). Pois bem: ali estava uma chance de ouro. Se o que se chama — erradamente, diga-se — de privatização da Vale era um mal, que se tentasse fazer o plebiscito. Dada a satanização do processo feita pelo pelo PT, seria bico ganhar.

Quem assiste hoje ao horário eleitoral do PT e viu a performance de Dilma com as “artistas” no Rio, naquele showroom de pelanca, botox e dinossauros financiado com dinheiro público, deve imaginar: “O partido de Lula não perdeu a chance e tentou reestatizar a Vale”. Não!!! Eles podem não ter caráter, mas não são burros. Já Valente, olhem que possível elogio, pode ser o contrário…

Por que, apesar de todos os seus equívocos, apesar de ter se juntado agora a Dilma, um Ivan Valente ainda consegue valer mais do que qualquer petista? Falando em nome do PT, José Guimarães fez uma defesa da “privatização da Vale” que nenhum tucano conseguiu fazer, não com tanta clareza. Publico a íntegra do seu relatório no pé deste post. Vai ficar imenso, mas é bom as coisas circulem jutas. Vocês vão ficar estarrecidos. Seguem alguns destaques. As perguntas são minhas. Extraio as respostas do relatório feito pelo petista.

A privatização fez mal ou bem à Vale?
O petista responde, em nome do seu partido:

“De fato, pode-se verificar que a privatização levou a Vale a efetuar investimentos numa escala nunca antes atingida pela empresa, graças à eliminação da necessidade de partilhar recursos com o Orçamento da União, o que, naturalmente, se refletiu em elevação da competitividade da empresa no cenário internacional e permitiu a série de aquisições necessárias para o crescimento do conglomerado minerador a nível internacional.”

O Estado brasileiro mantém poder de interferência na Vale?
O petista responde em nome do seu partido:
“Com efeito, o Conselho de Administração da Vale é controlado pela Valepar S.A, que detém 53,3% do capital votante da empresa (33,6% do capital total). Por sua vez a constituição acionária da Valepar é a seguinte: Litel/Litela (fundos de investimentos administrados pela Previ) com 58,1% das ações, Bradespar com 17,4%, Mitsui com 15,0%, BNDESpar com 9,5%, Elétron (Opportunity) com 0,02%.”

A Vale não foi desnacionalizada?
O petista responde em nome do seu partido:

“Se forem consideradas as ações da Previ (cuja diretoria é indicada pela União) e do BNDES como de influência direta do governo federal, este gerencia, por posse ou indicação, cerca de 41% do capital votante (incluindo participações externas à Valepar). Incluindo-se, ainda, a participação do Bradesco e dos investidores brasileiros, cerca de 65% do capital votante da empresa se encontram no País.”

O Brasil teve prejuízo com a privatização da Vale?
O petista responde em nome do seu partido:
“Após a privatização, e em conseqüência do substancial aumento dos preços do minério de ferro, a Vale fez seu lucro anual subir de cerca de 500 milhões de dólares em 1996 para aproximadamente 12 bilhões de dólares em 2006. (…)De fato, em 2005, a empresa pagou 2 bilhões de reais de impostos no Brasil,cerca de 800 milhões de dólares ao câmbio da época, valor superior em dólares ao próprio lucro da empresa antes da privatização.”

E para o emprego? Foi bom?
O petista responde em nome do seu partido.
“O número de empregos gerados pela companhia também aumentou desde a privatização - em 1996, eram 13 mil e, em 2006, já superavam mais de 41 mil. Ademais, a União, além de ser beneficiária desses resultados através do BNDES, de fundos de previdência de suas estatais e de participação direta, ainda viu a arrecadação tributária com a empresa crescer substancialmente.”

