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22 de ago. de 2011

Resposta a um amigo, que me pediu para refletir sobre o vídeo abaixo



A motivação do Saramago, comunista que era, foi a de puxar a brasa para a sua sardinha. O tom, a claque e o histórico o denunciam.
Por certo que o poder da "finança" é vastíssimo, organizadíssimo, tentacular, assim como o dos ...comunistas.
Nem um nem outro têm moral para falar em democracia, mas têm cinismo de sobra para fazê-lo. Utilizam o conceito como ferramenta para seus propósitos.
Contudo, se pudéssemos começar do zero e instituir um sistema político o mais bem pensado possível, mesmo com a participação de todos não conseguiríamos equacionar o problema a contento, estabelecendo uma ordem social perfeita e definitiva.
Os comunistas têm essa utopia, enquanto na fase idealista, antes de descambarem para o cinismo. É a sua eterna "fonte da juventude", seu sonho juvenil; a origem de sua força moral - veraz só enquanto se iludem..., e utilitária quando buscam seu apelo para iludir os demais.
O que é a democracia senão o estabelecimento de um sistema de regras que possibilite à população participar da condução de seus destinos? Melhor ainda, que possibilite à população comandar a condução de seus destinos?
Esse comando, para ser exercido, precisa ser ordenado, e por regras estipuladas também pela população, instância soberana do processo. E como seu comando é ouvido? Pelo voto, onde votação há. Mas nas ditaduras comunistas não há votos, a não ser entre os próprios comunistas, e mesmo assim, nem sempre.
Enquanto os comunistas não conseguirem estabelecer o regime de partido único e precisarem conviver com a democracia, tudo farão para desmoralizá-la, corrompendo as instituições que a estruturam e denunciando a corrupção em que elas se encontram... ao mesmo tempo em que acenam com a utopia da democracia perfeita da qual se apresentam como arautos. Acusam de meros reformistas os que querem trabalhar pela contínua evolução da ordenação que esteja vigente. Não aceitam nada menos que o poder total. A lógica intrínseca de sua alienação exige que tudo que os precedeu seja relegado às trevas. Precisam das trevas, único meio em que sua luz demencial pode brilhar sem ser ofuscada.
Mas como o poder maior era para ser o da população, alegam que são os seus representantes legítimos, autoproclamados, ou, preferencialmente, fazendo-se proclamar como tais pelo povo, através do ludíbrio e de todo tipo de malversação das liberalidades que a democracia lhes faculta.
Não é que o Saramago esteja errado na denúncia dele. É que eu sei aonde ele quer chegar, e como ele está instrumentalizando a coisa.
Não podemos permitir que esses loucos nos direcionem. A todo comunista deve ser dado um débito de confiança.

3 comentários:

VIDA MARÍTIMA disse...

As grandes revoluções ao redor do mundo podem acontecer por 3 formas: a ameaça de invasão (com consequente pilhagem, violência contra mulheres e crianças e escravidão do povo), falta pão na mesa ou uma catástrofe natural. Está última só funciona "bem" se o povo já for socialmente evoluído, como no caso do Japão. Eles aprenderam muito com o tsunami, pode acreditar.
Qualquer ameaça a qualquer poder constituído, faz com que as "garantias individuais" desapareçam num piscar de olhos. A democracia é um sistema do momento, está ali, é conveniente, mas qualquer poder constituído que se sinta ameaçado, manda meter bala no povo. Enquanto na mesa da maioria do povo tiver um pedaço de pão, nada se muda nesse país. Pessoas continuarão a morrer nos hospitais por falta de atendimento, alunos continuarão a sair das escolas sem saber a tabuada de cor (até saem falando errado e isto se tornou aceitável), o legislativo continuará a vender leis aos lobistas, os juízes continuarão a vender sentenças aos grandes patrões, mulheres continuarão a ser mortas por seus ex-namorados/maridos ciumentos. não pega nada, tudo fica pra depois. Enquanto isso somos ludibriados com escândalos e logo à frente vem a esperança trazida por uma CPI, o povo fica sendo instigado a se envolver em discussões e bate-bocas de temas que em nada mudarão o país para melhor (liberação da marcha da maconha, descriminalização das drogas, homossexualismo, marcha das vagabundas). Acho muito cômico quando se fala em liberdade. Liberdade pra quê? Para roubar e ficar por isso mesmo? Para enganar o povo e ficar por isso mesmo? Uma coisa é certa: na próxima eleição não farei parte desse sistema político viciado: meu voto é nulo.
as igrejas e a imprensa tem um papel importante nesse mecanismo democrático. O povo vai chorar as lamúrias com o pastor, que embolsa o dízimo (não paga imposto de renda), distribuem cestas básicas; a imprensa vende notícias e o povo escuta a revolta dos apresentadores como se fosse as próprias: é um alívio.
Resumindo: o discurso de Saramago tem pé e cabeça. Se qualquer outra pessoa desconhecida fizesse o mesmo discurso que ele, provavelmente diríamos: taí um pingo de verdade.

Ari disse...

Não podemos nos esquecer de que as coisas não são estanques. Quando estamos no cerne da realidade as circunstâncias são inamovíveis, e só podemos superá-las se partirmos para cima delas e as transformarmos. Afinal, elas são mantidas por alguém, e a nossa força pode ser maior. Precisa ser maior. Assim, não nos arrastarão.

Verônica disse...

O comunismo erra no a priori ao ignorar as próprias características gerais da natureza humana... o fato elementar é que não queremos e não podemos ser iguais no que concerne à posse e uso de bens materiais. Mas exceto por algumas ditaduras é notório o fracasso dos comunistas. Quantos votos eles conseguem nas eleições brasileiras? E nos outros países? Quantos regimes comunistas ascenderam pela vontade popular? Quantos foram fruto de levantes violentos orquestrados por uma minoria lunática?
Esse é um ponto superficialmente colocado...
O outro diz respeito à democracia. As vezes penso que a "vontade do povo" ganhou o status da verdade que a pós-modernidade derrubou nas mentes mais sábias. Acho que abandonar o poder nas mãos da massa ignorante é agir como Pilatos. Isso soa arrogante, eu sei... mas é algo que ainda preciso amadurecer.