
A peça da nave Opportunity que traz estampada a bandeira americana foi feita com metal recuperado das Torres Gêmeas.
Mais detalhes aqui.
Prazer em conhecer
APRECIO A CULINÁRIA, MAS AINDA NÃO TINHA VISTO NADA TÃO SIMPLES!
Aos pescadores, excelente receita!
Ingredientes:
O Procurador da República Manoel Pastana faz incursões esporádicas em seu blog, onde relata casos judiciais específicos, expõe a estrutura do sistema judiciário brasileiro e aponta as consequências da vigência desse sistema, tal como está montado. Abaixo, um trecho retirado de postagem recente. Veja se não estamos diante da causa remota da formação das "milícias", que, imperantes, atacam também quem indiretamente as cria.
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Aqui no Brasil, por exemplo, se alguém der uma bofetada no rosto de um policial terá como “pena” o pagamento de algumas cestas básicas. Nos EUA, conduta semelhante traria sérios problemas para o agressor. Se sonegar, fraudar, apropriar-se de recursos públicos, caso dê muito azar de ser pego (que já é difícil) e for condenado (quase impossível) terá como “pena” a prestação de serviços comunitários (substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos).
A consequência desse clima de impunidade é o altíssimo número de homicídios (50 mil por ano), grande parte praticada por vingança, pois os amigos e familiares da vítima sabem que o assassino jamais será devidamente punido. E mais. Só vão para prisão, em decorrência de condenação, autores de crimes graves como homicídio, sequestros, roubos (subtração da coisa com emprego de violência ou grave ameaça), mesmo assim, o tempo de efetiva prisão é muito curto. Em geral autores de tais crimes tornam-se assíduos frequentadores das prisões não porque sofrem condenações elevadas e as cumprem integralmente, mas porque são libertos e logo em seguida voltam a praticar os mesmos delitos. Para se ter uma ideia do beneplácito da nossa legislação, os assassinos do jornalista global Tim Lopes eram traficantes, contudo, nem essa condição os impediu que pouco tempo depois de condenados contassem com benefícios legais e voltassem para as ruas.
Quanto aos crimes que não são considerados violentos como de corrupção, sonegação fiscal e outros análogos é muito difícil alguém cumprir alguma pena em decorrência de condenação. As prisões que se veem divulgadas na imprensa são em decorrência de prisões processuais, que geralmente não resultam em nada. Grande parte dessas operações policiais sequer dá ensejo a processos. Das que resultam, muitas não chegam ao fim, como aconteceu no caso Daniel Dantas, cuja ação penal foi anulada pelo STJ. E as raríssimas que chegam ao fim com condenação, os “condenados” não serão presos, pois a pena privativa de liberdade é substituída por restritivas de direito (prestação de serviços comunitários, pagamento de cestas básicas etc.).
O deputado Candido Vaccarezza, líder do governo na Câmara (SP), um dos freqüentadores do gabinete paralelo do “chefe de quadrilha”, anda com o juízo perturbado. Seria influência das más companhias? Ontem, depois da queda de Pedro Novais, demitido do Ministério do Turismo, ele disse coisas estranhas. Já chego lá. Antes, algumas outras considerações.
Cinco ministros demitidos em oito meses, quatro deles atropelados pela ética! E olhem que Mário Negromonte só está no cargo porque se entendeu que ele estava recorrendo a uma licença poética ao prever que ainda haveria cena de sangue no boteco do Planalto. Sai Novais, e assume Gastão Vieira. E as credenciais para ser ministro? Ora, ele é do PMDB do Maranhão e amigo de Sarney, a exemplo do antecessor. E Dilma se irritou quando Patrícia Poeta se referiu ao “toma lá, dá cá” da base. De tal sorte o governo está loteado entre os partidos e de tal sorte os partidos lotearam a parte que lhes cabe no latifúndio, que um “Famoso Quem?” é substituído por outro “Famoso Quem?” Ter intimidade com a pasta é irrelevante. Dado o quadro, o fato de o homem se chamar “Gastão” é só mais uma piada inocente, que já nasce pronta.
O modelo, esse tal “presidencialismo de coalizão”, nunca foi grande coisa, mesmo quando operado com rédeas relativamente curtas. Sob o lulo-petismo, que liberou as forças produtivas da fisiologia como nunca, ele chegou à esclerose. A rigor, não temos governo, mas um assalto ao estado. As urnas são uma espécie de ritual para que as máquinas partidárias dividam o butim. É claro que, apesar dessa gente, o Brasil avança. Mas vai a um ritmo muito inferior às suas potencialidades e muito aquém das necessidades do povo. Tomem o exemplo da educação. Estamos diante de um desastre de grandes proporções, revelado por sucessivos exames, inclusive o Enem. Mas Fernando Haddad comemora e quer ser prefeito brandindo a bandeira da educação.
“Esse modelo é uma fábrica de escândalos de corrupção e compromete a eficiência administrativa. É a fotografia do toma-lá-dá-cá”, afirmou, com correção, o líder PSDB no senado, Álvaro Dias (PR). Vaccarezza não gostou e respondeu: “Eu sei que a oposição reclama muito: ‘Temos que ver o modelo’. O que é modelo? O programa de governo foi aprovado nas urnas com ampla votação do povo brasileiro.” Devagar aí, companheiro! Os eleitores, mesmo os petistas, não elegeram um governo para que o país fosse pilhado por larápios! O “programa aprovado nas urnas” certamente não abrigava as lambanças no Dnit, os desmandos na Agricultura, a ONG pilantra no Turismo…
Novais já deveria ter caído faz tempo. Na verdade, nem deveria ter sido nomeado. Protagonizou um escândalo antes mesmo de tomar posse. Só ocupava a pasta porque fruto do modo como se entende a divisão de poder no país. Um governo compõe, sim, com seus aliados; é parte da regra do jogo. Compartilhar é coisa distinta de lotear. O loteamento é isso que se voltou a fazer ontem: “Digam aí, peemedebistas: quem vai ser ministro?” Dilma não escolheu; escolheram por ela e para ela.
Hora de começar a mudar
A crise é do modelo, sim. Já está claro que a chamada “classe política” não vai se mover — com as exceções de sempre — se não for convocada pela população, por fatias dela ao menos. Dilma tem a coragem de demitir, observam alguns. Ok! Ruim foi quando teve a coragem de nomear essa gente.
Não dá mais! O modelo está vencido! Perdeu-se do horizonte o bem público. Hora de pensar em mudança. Precisamos de uma reforma digna desse nome, que “desprivatize” a política. A população — e não apenas os militantes do PT — tem de entrar na equação. Quando falo sobre o “modelo vencido”, não pensem que eximo de responsabilidades os protagonistas dos escândalos. Ao contrário! Fossem decentes, não se meteriam em falcatruas.
Precisamos de um sistema que seja hostil à bandidagem. O que temos hoje facilita enormemente seu trabalho. O voto distrital é a primeira luta que se afigura no horizonte. Até que chegue o dia em que teremos de discutir a sério o fim do Presidencialismo.