Então vamos reestatizar tudo?
O petista responde em nome do seu partido:
“Assim, é de difícil sustentação econômica o argumento de que houve perdas para a União. Houve ganhos patrimoniais, dado o extraordinário crescimento do valor da empresa; houve ganhos arrecadatórios significativos, além de ganhos econômicos indiretos com a geração de empregos e com o crescimento expressivo das exportações. A rigor, a União desfez-se do controle da empresa, em favor de uma estrutura de governança mais ágil e moderna, adaptando a empresa à forte concorrência internacional, mantendo expressiva participação tanto nos ganhos econômicos da empresa, como na sua própria administração.”
(…)
Pelas razões expostas, votamos pela rejeição do Projeto de Decreto

Voltei
Vocês entendem por que, ao meu desprezo intelectual pelos petistas, junto o desprezo político? Entenderam por que os considero piores e mais perigosos do que a média dos políticos? Porque eles querem um país sem memória. O partido que não quis nem mesmo levar adiante uma possibilidade remota de plebiscito (e fez bem porque era mesmo uma loucura); o partido capaz de exaltar o que se chamou privatização da Vale como nem o PSDB conseguiu fazer; o partido que reconhece que a empresa traz hoje muito mais benefícios ao país e aos trabalhadores do que quando era estatal (e isso é verdade, também, na telefonia, por exemplo, que só faz mal ao jornalismo hoje), esse mesmo partido é capaz de fazer uma campanha vigarista, mentirosa, safada, contra as privatizações.

Por que o que vai acima não é levado ao ar no horário eleitoral do PSDB? Não me perguntem. Seu eu fosse do PSDB, responderia. Mas, como vêem, temos naturezas um tanto distintas. Eles são muito amoráveis para o meu gosto. Multipliquem este post. Revelem quem é essa gente. Pouco importa quem vença as eleições, o Brasil, de um jeito ou outro, continua. Segue a íntegra do relatório do petista José Guimarães.

20 de out. de 2010

Mais um arreganho da "cultura da fraude" sendo desmascarado no blog do Reinaldo Azevedo

"Afirmei aqui no começo da semana que assistiríamos aos 15 dias mais sujos da história política brasileira. Nunca vi — e nunca ninguém viu — nada igual. Professores universitários petistas puseram para circular um “Manifesto em Defesa da Educação Pública” que é, na verdade, uma peça de propaganda contra a candidatura Serra e em defesa de Dilma Rousseff. Se a Polícia Federal surrupiou uma mensagem de bispos contra o aborto, então algum ministro do TSE tem de botar a Polícia Federal no encalço destes mistificadores.

Subscrever tantas mentiras ao mesmo tempo deveria caracterizar formação de quadrilha. Espalhem este texto. Mostrem do que são capazes. Estão entre as estrelas do abaixo-assinado os “suspeitos de sempre”, como diria uma personagem de Casablanca: Fábio Konder Comparato (USP), Carlos Nelson Coutinho (UFRJ), Marilena Chaui (USP), Antonio Caandido (USP), entre outros de fioha menos conhecida… Coutinho, diga-se, é considerado por eles próprios o maior especialista em Gramsci no Brasil. Nota-se. Abaixo, em vermelho, o manifesto. E a verdade vai em azul. Só uma coisa: a imprensa online chegou a noticiar esse troço. E ninguém se interessou, na era do declaracionismo, em tentar saber se as acusações são verdadeiras ou falsas. A verdade parece interessar cada vez menos.

Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Ninguém deveria mentir. Um professor universitário, dedicado, supõe-se, à pesquisa e ao pensamento, menos ainda. É falta de vergonha. É falta de caráter.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo.
É mentira! Não foi invadida. Obedeceu a lei porque havia uma determinação judicial, já que um grupo de sectários, combatido até pelo PT, impedia o direito de ir e vir no campus. Foi uma decisão da Justiça.

Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas.
É mentira! Seguindo a lei, o governo exigiu que as universidades prestassem contas de seus gastos. Só isso.

Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.
É mentira. Os salários são equivalentes aos das universidades federais.

Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
É mentira! É a mais escandalosa de todas elas. Estes são os dados do Ideb:
SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
Nota de São Paulo - 5,5
Nota do Brasil - 4,6
Meta nacional - 4,2
Colocação de São Paulo - 2º lugar; só perde para Minas, que obteve 5,6
Notas anteriores:
2005 - 4,7
2007 - 5,0
São Paulo avançou e superou a meta.

SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Nota de São Paulo - 4,5
Nota do Brasil - 4,0
Meta nacional - 3,7
Colocação de São Paulo - 1º lugar
Notas anteriores
2005 - 4,2
2007 - 4,3
São Paulo avançou e superou a meta.

ENSINO MÉDIO
Nota de São Paulo - 3,9
Nota do Brasil - 3,6
Meta nacional - 3,5
Colocação de São Paulo - 3º lugar - perde para PR (4,2) e SC (4,1) e empata com RS
Notas anteriores
2007 - 3,6
São Paulo avançou e superou a meta.
Quem não cumpriu as metas do Ideb foram quatro dos cinco estados governados pelo PT: Sergipe, Bahia, Piauí e Pará.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública.
É mentira! Basta pesquisar para saber. O PT combateu todas as iniciativas para qualificar a mão-de-obra e o programa de remuneração por mérito.

Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
É mentira! O governo de São Paulo conversou com os sindicatos. Combateu, isto sim, fascistas que queimam livros nas ruas. A vinculação política é tão clara que a Apeoesp, sindicato petista de professores, foi multado pelo… TSE!

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ.
É mentira! O número de alunos formados hoje nas universidades federais é o mesmo do último ano do governo FHC.

A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas.
É mentira! O maior repassador de recursos à universidade privada hoje é o governo federal, por meio do ProUni.

Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores.
É mentira! O governo do Estado adquire material didático de editoras privadas a exemplo do que faz o governo federal, com seu programa do livro didático. O que São Paulo fez foi unificar o currículo das escolas.

O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
É verdade! É o que acontece no governo federal.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”.
É mentira! Essa foi uma das vigarices que o PT inventou. Mas o que isso tem a ver com educação?

Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais.
Quem aceita todos os pedidos de CPI é o governo do PT, não é mesmo? Bando de vigaristas!

Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos.
É mentira! A sociedade é que descobriu o que Dilma pensava sobre o aborto. Mas o que isso tem a ver com a escola pública?

A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.
Uma bando de lulistas falar em “celebração bonapartista” é piada. Ademais, os aliados de Collor hoje são Lula, Dilma, Marilena Chauí, Fábio Konder Comparato, Carlos Nelson Cutinho e Antonio Candido.

Quando afirmo que espero qualquer coisa de petistas, dizem que exagero. Eis aí. Os subscritores dessa porcaria encaram alunos em sala de aula, falam aos jovens. Não sou intolerante, não! Convivo com a divergência, sim. Não aceito é a mentira. E eles estão mentindo, como evidencio. E eu os desafio a provar que não estão. O que vai acima não passa de uma corrente terrorista para tentar eleger Dilma a qualquer preço.

No que diz respeito aos fatos, qual é a diferença essencial entre esse manifesto e aquele dos bispos recolhido pela PF? Aquele não traz uma só mentira. Esse não traz uma só verdade."

Instantâneo do chiqueiro

por Marco Antônio Villa, em artigo intitulado "Vale tudo", na Folha:

ESTAMOS ASSISTINDO à eleição mais disputada desde 1989. E, como era esperado -até em razão da indefinição de parcela do eleitorado-, a mais violenta. Nada indica que a virulência dos discursos e as ameaças diminuirão. O governo está usando todas as armas. As entidades e movimentos sociais pelegos estão a pleno vapor apoiando a candidata oficialista. Afinal, foram sustentados durante oito anos e agora é a hora de pagar pelos serviços recebidos antecipadamente.

