por Guilherme Fiuza
(...)
A
Kiss era um coquetel de riscos – evidentes – que não foram evitados for uma
soma de omissões. Mas tragédia com muitos culpados dificulta o espetáculo do
linchamento. Por que o músico da banda foi preso? Porque o show tem que
continuar.
E
hoje não pode haver show grandioso no Brasil sem a presença do governo popular.
Num passe de mágica, poucas horas depois do incêndio, quem estava em todas as
manchetes? “Dilma cancela”, “Dilma volta”, “Dilma chora”. E Dilma faz comício
para milhares de prefeitos, ordenando-lhes que a tragédia de Santa Maria não se
repita. Como é fácil ser presidente.
Já
que seu discurso nunca quer dizer nada, o jeito é entendê-la por gestos. Aí
tudo fica claro: escondido na aba da presidente, por exemplo, há um ministro com
alvará vencido. Após faturar R$ 2 milhões com consultorias fantasmas, Fernando
Pimentel foi interditado pela Comissão de Ética da Presidência. O que fez
Dilma, a sensível? Interditou a Comissão de Ética – e manteve o ministro
pirotécnico no cargo.
Este
é apenas um dos muitos exemplos de legalidade que a líder da nação oferece a
bombeiros, prefeituras e donos de boate. Sem falar no risco energético que o
país corre para sustentar o truque da bondade tarifária.
Assim
o governo popular estimula o cumprimento das regras: durante anos, a presidente
e seu padrinho mantiveram como sua representante oficial Rosemary Noronha, que
atuava sobre as agências reguladoras – as que criam as regras – como negociante
de cargos e propinas. As ações dos companheiros de Dilma que não deixam dúvida:
driblar a lei dá lucro.
Os
donos de boates piratas em todo o Brasil têm, portanto, em quem se espelhar.
Por esse ângulo, até dá para entender que Dilma seja a estrela da tragédia.
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