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5 de out. de 2011

Do blog Vespeiro: “Não comerás da árvore do conhecimento…”

Sim, houve um Big Bang (ainda)…

Mas a expansão do Universo não está desacelerando como sugeriria a existência de uma força de gravidade puxando os corpos celestes uns na direção dos outros. Ao contrário, ele está se expandindo numa velocidade cada vez maior.

E isso bagunça tudo de novo.

Existe uma força lá fora, maior que a da gravidade, empurrando na direção contrária.

E que força é essa?

O nome – provisório como tudo é hoje em dia – diz do que não sabemos: a “Matéria Escura” é a suposição do momento; uma explicação de um detalhe do todo inexplicável que, sem ela, seria ainda mais incompreensível.

Só sobre 5% do que está entre nós e o infinito nós podemos ter alguma ideia do que possa ser“, e mesmo assim, muito vaga, sujeita a mudanças de 180 graus a qualquer momento e sem aviso prévio, dizem-nos os sábios. Mas de que tamanho é essa praiazinha dos 5% se a referência do grande oceano das dúvidas é o infinito sem fim?

“Dê-me um ponto fixo no Universo e eu moverei a Terra”.

Da Terra plana ao planeta esférico; de nós no centro para nós girando em torno do nosso aquecedorzinho particular fomos razoavelmente bem. Substituir uma certeza por outra custava a revogação nem sempre barata ou indolor de uma visão de mundo, de um ideal de vida e de um modelo de organização política e social, mas sempre acabava-se por chegar à certeza seguinte e era possível construir tudo de novo.

Dos reis de cada aldeia para os reis absolutos e deles para a democracia de checks and balances imitando a Harmonia dos Mundos imaginada por Newton e sua força da gravidade houve degraus e tropeços, mas chegava-se sempre a um chão firme.

O Espaço e o Tempo permaneciam lá, fixos, indubitáveis ainda que apenas supostos.

Mas então, tudo se tornou relativo.

E logo, nem isso mais.

Deslocada para a periferia absoluta do Universo, a humanidade inteira passou a sofrer o “complexo de vira-latas”.

Desde então há uma “Primavera do Nada” rondando insidiosamente o planetazinho azul.

O que é que vale a pena se a alma é assim tão pequena?

Como construir um sistema ético se não há noção nenhuma de origem ou de destino? Como formular uma utopia neste Universo cada vez mais irresoluto? Para que construir qualquer coisa de sólido nesse ambiente de tão radical e definitiva transitoriedade?

“Tudo que sei é que nada sei”, sopram-nos daquele ontem que foi a Grécia.

E lá de trás, do paraíso imemorial da inocência perdida, aquela voz grave, um dedo em riste saindo das nuvens, ecoa:

“Não comerás da árvore do conhecimento…”

De algum jeito, nós sempre soubemos onde tudo isso ia dar.

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