É o momento do vale tudo. Com um coquetel ideológico infernal, o governo conseguiu reunir apoio que vai de José Sarney, passa por Renan Calheiros, chega a Fernando Collor e termina em Oscar Niemeyer. Sem esquecer Jader Barbalho, Paulo Maluf e Newton Cardoso. Dos políticos nacionais é a escória, o que existe de mais nefasto. Da antiga esquerda, são os velhos stalinistas, que nunca viram nada de errado nas ditaduras socialistas, nos campos de concentração, na morte de milhões de cidadãos, na supressão das liberdades.

É uma perversa aliança que tem muitos pontos em comum, como o ódio à liberdade de imprensa, de manifestação e de organização. Além da política da boquinha, do saque organizado do erário público, que vai do ranário ao edifício público monumental, mas inabitável.

Lula já pensa no futuro. Está no estágio de que não mais dissocia sua ação daquela vinculada aos destinos do país. Vestiu o figurino de salvador da pátria. E gostou. A cada dia fica mais irritado com a oposição. Não aceita qualquer questionamento. Sua ação está paulatinamente saindo do campo da política. Ficou furioso com a realização do segundo turno e as derrotas nos estados de São Paulo e Minas. Achou uma ingratidão.

O segundo turno contrariou seus projetos para o futuro. Queria vender para o mundo uma unanimidade que nunca teve. A imprensa mundial, que serviu de caixa de ressonância para seu projeto, ficou estupefata com o resultado das urnas, pois acreditou nas bravatas. Lula necessitava vencer de goleada para tentar obter algum cargo em uma instituição internacional. Se pôde salvar o Brasil, porque não o mundo? Mas o realismo das grandes potências -especialmente depois da trapalhada envolvendo o Irã- afastou qualquer possibilidade do "ungido", o "esperado", pudesse regressar de sua breve odisseia e retomar o poder.

Teremos mais dez dias de acusações, calúnias e coações de todos os tipos. É a "república hilariante", como bem definiu Euclides da Cunha, caracterizada pelo que chamou de "bandalheira sistematizada". Pobre Brasil.

12 de out. de 2010

Sem trololó

O causo é simples. O PT tem um programa, que aliás tentou passar meio às escondidas, e a população à qual seria aplicado esse programa, conhecendo-o, não o está aprovando. Ponto.
Ou muda-se o programa, ou muda-se a população. Quem é que manda nessa joça, afinal?

9 de out. de 2010

Sucedido e acontecido, hoje, comigo

Até parece aquela situação da piada, mas estava sentado na cadeira do barbeiro, embrulhado naquele pano que nos deixa sem movimentos, e o barbeiro, com a navalha no meu pescoço, ...fazendo propaganda para a Dilma...

Na televisão ao lado do espelho, sintonizada na Record porque ele é membro da Igreja Universal, eis que entra o horário político e surge a Dilma na tela, equilibrando-se na corda bamba, a favor da vida e coisa e tal, e eu dei risada e comentei: " - essa aí tá fazendo de tudo para se livrar dessa questão do aborto".

O camarada parou, tergiversou e extravasou uma opinião genérica: " - agora é a hora dos candidatos começarem a falar dos podres uns dos outros"; mas logo a seguir voltou ao seu leito: " - tão dizendo até que ela é terrorista, a favor do aborto...", e por aí afora, como quem diz: é tudo conversa fiada, pura questão eleitoral. Tinha certezas afiadas como navalhas.

Não quis demovê-lo, ao menos explicitamente. Seria inútil. Está ambientado num meio que o ampara em troca de sua comunhão com os valores de seus iguais. Sua vida social gira em torno das referências construídas, mantidas e exigidas pela comunidade a que está circunscrito. E para que haja comunicação com o indivíduo natural que há por baixo da casca de sua socialização é necessária outra linguagem, não argumentativa, feita de gestos, de risadas, de ironia nos olhos; e também de demonstrações de independência associadas à consideração pela diferença; de afirmações de um distanciamento notável e intrigante: indução, enfim, em vez de demolição. Só o indivíduo pode construir as certezas que lhe sejam próprias.

E saí com meu pescoço inteiro, além de ter plantado a semente da dúvida, destinada a germinar no silêncio atento da consciência.