Yoani Sánchez chega ao
Brasil
Reportagem de hoje, no Estadão
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Roberto
Pereira/Estadão
Ativista foi recebida
por amigos e manifestantes que a acusavam de 'trair o movimento' |
A
blogueira cubana e colunista do 'Estado' Yoani Sánchez já está no Brasil. Ela
desembarcou no Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, por volta de
0h30 desta segunda-feira, 18.
A ativista foi recebida por amigos e, ainda no saguão do
aeroporto, manifestantes carregavam faixas, na qual acusavam Yoani de 'trair o
movimento, receber dinheiro americano para ser revolucionária, além de ter uma
conta milionária'.
Yoani
Sánchez saiu de Havana neste domingo, 17, em direção ao Brasil. O País é a
primeira escala de um giro que a opositora do regime castrista - uma das mais
famosas mundo afora - pretende empreender por mais de dez nações, das Américas
e da Europa, nos próximos meses. A expectativa é que a dissidente chegue em São Paulo na noite da
quarta-feira.
“Levo
comigo uma mensagem de esperança. Não sou ingênua, me dou conta dos problemas,
mas creio no futuro”, afirmou Yoani a repórteres no Aeroporto Internacional
José Martí, pouco antes de embarcar para o Recife, fazendo uma escala na Cidade
do Panamá. “Isso será como 'A volta ao mundo em 80 dias'.”
Vestida
com uma saia azul-marinho e uma blusa larga branca, a blogueira de 37 anos
despediu-se de seu filho adolescente, Teo, e de seu marido, o também dissidente
Reinaldo Escobar, antes de passar pela checagem para deixar seu país.
Aproximou-se sorrindo da cabine do agente de imigração, que, timidamente,
também exibia um sorriso.
“Meu
nome não soou nos alto-falantes, não me levaram a um quarto para despir-me ou
“ler a cartilha para mim”. Tudo está saindo bem. (Foi) muito calorosa a reação
dos (demais) passageiros comigo. Há abraços, fotos em conjunto... já sinto o
cheiro da liberdade”, tuitou Yoani momentos depois. No microblog, a ativista
mostrou-se ainda mais deslumbrada com as experiências que a aguardavam: “Me
disseram que o aeroporto do Panamá, onde farei escala, tem uma zona wi-fi
(internet sem fio)... não posso acreditar!”.
Mas
Yoani não era apenas otimismo. “Minha preocupação é com os que ficam. Temo que
a penalização à diferença continue”, tuitou, afirmando que tem receio ainda de
que “os atos de repúdio se mantenham”.
“Temo
que as detenções arbitrárias continuem como uma ferramenta de repressão. Temo que
o grito se mantenha como política de Estado. Temo que neste tempo minha ilha
não avance nenhum passo no respeito à diversidade ideológica, que o extremismo
político permaneça.”
Em
seus últimos tuítes antes de o avião decolar, porém, a blogueira manifestou
certo alento: “No entanto, tenho muitas esperanças. Tenho esperanças de que a
pequena voz que a cidadania alcançou seja escutada mais forte, se faça mais
firme e clara. Tenho esperanças de que o absurdo não pode durar muito mais”.
Recife.
Na capital pernambucana, Yoani seria recebida no início da madrugada de segunda
pelo cineasta Dado Galvão e pelo blogueiro Rafael Velame, organizadores da
“vaquinha” que possibilitou a vinda da cubana para o Nordeste brasileiro. Às 19
horas de segunda, deverá ser exibido o documentário Conexão Cuba Honduras, em
Feira de Santana, Bahia.
Na
quinta-feira, às 10 horas, a cubana participa do debate “Conversa com Yoani”,
na sede do Estado, na zona norte de São Paulo. No mesmo dia, encontra-se com
blogueiros na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, no fim da tarde, e logo
depois lança a nova edição de seu livro De Cuba, com Carinho, publicado pela
Editora Contexto, e concede uma sessão de autógrafos.
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Yoani
Sánchez, ao lado do cineasta Dado Galvão, chega ao Brasil: militantes
pró-ditadura no encalço (Edmar Melo/EFE)
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[“Isso
é a democracia. Queria que em meu país pudéssemos expressar opiniões e
propostas diferentes com esta liberdade”.]
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