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5 de mar. de 2011

Comentário de Orlando Tambosi

Quando os tucanos entregaram o Brasil às mãos de Lula, ele estava prontinho para crescer. Todas as medidas - onerosas e impopulares, mas necessárias - para o controle da inflação e a estabilização da economia já tinham sido tomadas, mesmo num ambiente externo desfavorável e tendo que enfrentar a oposição do “quanto pior, melhor” do próprio Lula e do PT. O lulopetismo reconheceu isso, tanto que assinou, ainda no decurso de 2002, por meio da “Carta ao Mercado”, a sua rendição à agenda econômica dos tucanos e, pois, ao seu “neoliberalismo”. Até aí tudo bem: o diabo havia beijado a cruz.

Na seqüência, o esperado era que o lulopetismo aproveitasse os bons fundamentos “maro” da nossa economia, o “boom” da economia mundial e a falta de um partido como o PT na oposição para fazer as reformas de que o país carecia (e que foram prometidas logo no discurso de posse) e promover o seu crescimento de forma sustentada. No entanto, o que foi que vimos nesses malfadados oito anos? Um crescimento pífio, em torno de 4% ao ano, bem abaixo dos demais países dos Bric e abaixo de muitos outros emergentes. Na América Latina e Caribe, o país ficou à frente de apenas quatro economias, sendo que só o México é de peso. As outras são Paraguai, Nicarágua e El Salvador. Ora, um crescimento chulo como esse é insuficiente para assegurar o desenvolvimento do país e melhorar, de forma consistente, os seus indicadores sociais. Não podemos, por exemplo, ficar à mercê de “bolsas” que colocam dinheiro vivo nas mãos dos pobres para tirá-los estatisticamente, apenas, da pobreza e promover verdadeiros estelionatos eleitorais. Só se erradica de fato a pobreza com trabalho digno e renda para o trabalhador, não com esmolas oficiais, como o próprio Lula proclamava enquanto era oposição.

É realmente inadmissível que depois de um período de ouro da economia mundial, em que os preços das commodities foram às nuvens e entrou dinheiro a não poder mais no país, estejamos às voltas com essa herança maldita calcada em juros altíssimos e em contínua elevação, arrocho salarial, descontrole dos gastos públicos, aumento explosivo da dívida interna e recrudescimento da inflação. Já vimos esse filme na época dos tucanos, mas foi, então, o preço que pagamos pela estabilização da nossa economia, num período de turbulência da economia mundial. Mas, e agora? Qual a justificativa para o descalabro, senão a incompetência administrativa e o aumento desenfreado das despesas públicas, inclusive - e, de modo especial - para o custeio do projeto de poder de Lula e do PT, como se viu na eleição do ano passado?

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