Feijão e
arroz interessam a todos, assim como água limpa e ar puro (Rolf Kuntz,
8/5/2012, no site "Observatório da Imprensa"). Mas esses dois lados
não recebem o mesmo peso nas avaliações dos formadores de opinião. Predomina o
enfoque da preservação ambiental em detrimento da produção de alimentos.
A
proteção do ambiente é, hoje, uma preocupação de todos os seres humanos e vemos
com alívio que governos, empresas e consumidores estão mais conscientes de que
os recursos da Terra devem ser explorados de modo sustentável. No Brasil rural
não é diferente - basta observar os índices cada vez menores de desmatamento e
o desenvolvimento de técnicas avançadas como a agricultura de baixo
carbono.
No
entanto, também é importante que os países produzam mais alimentos para um
mundo desigual, em que atualmente 900 milhões de pessoas passam fome, segundo
dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(FAO).
Lamentavelmente,
essa triste realidade não é considerada pela utopia ambientalista, que tenta
separar o inseparável, como se possível fosse discutir ambiente sem considerar
o econômico e o social. Será que é racional abrir mão de 33 milhões de
hectares da área de produção de alimentos, que representam quase 14% da área
plantada, para aumentar em somente 3,8 pontos percentuais a área de vegetação
nativa do país? Essa troca não me parece justa com os brasileiros, pois
corremos um alto risco de aumento no preço dos alimentos sem um ganho
equivalente na preservação ambiental.
Reduzir
33 milhões de hectares nas áreas de produção agropecuária significa anular,
todos os anos, cerca de R$ 130 bilhões do PIB (Produto Interno Bruto) do setor.
Para que se tenha uma noção do que representam 33 milhões de hectares, toda a
produção de grãos do país ocupa 49 milhões de hectares.
O Código
Florestal não foi construído para agradar a produtores ou ambientalistas, mas,
sim, para fazer bem ao Brasil. Agora, está nas mãos da nossa presidente, a
quem cabe decidir, imune a pressões, o que é melhor para sermos um país rico,
um país sem miséria, que é a grande meta da sua gestão. A utopia
ambientalista, no entanto, não respeita a democracia política, muito menos a
economia de mercado.
Há
líderes do movimento verde que pregam abertamente um Estado centralizado, com
poderes para determinar a destinação dos recursos, da produção e até mesmo do
consumo. Nesse tipo de sociedade autoritária, não há lugar para a liberdade e
para as escolhas individuais. Salvam a natureza e reduzem a vida humana à mera
questão da sobrevivência física.
Mas
slogans fáceis e espetáculos midiáticos não podem ofuscar a eficiência da
agropecuária verde-amarela. O Ministério da Agricultura acaba de divulgar
os dados do primeiro quadrimestre de 2012. Exportamos US$ 26 bilhões, gerando
superavit de US$ 20,8 bilhões. Nunca é demais lembrar que o agro exporta
somente 30% de tudo o que produz. E, para isso, usa apenas 27,7% do território,
preservando 61% com vegetação nativa. Qual país do mundo pode ostentar uma
relação tão generosa entre produção e preservação?
Os
ambientalistas, em sua impressionante miopia, ainda cobram que a agropecuária
deva elevar a produtividade. Nos últimos 30 anos, com apenas 36% a mais de
área, a produção de grãos cresceu 238%! Eles não consideram que os índices
brasileiros já são elevados e que aumentos são incrementais. Exigem maior
produção em menor área, mas condenam sistematicamente as plantas transgênicas,
o uso de fertilizantes químicos e de defensivos contra pragas e doenças,
pregando a volta dos velhos métodos tradicionais herdados de nossos avós.
É fundamental
que o novo Código Florestal garanta segurança para que o país continue
produzindo o melhor e mais barato alimento do planeta. É inaceitável que o
Brasil abra mão da sua capacidade produtiva, deixando de contribuir plenamente
para a redução da pobreza, já tendo a maior área de preservação do mundo.
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